O Réveillon não é um evento estranho a tradições. Pular ondinhas, comer uvas, oferendas, cores que nos trazem diferentes sortes no ano que começa...os costumes são vários e diferem no mundo todo, intimamente ligados à cultura de cada região. Porém, talvez a tradição mais famosa e mais adotada seja o brinde com vinho espumante, em especial o autêntico Champagne. Tal imagem dispensa explicação, independentemente de seu idioma ou país de origem. O ato de estourar a garrafa na virada do ano é um costume enraizado na cultura mundial. O que quase ninguém sabe é como esse costume surgiu.
É difícil definirmos um início para tal tradição. Mais do que um costume da virada do ano, o espumante acompanha celebrações há séculos. É bastante conhecido o gosto da aristocracia europeia pelo vinho em momentos especiais de todos os tipos. Se voltarmos ainda mais no tempo, a preferência da alta sociedade romana pelo vinho é extensamente documentada, e a bebida se fazia obrigatória em qualquer ocasião de comemoração.
Entretanto, o vinho espumante foi criado apenas no século XVI e levou aproximadamente dois séculos até que fosse aperfeiçoado e se transformasse numa versão mais próxima da bebida que conhecemos hoje através do método Champenoise. Curiosamente, os primeiros Champagnes não eram produzidos na França, mas sim na Inglaterra, pois os ingleses possuíam a tecnologia e o conhecimento para a produção de garrafas de vidro resistentes o suficiente para aguentar a pressão do CO2 durante a fermentação da bebida.
Mais caro do que o vinho tradicional, o Champagne rapidamente ganhou status de produto de luxo no meio da alta sociedade. Era a bebida preferida da nobreza e dos mais privilegiados. Além de significar status, ela logo começou a ser usada em festividades. A realeza adorava a novidade e acreditava que a bebida trazia efeitos positivos para a beleza das mulheres e inteligência dos homens.
A partir da Revolução Industrial, com o início de uma cultura de consumo na sociedade, a imagem do Champagne começou a ser trabalhada para simbolizar ascensão social entre a classe média. A bebida se tornou um medidor de status ao qual todos aspiravam alcançar e estava no centro da sociedade burguesa.
Mesmo que o Champagne tenha adotado diferentes características e significados ao longo dos séculos, muitas vezes por motivos puramente comerciais, sua associação com alegria e festividades se mantém viva até hoje, desde o início do costume na Monarquia do século XVIII. Seja quebrando uma garrafa no casco de um navio para batizá-lo ou banhando vencedores de uma corrida de F1, a comemoração com espumante consegue passar tanto alegria quanto uma ideia de santidade a qualquer evento. A efervescência, junto de sua coloração dourada clara, reforça ainda mais o apelo festivo.
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Embora não exista registro oficial de quando, exatamente, a tradição de estourar vinho espumante no Réveillon começou, é fácil entender porque as festas de virada do ano adotaram o espumante como uma de suas mais importantes tradições. É bem provável, ainda, que o evento e o vinho caminhem junto desde sempre, já que sempre houve a associação com eventos comemorativos. Com a sua popularização e grande quantidade de marcas disponíveis de todos os preços, o vinho espumante se tornou mais acessível à população de todas as classes e a tradição cresceu ao longo dos anos, transcendendo o apelo de luxo e status, embora não abandonando completamente.
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Tudo na bebida evoca comemoração e felicidade, traços característicos da chegada do novo ano. O próprio ato de estourar uma garrafa de espumante é uma celebração por si só, e o brinde com os amigos e familiares fortifica o sentimento de união e amor entre os próximos. Há quem diga que o vinho espumante esbanja vida na taça, e por isso é um costume tão especial e adorado quando termina a aguardada contagem regressiva e o relógio bate 00h.
Uma coisa é certa: seja você amante ou não do vinho, provavelmente não consegue imaginar a festa de virada do ano sem a famosa bebida.