O luxo elevado a arte

domingo, 23 de outubro de 2011

Assim sendo, a recente coleção de joalharia «Índia Misteriosa» não faz mais do que revitalizar uma tradição que contribuiu, desde o início, para o estilo arrojado e, simultaneamente distinto, da Cartier.Há locais cuja geografia real fica aquém da força do seu mito. Assim a Índia. Visitada pela primeira vez pelos portugueses em 1498, ocupada pelos britânicos até ao século XX, nunca deixou de fascinar o Ocidente.

O luxo elevado a arte

 

Enigmática, sensual e cheia de contrastes, berço de religiões antiquíssimas, transbordando de cores exuberantes, tradições milenares e arte tanto mais rica quanto mistura influências hindus e muçulmanas, foi na Índia que a mais do que centenária Cartier encontrou inspiração para a sua última coleção de jóias alta-costura. Diga-se, porém, que a relação entre a casa francesa e a pátria de Mahatma Gandhi é quase tão antiga como a própria marca.

No princípio de tudo está Louis-François Cartier, que tomará para si a ourivesaria parisiense do seu mestre, Aldophe Picard. O filho, Alfred Cartier, transfere-a, em 1899, para o n.º13 da Rue de La Paix e é a partir daí, graças ao trabalho desenvolvido por Louis, Pierre e Jacques, os três netos do fundador, que se expandirá o prestígio e reconhecimento de uma marca que tanto conquista a aristocracia européia como as divas de Hollywood.

 Viajantes inveterados, já em 1919 os irmãos Cartier eram vistos percorrendo o país dos marajás, aprendendo técnicas ancestrais e descobrindo materiais de rara beleza. A joalharia local, que há mais de cinco mil anos cumpria um importante papel, tanto a nível meramente decorativo como simbólico, havia de lhes servir de inspiração para peças magníficas (peças cuja excelência convenceria a realeza indiana, que se torna, ela própria, cliente da Cartier); quanto ao Ocidente, a viver um período sedento de exotismo e de novos horizontes, depressa se renderia ao luxo extravagante e multicolorido da marca.

 Assim sendo, a recente coleção de joalharia «Índia Misteriosa» não faz mais do que revitalizar uma tradição que contribuiu, desde o início, para o estilo arrojado e, simultaneamente distinto, da Cartier.

 Platina, ouro amarelo, pedras preciosas e diamantes, o famoso estilo «tutti-frutti» (que utiliza pedras gravadas segundo métodos tradicionais da Índia e cujo colorido transmite felicidade), a proporção exata do design (feito para ser usado e não apenas apreciado), e a execução perfeita, transformam esta coleção de 100 peças únicas (ou de edição muito limitada) numa obra de altíssima joalharia, onde se destacam colares longos e médios com pingentes verdes e rosa, pulseiras que, pela espessura, lembram braceletes, adereços de cabelo, combinações improváveis de cores, tigres e cobras estilizados...

A atriz Monica Bellucci, embaixadora da empresa desde 1999, é a garota-propaganda da campanha, clicada pelo fotógrafo Simon Hawk. Nas imagens, a italiana foi transformada em uma exótica princesa hindu vestindo peças que chamam a atenção pelo design e que esbanjam luxo pela quantidade de pedras e diamantes incrustados.


Autor: Adolfo de Castro
Publicação vista 1955 vezes


Existe 0 comentário para esta publicação
Enviar comentário


Confira na mesma editoria:
Armani; a tradução do luxo
Armani; a tradução do luxo
Meu relógio é uma joia
Meu relógio é uma joia
Copyright 2014 ® Todos os Direitos Reservados.