O charme do Rosé

domingo, 15 de setembro de 2019

O principal requisito para se produzir um bom rosé, passa pela qualidade da uva tinta e pela região. Apenas algumas regiões vinícolas do mundo têm longa tradição na elaboração deste tipo de vinho. Fator preponderante também é o método de elaboração empregado. Os melhores rosés, considerados os "rosés legítimos", são feitos com uvas tintas colocadas para fermentar com as cascas. Nelas estão os pigmentos que dão a cor mais ou menos intensa.

O charme do Rosé

 

O principal requisito para se produzir um bom rosé, passa pela qualidade da uva tinta e pela região. Apenas algumas regiões vinícolas do mundo têm longa tradição na elaboração deste tipo de vinho. Fator preponderante também é o método de elaboração empregado. Os melhores rosés, considerados os "rosés legítimos", são feitos com uvas tintas colocadas para fermentar com as cascas. Nelas estão os pigmentos que dão a cor mais ou menos intensa.

Tão logo o suco se torna rosado, as cascas são removidas e a vinificação continua como se fosse um vinho branco e, por isso, obtém-se um vinho com as características da maioria dos brancos: frutado, leve, delicado, para ser tomado gelado, acompanhando pratos leves. Outro método de obtenção de vinho rosé é fermentar uvas tintas e brancas juntas no mesmo tanque. Finalmente, temos o método de assemblage ou corte que consiste em fazer, simplesmente, a mistura de um vinho tinto e um branco já pronto. Os dois últimos processos, especialmente o de "corte", originam rosés de menor qualidade, sem o frescor e a delicadeza do "rose verdadeiro".

A harmonização - O segundo ponto a considerar é mercadológico. Pesquisas mostram que no mundo todo, os consumidores que não entendem de vinho ou que estão iniciando no tema, preferem vinhos leves, suaves ou doces. Ora, esses tipos de vinhos são, quase sempre, brancos ou rosés. Por isso, o Liebfraumilch, branco alemão de garrafa azul, fez tanto sucesso aqui no Brasil, e o Mateus, rosé português, já foi o vinho mais vendido no mundo! O consumo deste tipo de vinho atingiu o seu ponto máximo nas décadas de 70 e 80. No Brasil foi o mais vendido na década de 70, quando surgiram inúmeros rosés, a maioria de má qualidade, denegrindo a imagem do produto. Assim, passada a moda, a má fama do rosé persistiu.

 

O rosé, quase sempre extremamente popular em mercados tradicionais - e cobiçados - como na França, Espanha e em Portugal, faz sucesso também na Califórnia. Geralmente pouco virtuoso como solista, é muito atraente para acompanhar comidas. Ele tem seu lugar à mesa. Versátil como nenhum outro, escolta com galhardia peixes, aves e carnes, massas, molhos de média intensidade e pratos delicados. Quase sempre dotado de boa e refrescante acidez, tem maior corpo e densidade que a média dos vinhos brancos: alguns beiram os tintos claretes.

As regiões - Os rosés são comuns nas regiões mais quentes dos países de tradição vinícola, caso do sul da França. São refrescantes o suficiente para serem bebidos em belo dia de verão em Provence, mas preservam parte do corpo e da estrutura para enfrentar alimentos, não para envelhecer.

No Vale do Loire, perto de Anjou, há alguns dos rosés mais célebres como Rosé d’Anjou e o Cabernet d´Anjou. Embora a maior parte dos rosés do mundo seja de qualidade razoável ou ruim, existem ótimos rosés, do mesmo modo que a maior parte dos vinhos tintos, brancos e espumantes, também é no mundo todo, razoável ou ruim! Curiosamente, não existe preconceito contra os vinhos rosés espumantes, especialmente os requintados Champanhes de marcas famosas como Gosset, Cristal, Taittinger, Veuve-Cliquot La Grande Dame, Drappier, Perrier Jouet, etc., cujos rosés são cultuados pelos conhecedores!

 

Não é para menos, pois a cor rosa - salmão, extremamente sensual, combinada à inebriante pérlage, torna-os arrebatadores. Afinal, onde estão os melhores rosés do mundo? Sem dúvida, na França, especialmente no Midi (a costa mediterrânea no sul). Os outros bons rosés do mundo estão na Espanha, especialmente na região de Rueda, próximo a Valladolid. Um rosé de boa qualidade é uma maravilha. Além da elegância, dos aromas frutados e do frescor que os bons brancos oferecem, só ele possui beleza e a sensualidade na cor! Pena que não exista nenhum rosé nacional de qualidade. Nos importados do "primeiro time", temos produtos como Mimi de Provence, Naranjas Azules, do Valle Del Doro na Espanha, por exemplo.

O rosé tem a cara do Brasil! Combina com clima tropical, praia, piscina, descontração e sensualidade! Embora seja óbvia, raramente fazemos essa associação, graças ao injusto e tão arraigado preconceito que nos faz ignorar ou esquecê-lo. A Serra Gaúcha também já produz um rosé acessível a qualquer bolso e com padrão internacional, o Vênus de Maximo Boschi/Vezzi.

 

É hora de revermos esse conceito! Ou preconceito?

 


Autor: Celso Mathias
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