De menino pobre a grande pecuarista

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Decorria o ano de 2013 e, como parte da intervenção urbanística feita pela então prefeita Fátima Nunes, que já havia reconstruído a Praça Duque de Caxias, modernizado e requalificado a Av. Ruy Barbosa, além de construir a Praça da Juventude, chegara a vez do antigo Açougue Público Municipal, já interditado diante das precárias condições, para dar lugar ao que foi considerado o maior investimento na área cultural em toda história de Euclides da Cunha: a Casa da Cultura. * O Açougue Público Municipal de Euclides da Cunha, foi concluído na década de 60 durante a Administração de Zuza Bezerra e tem um cabedal de histórias fantásticas. Como personagens principais, os comerciantes de carne que geraram descendentes que ocupam posição de destaque no meio em que vivem, como o historiador José Dionísio Nóbrega, filho de Sebastião Magarefe, o advogado Rafael Santana, que ao lado da mãe, Lourdes, explorou a venda de carne em uma banca em frente ao açougue e até Gustavo Cabral de Miranda, um tucanense que passou pelo comércio de carnes como um modesto balconista em um dos açougues da cidade e hoje é cientista reconhecido mundialmente, com passagens por universidades como a de Oxford, na Inglaterra. Mas não foi apenas através das letras que os personagens do velho açougue conquistaram um lugar ao sol. Números também ajudaram. É o caso do empresário Marinaldo Guerra, menino pobre de Cícero Dantas, chegou Em Euclides da Cunha aos seis anos de idade, e aos 14, acompanhado dos pais, cortava e vendia, alguns quilos de carne. Hoje, é uma grande pecuarista que comercializa em torno de 150 toneladas de carne/mês. Com vocês, Marinaldo Guerra!

 De menino pobre a grande pecuarista


                                                          O velho açougue, palco de tantas histórias...
                                                                             ... Transformado em Casa da Cultura
                                             Dionísio Nóbrega, historiador
Marianaldo e a esposa Alane. Uma jovem com muita maturidade
Marinaldo não frequentou os bancos das grandes universidades, mas foi aluno aplicado da escola da vida. Tido como homem de sorte, ele filosofa dizendo: ”quanto mais eu trabalho, mais a minha sorte aumenta”. E é verdade. Alane, a esposa e parceira em todas as atividades, insiste que ele conte a história de um burrico que ele pediu de presente a um membro da família. O pequeno animal, teria sido a base do seu patrimônio. Enquanto ajudava ao pai, Manoel Guerra, na venda de carne no Açougue Municipal, no Curirici, povoado que acolhera a família Guerra, fazia pequenos negócios ao lombo do animal e juntava suas primeiras economias. 

Da venda no varejo ao comércio de bois, foi um pulo. Utilizando uma matemática muito simples: comprava o produto nos mercados onde o preço estava barato e saia em busca dos mercados onde o preço estava em alta e ali, realizava os seus negócios com um bom lucro, mas sempre vendendo um preço um pouco mais baixo do que os da concorrência.

O pai, Manoel Guerra, a mãe, D. Marizete, carinhosamente chamada de Zetinha e os quatro irmãos, formavam um núcleo família muito unido, o que contribuiu para o bom desempenho da família em toda as suas atividades.

O homem de aguçado tino comercial, raciocínio rápido e bem preparado para encarar os negócios, demonstra uma certa dificuldade para falar de si mesmo e não é por timidez. A conversa flui com naturalidade em todos os temas, mas talvez um certo recato o impeça de contar a suas vitórias. Alane, entretanto, não tem qualquer dificuldade em falar sobre o que admira no marido: “ele é família e amigos em primeiro lugar. Ele adora crianças e tem dezenas de afilhados. É a pessoa mais honesta que já conheci. Meu irmão me apresentou a ele, quando eu tinha apenas 15 anos. Logo nas primeiras conversas, o ouvi falar em honestidade e lealdade, parceria, respeito à família e aos amigos”, emociona-se!

 

Pai de cinco filhos, três de um relacionamento anterior, a filha mais velha com 32 anos e o caçula, com apenas um ano, Marinaldo mantém com todos, estreito relacionamento. Ao ser perguntado sobre sua maior emoção, confessa que é sempre o nascimento do filho mais recente. Coisa de quem adora criança. 

O menino sempre identificado com as coisas do campo, investiu é claro, nas coisas do campo. Inicialmente com a aquisição da Fazenda Jiboia a 10km do Centro de Euclides da Cunha e lá criou o Parque Guerra, um complexo para exposição e vaquejadas, onde já foram realizados grandes eventos e já é uma marca do município. E, a exemplo do saudoso Tião Maia, ícone mundial da pecuária, Marinaldo começa a dar passos mais largos, ao adquirir no Oeste da Bahia, em Serra Dourada, a 800Km da sua base, uma enorme propriedade destinada à pecuária.

Instado a ingressar na vida pública, Marinaldo aceitou compor, na chapa da candidata Fátima Nunes, o cargo de vice-prefeito, objetivando, fazer mais para o homem do campo, área que ele conhece como ninguém. “Se eleito, vou dedicar a maior parte do meu tempo a trabalhar para devolver ao povo de Euclides da Cunha, o que esse povo deu a minha família e a mim. Se conseguir, de fato, fazer isso, posso até dar continuidade a essa carreira. Se não, no final dos quatro anos, volto a me dedicar inteiramente aos meus negócios.

 

 

Rafael Santana, que ao lado da mãe, Lourdes, explorou a venda de carne em uma banca em frente ao açougue e até Gustavo Cabral de Miranda, um tucanense que passou pelo comércio de carnes como um modesto balconista em um dos açougues da cidade e hoje é cientista reconhecido mundialmente, com passagens por universidades como a de Oxford, na Inglaterra.



Autor: Celso Mathias
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