X6; controverso, inovador

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Há muito tempo que um automóvel não gerava tanta polêmica. Há quem o adore, há quem o deteste. E há, sobretudo, os que primeiro estranharam, mas que pouco a pouco foram cedendo à curiosa personalidade do BMW X6. Mas a celeuma em torno do X6 não é só na questão estética. Também é — pasmem — filosófica, motivando questões pouco habituais. Que conceito é este? Porque é que foi feito assim? Qual é o sentido deste carro?...

X6; controverso, inovador

 


Definindo-se entre um cupê e um fora-de-estrada, o X6 embaralha ainda mais os ciosos da catalogação ao ter 5 portas e apenas 4 lugares. Esta inusitada fusão de conceitos também obriga a uma derradeira questão: para que é que serve um carro destes? Pode sempre se responder que serve para o mesmo que os outros, mas, porque não perguntar antes a quem serve? E, nesse caso, teremos que reconhecer que serve a quem procura algo de diferenciado. Por exemplo, a quem deseja um compromisso diferente a que nenhum dos outros carros responde. Neste caso, ao compromisso entre uma personalidade única e as qualidades e características do modelo que lhe serve de base, o X5. Sim, porque o X6 pode até não parecer, mas é também ele um SUV. Tem tração integral permanente, uma altura razoável do solo e foi concebido para uma utilização plural.

A imponência das dimensões do X6 também denuncia esta sua vocação. Se, por fora, este BMW é o pesadelo de quem cultiva o «low profile», por dentro, os adjetivos têm necessariamente que ser outros. Ainda mais espaçoso que o X5, o X6 respira requinte e qualidade por todos os poros. A posição de condução é perfeita e dificilmente algum dos seus ocupantes terá razão de queixa do que quer que seja. Nem sequer do equipamento, razoavelmente generoso e expansível quase aos limites da nossa imaginação. Basta pagar.

Difícil de imaginar é a imensa eficácia deste X6. Apesar de não fazer concessões em matéria de conforto, nenhum dos seus rivais fica perto de se aproximar em matéria de comportamento em estrada ou do envolvimento ao dirigir. Para os que não vão mesmo com a cara deste BMW, lamentamos informar mas há muito esportivo bem tradicional, com as formas, o peso e as portas certas que se veria aflito para acompanhá-lo. Como é hábito nos BMW, o X6 guia-se como se fosse tudo menos um carro grande e pesado. Claro que, a exemplo do X5, este SUV está longe de poder ser levado onde um jipe puro e duro consegue ir, mas em estrada a sua agilidade é surpreendente, assim como a forma rápida como responde a tudo o que lhe pedirmos. A culpa de mais este sacrilégio é sobretudo de um novo sistema estreado no X6, que dá pelo nome de DPC (Dynamic Performance Control). Fazendo as vezes de diferencial traseiro ativo, o DPC utiliza uma embreagem de controle eletrônico que permite, através de uma complexa rede de sensores e de um cérebro eletrônico, antecipar as necessidades de potência de cada uma das quatro rodas motrizes. O resultado é surpreendente, com o X6 a redescobrir sozinho a trajetória ideal quando tudo parecia indicar que teríamos que ser nós a fazê-lo. O DPC é de tal forma eficiente que aquele que é um dos melhores motores a gasolina do mundo nos parece, por vezes, demasiado modesto. Pode até parecer estranho, mas não é o X6, afinal de contas, um automóvel estranho?


Autor: Celso Mathias
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