Depois da quebradeira geral, enquanto governos e bancos
no mundo inteiro dão sua contribuição para reequilibrar o sistema financeiro
mundial praticando taxas anuais de juros próximas a zero, os banqueiros
brasileiros – com apoio governamental – declaram abertamente que vão continuar
explorando os cidadãos honestos, trabalhadores, pagadores de impostos, mantendo
as taxas de juros em mais de 100% ao ano nas operações mais simples e até 500%
no crédito rotativo do cheque especial e cartões de crédito, taxas essas,
fictícias, irreais e alavancadas através de cálculos e projeções mirabolantes,
considerando uma taxa de inadimplência elevada, já devidamente provisionada nos
balanços de 2008.
Os banqueiros sabem que, quem já pagou um terço das
prestações contratadas, rolou os saldos dos cheques especiais e pagou o mínimo
exigido pelos cartões de crédito por cinco vezes, já quitou a divida muito além
do que deveria - considerando uma taxa de juros compatível com a realidade - e
estão muito pouco preocupados com isso depois dos absurdos lucros embolsados e
do que já foi reservado para o calote geral que certamente virá em conseqüência
das demissões em massa.
Diante de uma situação tão grave por que eles não tomam
a iniciativa de renegociar os contratos das pessoas físicas à taxa de 12% ao
ano, prevista no Artigo 192, parágrafo 3º, da Constituição da República
Federativa do Brasil?
Por outro lado, por que a classe trabalhadora não
corresponde às expectativas deles e suspende todos os pagamentos e exige uma
posição do nosso governo deitado eternamente no berço esplêndido da
popularidade, ao som do mar e à luz do céu profundo?
A oportunidade é única e se o povo e as autoridades não
se manifestarem é porque realmente temos os banqueiros mais competentes, os
consumidores mais idiotas e o governo, aqui incluídos o legislativo e o
judiciário mais corrupto e comprometido do mundo.
Muito estranho o silêncio de todas as classes,
principalmente de senadores, deputados e políticos em geral sobre este assunto.
Ninguém até agora, seja da situação ou oposição botou a cabeça de fora. Mensalão de novo desta vez patrocinado pelos banqueiros?