Assim sendo, a recente coleção de joalharia «Índia Misteriosa» não faz mais do que revitalizar uma tradição que contribuiu, desde o início, para o estilo arrojado e, simultaneamente distinto, da Cartier.Há locais cuja geografia real fica aquém da força do seu mito. Assim a Índia. Visitada pela primeira vez pelos portugueses em 1498, ocupada pelos britânicos até ao século XX, nunca deixou de fascinar o Ocidente.
Enigmática, sensual e cheia de contrastes, berço de
religiões antiquíssimas, transbordando de cores exuberantes, tradições
milenares e arte tanto mais rica quanto mistura influências hindus e
muçulmanas, foi na Índia que a mais do que centenária Cartier encontrou
inspiração para a sua última coleção de jóias alta-costura. Diga-se, porém, que
a relação entre a casa francesa e a pátria de Mahatma Gandhi é quase tão antiga
como a própria marca.
No princípio de tudo está Louis-François Cartier, que
tomará para si a ourivesaria parisiense do seu mestre, Aldophe Picard. O filho,
Alfred Cartier, transfere-a, em 1899, para o n.º13 da Rue de La Paix e é a
partir daí, graças ao trabalho desenvolvido por Louis, Pierre e Jacques, os
três netos do fundador, que se expandirá o prestígio e reconhecimento de uma
marca que tanto conquista a aristocracia européia como as divas de Hollywood.
Viajantes inveterados, já em 1919 os irmãos Cartier
eram vistos percorrendo o país dos marajás, aprendendo técnicas ancestrais e
descobrindo materiais de rara beleza. A joalharia local, que há mais de cinco
mil anos cumpria um importante papel, tanto a nível meramente decorativo como
simbólico, havia de lhes servir de inspiração para peças magníficas (peças cuja
excelência convenceria a realeza indiana, que se torna, ela própria, cliente da
Cartier); quanto ao Ocidente, a viver um período sedento de exotismo e de novos
horizontes, depressa se renderia ao luxo extravagante e multicolorido da marca.
Assim sendo, a recente coleção de joalharia «Índia
Misteriosa» não faz mais do que revitalizar uma tradição que contribuiu, desde
o início, para o estilo arrojado e, simultaneamente distinto, da Cartier.
Platina, ouro amarelo, pedras preciosas e diamantes, o
famoso estilo «tutti-frutti» (que utiliza pedras gravadas segundo métodos
tradicionais da Índia e cujo colorido transmite felicidade), a proporção exata
do design (feito para ser usado e não apenas apreciado), e a execução perfeita,
transformam esta coleção de 100 peças únicas (ou de edição muito limitada) numa
obra de altíssima joalharia, onde se destacam colares longos e médios com
pingentes verdes e rosa, pulseiras que, pela espessura, lembram braceletes,
adereços de cabelo, combinações improváveis de cores, tigres e cobras
estilizados...
A atriz Monica Bellucci, embaixadora da empresa
desde 1999, é a garota-propaganda da campanha, clicada pelo fotógrafo Simon
Hawk. Nas imagens, a italiana foi transformada em uma exótica princesa hindu vestindo peças que chamam a atenção pelo design e que esbanjam luxo pela
quantidade de pedras e diamantes incrustados.
Autor: Adolfo de Castro Publicação vista 1955 vezes