Vidabrasil circula em Salvador, Espírito Santo, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo Edição Nº: 319
Data:
30/11/2002
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» Índice
» Autos
Motores colossais  

» Turismo
O triângulo delirante de Dali
» Luxo
O refúgio do estilista  
Giorgio Armani  

» Editorial
Entre o sonho e a realidade
» Turisnotas
O Blue Tree Tower Brasília, único resort urbano do país, oferece pacotes por preços imbatíveis
» Passarela
A jornalista Alexandra Isensee passeia pelos mais importantes acontecimentos da sociedade soteropolitana
» Boca Miuda
No Estado da Bahia, a quebra de respeito a algumas leis é um flagrante atentado à cidadania
Luxo

Cor-de-rosa? À primeira vista, ninguém diria que esta casa poderia pertencer ao mestre do minimalismo. Afinal, Giorgio Armani é o estilista que se diferenciou pela simplicidade, optando por combater a ostentação, utilizando cores sóbrias, linhas direitas e cortes preciosos, em todo o seu trabalho. Marcando pela diferença, Giorgio Armani conseguiu tornar luxuosas peças de uma modéstia evidente, influenciando mesmo aqueles sem posses para adquirir vestuário da sua marca. Será possível que esta serenidade não seja o reflexo da sua personalidade?  
Na aldeia de Broni, na Itália, deparamo-nos com um enorme jardim com ciprestes e pinheiros, abrigando uma mansão esplendorosa. Mas é quando entramos no seu interior que mais ficamos surpresos. Um mar de cores, tons corais, verdes e castanhos dão ao ambiente uma sensação de opulência, sem época definida. Contudo, nem por isso a casa deixa de ser acolhedora e confortável. Vêem-se sofás repletos de almofadas de cores vivas ou decorados com motivos de gatos. A coleção de animais em cerâmica espalhada pela casa também não passa despercebida.  
“Em Broni, consigo evadir-me” – De cima das escadarias, vemos aproximar-se um Armani bronzeado e vestido de azul, em boa forma física e boa aparência, mesmo aos 61 anos. “Então, a casa é surpreendente?” – pergunta, divertido. “A maioria das pessoas tem essa idéia quando aqui vem pela primeira vez. Deveria ter retirado as almofadas com gatos”. O anfitrião guia-nos pelas 25 divisões da casa. “As pessoas que aqui vêm ficam desapontadas por não encontrarem um Velásquez nas paredes”, afirma. “O fato é que levam a casa muito a sério. Eu não. Já tenho muita coisa para levar a sério na vida.”  
O estilista parece sentir necessidade de se evadir para esta mansão encantada. Durante a semana, Armani raramente sai do complexo de edifícios na Via Borguonovo, em Milão. De segunda a sexta-feira, o ambiente é sóbrio, com madeiras claras e ângulos retos, paredes pintadas de cor creme, superfícies lisas, telas, sisal e arranjos de flores brancas; exatamente aquele onde esperaríamos ver Giorgio. “Sexta-feira à noite entro no carro, mal dou pela viagem de uma hora e, logo que transponho os portões, entro num mundo de sonho, que nada tem a ver com aquele em que vivo durante toda a semana.”  
“A aldeia tornou-se mágica para mim” – Apesar de ser proprietário de outras casas, na Toscana, na Sicília e em St. Tropez, Armani confessa que a casa de Broni se transformou no seu refúgio. “Com o tempo, Broni tornou-se mágica para mim” – confessa Armani. “A forma como a luz trespassa as árvores e a estranha cor turquesa da água da piscina recordam-me os tons que adorei quando estive em Bali. No verão, o pôr-do-sol é espetacular, tornando a casa ainda mais cor de rosa.” Não deixa, no entanto de ser estranha a presença de almofadas com gatões e cães de cerâmica. Giorgio Armani admite: “São horríveis. Existem aqui muitos objetos de que não gosto, mas foram-me oferecidos”.  
“Quando as pessoas me vêm visitar e vêem os presentes, ficam contentes. Esta casa existe para isso mesmo e também para tudo o que compro nas minhas viagens. Todos os diferentes momentos da minha vida estão reunidos aqui."  
“Saio daqui mais calmo” – Giorgio Armani costuma passar os fins de semana com a mãe, Maria, e com outros membros da família. Passam o tempo a contemplar as flores do jardim, a cozinhar pratos simples com legumes caseiros, a jogar tênis ou simplesmente a descansar junto à piscina.  
Armani volta ao trabalho revigorado, mas não tem pena de regressar a Milão. “Saio daqui no domingo mais calmo. Mal ultrapasso os portões, esqueço-me que a casa existe até a próxima vez que volto aqui.” A sua paixão continua a ser o trabalho, sentindo algum medo, quando pensa que desperdiça tempo. “Só iniciei a minha carreira aos 30 anos, por isso, sempre achei que tinha de recuperar o tempo perdido. Adoro o meu trabalho, talvez em demasia. Muitos me acusam de não saber me divertir. De certa forma, acho que tenho medo. A vida é tão curta e há tanto para fazer.”  
No entanto, Giorgio Armani diz ter-se tornado uma pessoa mais descontraída nos últimos anos e conclui: “Esperem para ver. Dêem-me dois ou três anos e vou me tornar um folião!”

  
“Acusam-me de não saber me divertir. Talvez adore o meu trabalho em demasia”





“Quando desço as escadas para tomar o café da manhã é como se estivesse entrando num filme”, confessa Giorgio

“Acusam-me de não ter tempo para descansar, mas a vida é tão curta e há tanto o que fazer...”

A vegetação que rodeia a piscina torna o ambiente relaxante

Cores vivas e cães em cerâmica surpreendem os visitantes

Giorgio Armani também ajuda na cozinha. Os molhos são preparados à base de legumes apanhados no seu jardim

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