O humor é o único caminho e a forma mais direta de
atingir pessoas que não estão dispostas a uma reflexão mais séria sobre as
atitudes que tomam ou são obrigadas a tomar para mascarar situações, manipular,
enganar e até mesmo tentar justificar o injustificável, expondo-se ao ridículo
das declarações que somente elas consideram plausíveis e convincentes.
As figuras públicas estão sujeitas a uma crítica mais
intensa da mídia e do público de um modo geral e desde que as diversas formas
de governo foram constituídas, os políticos e governantes tornaram-se fontes
inesgotáveis de inspiração de humoristas e cômicos de um modo geral,
institucionalizando o humor como ferramenta válida de crítica social, protegido
pela liberdade de expressão e manifestação do pensamento.
Convictos de que o riso e a reflexão não são
compatíveis e que quem ri de uma piada perde a capacidade de pensar seriamente
sobre o conteúdo intrínseco, o que leva à neutralização da crítica, as
“autoridades” caricaturizadas em geral não reagem a este tipo de manifestação
popular e mesmo em alguns casos, visivelmente incomodados, procuram dar a
impressão que encaram tudo esportivamente, no íntimo torcendo para que aquele
assunto seja esquecido o mais rápido possivel.
A situação ridícula exprime um ato imperfeito, individual
ou coletivo, que exige correção imediata através do riso ou gargalhada, um
gesto social que ressalta, reprime em alguns casos e até tolera com simpatia,
as distrações intencionais ou não, dos homens e dos acontecimentos.
Dentre os gêneros de humor, a charge é a mais temida e
mais complexa pela sua agressividade e capacidade de registrar o cotidiano
político da sociedade, reproduzindo situações e personagens reais através de
imagens distorcidas pelo autor, que involuntariamente é visto como figura de
oposição, posto que com num único quadro, muitas vezes sem texto, é capaz de
colocar desordem no plano da ordem.
Com a popularização do computador e da Internet, a
imagem hoje é reconhecida como o veículo mais eficiente, portador de
informações e mensagens a serem levadas ao publico, ao ponto de já está sendo
postulado o reconhecimento da ciência social da imagem.
Os programas de edição de imagens abriram um leque de
oportunidades para os chargistas que quase instantaneamente conseguem levar ao
mundo inteiro, os flagrantes e as gafes cometidas por celebridades e figuras
publicas de um modo geral, vistos sob a ótica do riso.
Johil Camdeab é um desses artistas gráficos de humor
ácido que não perde uma oportunidade. Quando garoto, idos dos anos 60, gostava
muito das “fotopiadas” da revista “O Cruzeiro”, que consistia em colocar textos
engraçados em instantâneos de celebridades captados pelos fotógrafos da época.Já rapaz, anos 70, passou a utilizar esse recurso
enviando colaborações para “O Pasquim”, semanário que deu muito trabalho aos
generais que se auto intitularam “Presidentes da República” durante o período
ditatorial.
Com a chegada do Photoshop, a prática de retocar e
mexer em fotografias para transformá-las em piadas passou a ser amplamente
utilizada por diversos “sites”, brincadeira que abraçou para divertir os amigos
e esporádicamente os leitores da coluna “HUMOR” da Revista Vida Brasil,
concentrando suas gozações na classe política, fonte inesgotável de inspiração
para chargistas e cartunistas desde os primórdios da civilização.
Um total de 400 fotopiadas já foram escolhidos para
compor o livro “POR ISSO PEÇO SEU VOTO” que será publicado até o final deste
ano. Sobre isso ele diz: “o trabalho que realizo mais como uma forma de
desabafo, não tem o objetivo de ofender ninguém. As situações criadas são
frutos da minha imaginação a partir das fotos que lhe deram origem e têm o único e exclusivo propósito de fazer rir. Claro que qualquer semelhança com
pessoas vivas ou mortas não terá sido mera coincidência, porém as situações
somente serão verdadeiras se as pessoas retratadas acharem que são”.