Neto do português Leovergildo Amorim da Rocha, filho de Maria Amorim da Silva, e de José Amorim da Rocha, modesto professor que no final do século XIX foi o principal alfabetizador dos seus conterrâneos no município de Tucano, Jaime Amorim da Silva foi vereador por sete legislaturas consecutivas na cidade de Euclides da Cunha, tendo inclusive presidido a Câmara de Vereadores. Abandonou a política quando o cargo de vereador, até então exercido gratuitamente, passou a ser remunerado. Era um político à antiga mesmo!
O imóvel onde está instalada a loja Miromóveis, foi o primeiro edifício de dois pavimentos na Av. Ruy Barbosa, e pertence a herdeiros do Jaime.
Paradoxalmente, foi o homem mais avançado do seu tempo. Por suas mãos, a cidade conheceu a primeira geladeira ainda acionada a querosene, o primeiro fogão a gás, as portas de aço e o que havia de mais moderno à época em materiais para construção. A sua pequena loja, “O Crediário”, mudou o perfil arquitetônico da cidade e o estilo de vida de muitos cidadãos.
Este é um singelo perfil do homem que movimentava as seções do legislativo local em inflamados debates, e que, na sua brilhante oratória, cativava plateias nas sessões que aconteciam às Sextas e Sábados à noite, o melhor programa da cidade.
Autodidata, dono de um português irretocável, recebeu ainda em vida e saudável, várias homenagens, entre elas, uma rua cuja placa estampa o seu nome na cidade que adotara para viver e que o adotou como Cidadão Honorário e filho distinto.
Na vida pessoal, um pai exigente, severo e autêntico. Fez o que pode para encaminhar na vida os seus dez filhos. Marido extremoso, ficou viúvo aos 47 anos e três anos depois perdeu um dos filhos, meu irmão Humberto Muquiado, em trágico acidente automobilístico; dois duros golpes que balançaram aquele Jacarandá, mas não o derrubaram
Estivemos afastados por muito tempo. A distância física e a diferença de pontos de vista de dois homens de temperamento forte nos fizeram endurecer um com o outro, até que o tempo fez com que nos descobríssemos muito parecidos...E aí, foi tão pouco o tempo que tivemos para nos amar, nos respeitar e admirar. Mas ainda tivemos tempo! E como foi bonito descobrirmos juntos os mundos. Em quantas esquinas do planeta parei para telefonar lhe e descrever o que via à minha frente! Quantas vezes rimos e nos emocionamos estando a milhares de quilômetros de distância um do outro. Os mesmos quilômetros que ironicamente nos separaram no último Adeus à sua matéria. Descansa em paz, meu herói, meu amigo. O que você me ensinou, continua vivo ativo e forte como você.
Adeus meu pai!