Vidabrasil circula em Salvador, Espírito Santo, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo Edição Nº: 299
Data:
31/1/2002
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» Índice
» Autos
Di Montezemolo à frente da Ferrari: inovando ou voltando às origens?
» Editorial
300, um Recorde
» Boca Miúda
Reação a bala
» Internacional
Conheça um pouco sobre o holandês Wim Duisenberg, o todo-poderoso senhor do euro
» Turisnotas
Chivas Regal inaugura seu paraíso de 30 mil m2 em Angra dos Reis com completa infra-estrutura
» Rio Classe A
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» Truismo
Copacabana Palace: o luxo do hotel onde se escreveu parte da história do Rio de Janeiro
Autos

Ferrari Di Montezemolo e o fantasma do “Commendatore”  
 
Sob o consulado de Di Montezemolo, a Ferrari vive anos dourados. Mas estará o novo senhor de Maranello, de fato, inovando?  
 
Um Ferrari é como uma mulher bela que desejamos muito, mas que dificilmente conseguimos convidar para jantar. “A frase é de Luca Cordero Di Montezemolo, o dinâmico responsável pela marca, e exprime a essência do seu plano de batalha para os bólidos de Maranello. E este pode ser resumido em duas premissas: excelência e exclusividade!  
O rumo é acertado? Tudo indica que sim. Desde a sua chegada aos comandos da empresa, em 1991, as vendas subiram para mais do dobro. De 1995 ao fim do século, a Ferrari quase duplicou também o seu faturamento, evoluindo de 379 para 600 milhões de euros, sendo, no mesmo período, o fabricante de automóveis a acusar o maior crescimento mundial. A distribuição geográfica das vendas, com a marca presente nos mercados mais interessantes do planeta, está muito bem e recomenda-se: em 1999, vendeu 818 carros nos Estados Unidos, 640 na Alemanha, 446 na Grã-Bretanha e 380 na Itália. A excelência exigida aos produtos da marca encontra-se, igualmente, assegurada e bem patente, por exemplo, no transcendente Ferrari 550 Maranello, um dos modelos mais bem concebidos de sempre. Di Montezemolo vende bastante, portanto, mas - e aqui reside a premissa central da visão do homem de ação do Sr. Agneli - não quer vender demais. A exclusividade é uma das pedras de toque da sua estratégia. Fixou a produção anual em 4.000 unidades e jura que assim se manterá pelo menos durante os próximos cinco anos. A escassez de um bem torna-o mais desejado e acrescenta-lhe valor. A banalização, pelo contrário, mata.  
Regresso aos princípios? - Até aqui tudo certo, com os resultados comprovando a validade da tese. Mas estará Di Montezemolo de fato inovando? Ou trata-se, simplesmente, de um sensato regresso aos princípios que fizeram da marca Ferrari um símbolo da identidade italiana?  
Para tentar responder a estas perguntas, é preciso evocar o commendatore... como se sabe, paixão, exigência e mistério andaram sempre de mãos dadas na construção da lenda humana que foi Enzo Ferrari. Instintivo e obcecado pela excelência, conseguiu, logo a partir de 1947, sucesso imediato para os seus carros, que eram carismáticos, inovadores e excepcionalmente motorizados.  
Se, porventura, um dado modelo resultava menos bem, Ferrari desmontava-o peça por peça e recomeçava, uma e outra vez, passando de uma paixão a outra com a mesma intensidade. Por outro lado, e numa atitude aparentemente absurda, desmantelou e transformou em sucata inúmeros Ferraris de série e esportivos. Como os famosos Grand Prix “Nariz de Tubarão”, que deram cartas em todas as competições em 1961 e que valeriam - a preços atuais - algo como três milhões de dólares a peça... Que procurava, já então, Enzo Ferrari? Qualidade, claro, de uma forma quase obsessiva, e - embora de maneira pouco ortodoxa- raridade para as criações do seu gênio mecânico.  
Meio século depois, explorando bem uma poderosa máquina de marketing, apostando forte nas vitórias esportivas e preparando-se para pôr em marcha as sinergias do binômio Ferrari/ Maserati, Di Montezemolo parece, afinal, não ter esquecido a essência das lições do velho mestre. A sombra do commendatore talvez paire ainda em Maranello, no grande escritório com cinco janelas, de onde, pelo que se conta, gostava de controlar todas as entradas e saídas



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