Vidabrasil circula em Salvador, Espírito Santo, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo Edição Nº: 315
Data:
30/9/2002
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Um brinde ao paladar  

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Australia Em contato com a natureza  

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é proibido fumar Os Estados Unidos não cessam a guerra contra o cigarro. Estão proibindo os fumantes de alimentar o vício até nas suas próprias casas  

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Conheça a técnica de pintar as matas brasileiras, da pintora Beth Lírio, que está conquistando o mundo
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O endereço do crime
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Surpresa de São Matheus, pode atrapalhar os planos do “chapão” que quer eleger grande número de deputados
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Ortopedista Geraldo Silveira implanta equipamento revolucionário em sua clínica de Santa Lúcia
Arte

A primeira impressão quando se fala de uma pintura que retrate as matas brasileiras é de que os quadros têm tons fechados de verde e linguagem pictórica densa. Pois bem, a obra da mineira de Aimorés, Beth Lírio, que mora desde a década de 70 em Belo Horizonte, não é nada disso.  
Ela desenvolveu uma técnica peculiar que pinta as matas brasileiras em levíssimas pinceladas de tinta, principalmente em tons de verde e azul. Ela chama esta técnica de “fagulhas”, porque lembra a brasa de uma fogueira quando se espalha em pequenas partículas.  
A artista está expondo no Espaço Cultural Ematra, até o dia 30 de setembro, a mostra “Matas Brasileiras”, reunindo obras com esta técnica, que ela vem desenvolvendo nos últimos três anos.  
Na abertura, Beth reuniu pintoras capixabas e um público seleto que foi conferir sua obra, no coquetel oferecido por Luizinho Lírio, do restaurante Via Brasil, em Nova York, irmão da artista.  
“Busco exprimir a energia e a doçura da natureza, com serenidade e harmonia. Estudo a natureza, mas há respostas inconscientes nas pinceladas. A impressão é que galhos, folhas e flores bailam na sua frente”, define, sobre seus quadros.  
A obra de Beth já foi vista em países como Estados Unidos, Espanha, Portugal, Inglaterra, Áustria e França. Na época das comemorações dos 500 Anos do Descobrimento, Beth foi selecionada para expor no Hall de Entrada das Organizações das Nações Unidas (ONU), em Nova York.  
“Foi um marco para mim, porque apresentei meu portfólio, mas não esperava ser convidada. Foi muito importante”, conta ela, que esteve em Vitória para a abertura de sua exposição.  
Pesquisa – A artista é uma apaixonada pela arte e pela pesquisa. Aliada ao estilo único das pinceladas leves, que às vezes lembram a suavidade do mestre do Impressionismo, o francês Claude Monet, Beth Lírio desenvolveu também uma nova perspectiva de ver o quadro.  
Sua obra é registrada na Universidade do Fundão, Rio de Janeiro, como uma pintora que desenvolveu um desconhecido ângulo para a pintura, que dá a impressão de os ramos estarem tocando o céu, como se o espectador estivesse debaixo da árvore.  
“Eu criei a minha escola. Batizei o tipo de pintura que faço como ‘fagulhas’. Pinto uma mata extremamente leve, porque sou uma pessoa leve”, explica. Mas sobre a nova perspectiva de ver a obra, como se estivesse deitado sob uma árvore, foi fruto de uma curiosidade e uma inquietação com a linguagem pictórica.  
“A pintura é sempre feita como se estivesse de frente para a imagem. Não me conformava apenas com essa forma de ver o quadro e criei essa idéia de pintar como se estivesse vendo os galhos de baixo para cima, como se estivesse deitada sob a árvore”, conta Beth.  
Trajetória – A história desta mineira com a arte é peculiar. Sua primeira formação é na área do Direito. Formou-se em advocacia em 1978, na PUC-MG, mas sempre teve facilidade para o desenho e para a arte. Desde 1985, ela passou a fazer cursos de escultura, pintura, desenho, gravura.  
A primeira exposição coletiva foi em 1988, em Belo Horizonte. De lá para cá não parou mais, e sua carreira tem sido uma sucessão de mostras bem-sucedidas. Em 1988 fez a primeira individual e sua estréia em uma mos-  
tra fora do país, em um restaurante de Manhattan, em Nova York.  
Atualmente, Beth se aventura na arte de escrever. Ela acaba de lançar “Reflexão”, um livro de auto-ajuda. O trabalho está tendo boa repercussão e está deixando a artista empolgada. Uma matéria publicada sobre o livro em um jornal de Belo Horizonte rendeu uma série de  
e-mails e telefonemas para a redação.  
O interesse do público pela obra de Beth levou o diretor do jornal a convidá-la a escrever uma coluna no jornal “Tribuna de Minas Gerais”. Agora ela é também colunista. “Sou uma pessoa empolgada. Acho que os caminhos não devem se fechar. Ao contrário, devemos estar sempre abertos a todas as possibilidades da vida. Fui convidada para fazer uma palestra. Em princípio fiquei surpresa. Palestra, eu? Aceitei e fui aplaudida de pé. Gostei da experiência”, confessa, com simplicidade.  
Ela diz que fez muita terapia para chegar ao que ela é hoje. “Não é fácil a gente atingir um nível de leveza com a vida, mas é fundamental que a gente persiga isso. Amo a natureza. Choro quando vejo a destruição das florestas”, conta.  
Ela tem um sítio no interior de Minas, onde desde que adquiriu a área deixou a mata nativa tomar conta do lugar. Suas pinturas atuais são fruto de pesquisas de espécies brasileiras como ipês, flamboyants, ibipirunas, quaresmeiras.  
“Há um pontilhamento na minha obra, mas a figuração está ali. Predomina a minha forma de pintar, mas quem conhece as espécies brasileiras vai reconhecer que ali está um ipê ou uma quaresmeira florida”, ensina. Os mesmos ensinamentos que ela vem se dedicando a dar sobre a forma de ver a vida, sustentados no livro de auto-ajuda, pontilhado de dicas sobre como lidar, superar os problemas cotidianos e estar literalmente de bem com a vida.  
Beth Lírio ministra cursos de desenho artístico, nanquim, guache, grafite, escultura em madeira, e coordena o projeto Arte na Rua, em Belo Horizonte. Mas a menina dos olhos da artista vem sendo a curadoria do projeto Circuito Internacional de Arte de Uberlândia, que ela desenvolve com o apoio da embaixada brasileira.  
“Já fizemos exposições de 12 artistas brasileiros lá fora. No ano passado, quatro artistas que foram expor neste projeto continuaram a ser representados pelas galerias que os receberam. Pela primeira vez vou levar a obra de uma capixaba”, adianta ela  
Matas Brasileiras – Pinturas de Beth Lírio. De segunda a sexta, das 13 às 19 horas, no Espaço Cultural Ematra.  
Avenida Cleto Nunes, 85, Centro de Vitória, até 30 de setembro

  
Leves fagulhas











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