Cohiba, o charuto de maior sucesso do mundo, chega à maioridade A magia da marca foi criada num país socialista sob a batuta de ninguém menos que Fidel
Chega à maioridade aquele que é um case de construção de marca tão competente como o de um McDonald’s ou de uma Microsoft - que é da mesma geração. Fica mais intrigante ainda quando se sabe que a marca foi criada, polida e embalada para presente num dos raros países onde ainda vigora o socialismo e que, como maestro da bem-sucedida operação de consolidação comercial, não se encontrava nenhum homem de publicidade e marketing e, sim, o comandante Fidel Castro.
A marca é Cohiba e ela está fazendo 21 anos. Como recomendam os manuais do capitalismo, é importante sustentar o rótulo com a magia de uma história e, no caso do Cohiba, o que se conta é que, um dia, ao perceber o aroma especial do charuto que seu motorista fumava, Fidel - que há 15 anos tenta esquecer que já foi um charuteiro inveterado - quis saber sua procedência.
Era um charuto artesanal, enrolado em casa. Fidel foi apresentado ao artista e transformou em fábrica aquele fundo de quintal. Insistiu num calibre meio inusitado - longo, mas não tão grosso como o Churchill e o doble corona - e acabou por criar a lenda do Cohiba Lanceros, “o charuto de Fidel”.
Até hoje, nos becos escuros onde se pratica o câmbio negro dos “puros”, em Havana Vieja, o vendedor apregoa “Cohibas, Cohibas...”, embora a produção anual de três milhões de charutos na única fábrica reconhecida e genuína, no bairro periférico de Siboney, indique que dificilmente o sejam, de fato.
O toque genial de Fidel foi ter usado uma artimanha capitalista para reforçar seu império socialista, e não só pela valorização em moeda forte que o Cohiba veio a ter, no mercado exportador (apesar do bloqueio americano, Cuba hoje vende, no total, perto de US$ 400 milhões por ano em charutos).
Na verdade, Cohiba é a única marca que, já nascida no período pós-revolução, está livre de ser um dia reivindicada judicialmente pelos herdeiros dos José Gener e dos Alonso Menendez. Empresários que, antes de 1959 e de fugir para Miami, construíam uma extraordinária fortuna em cima de seus Partagas e Hoyos de Monterrey.
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