Chardonnay: a rainha dos vinhos brancos

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Conheça mais sobre a uva Chardonnay, mundialmente reconhecida como a rainha dos vinhos brancos! Acompanhe. A Chardonnay é característica de Borgonha, no leste da França e é o resultado do cruzamento entre as uvas Pinot Blanc e Gouais. Por anos acharam que ela era o resultado da junção da Pinot Noir com a Pinot Blanc, mas estudos recentes feitos pela Universidade da Califórnia mostraram o contrário.

Chardonnay: a rainha dos vinhos brancos

Acredita-se que os romanos trouxeram a Gouais dos Balcãs e que camponeses passaram a cultivar a cepa no início do século III. Por volta do século XIII a Chardonnay foi reconhecida como variedade de uva vinífera e teve seu berço estabelecido em Borgonha. Curiosamente, "Chardonnay" também é o nome de um vilarejo localizado ao sul de Borgonha.

Essa é uma casta de uva que se adapta muito bem a praticamente qualquer região, exceto os extremos de calor e frio. Com origem francesa, claramente ela é muito cultivada em Borgonha, mas também é vista em Champanhe, região famosa por seus espumantes únicos.

Ainda na Europa, Itália e Espanha são produtores reconhecidos dessa casta, muito por não terem uma grande casta branca, então a Chardonnay conquistou espaço facilmente por lá. Na Califórnia, alguns dos melhores vinhos brancos podem ser comparados com os feitos em Borgonha e milhões de garrafas são produzidas anualmente (45 milhões e crescendo desde 2001).

A Austrália e Nova Zelândia são dois países com grande vocação para vinhos brancos, com vinhos complexos e elegantes, considerados alguns dos melhores fora da Europa. Na América do Sul, a Chardonnay domina grande parte dos brancos no Chile e na Argentina.

Difícil neste planeta quem não tenha provado um vinho com a Chardonnay. Oito em cada dez garrafas de brancos em grandes supermercados são elaborados com ela.

É a casta branca mais apreciada e plantada no mundo todo. Para muitos a única uva branca que conhecem e gostam. Esta uva é internacional pela sua adaptabilidade, versatilidade e qualidade.

Está presente em vinho de sobremesa, é a coluna dorsal dos Champanhes, Crémant e espumantes espalhados pelo mundo, além de nos oferecerem vinhos dos mais variados terroir e são elaboradas com ou sem barricas.

O ouro branco dos produtores de vinho - Conseguem obter resultados quase sempre razoáveis para bons com ela. Há dois estilos de vinho branco elaborados com ela Brancos Estilo Frutado e Frutado Encorpado, aqueles com passagem em barricas e os Brancos Refrescantes.

Se ela está aqui, lá e acolá, pergunta-se: Aonde estão os melhores e inesquecíveis exemplares desta uva? Antes é preciso entender como os diferentes terroir afetam os estilos de Chardonnay.

ONDE ESTÃO OS MELHORES EXEMPLARES DA CHARDONNAY?

Certamente os Chardonnay da Borgonha. Apesar da uva viajar muito bem ao ponto de ser quase onipresente é na sua terra natal que ela mostra seu esplendor.

Na Borgonha temos os dois estilos opostos com esta casta. A ver. O trio de ouro da Côte D’Or.

 

A CÔTE D’OR

A Côte D’Or tem 50 quilômetros de extensão e uns 2 ou 3 de largura. É uma pequena linha de terra onde estão concentrados o mítico terroir para a Chardonnay e a Pinot Noir. O solo apresenta-se em vários tipos, de ferrso, argiloso e calcário. O charme fica por conta de suas suaves colinas. Por uma razão geológica estas colinas apresentam-se como uma fenda. Os vinhedos estão plantados em patamares. Cada nível de altura tem um diferente terroir.

CHASSAGNE-MONTRACHET

A comuna possui três Grads Crus: Montrachet, Bâtard-Montrachet e Criosts-Bâtard-Montrachet. É das três vilas a com maior área disponível para os vinhedos plantados em alturas médias de 200 a 350 metros com as tradicionais mudanças de solo a cada parcela de altura.

Situada mais ao sul de Breaune tem climas mais frios o que nos traz um Chardonnay com mais acidez e cores amarelo oliva, complexos aromas marcados de grama molhada, frutos cítricos. Os que passam por barricas ganham o característico amanteigado e notas de nozes nos aromas.

MERSAULT

Mais ao norte de Chassagne-Montachet com suas suaves colinas tendo o registro das primeiras vinhas de Chardonnay em 1.098 pelos Monges Cistercieneses. Tem a maior área plantada dos brancos de elite da Côte D’Or, mesmo não tendo nenhum Gran Cru possui 19 Premiers Crus.

Seus vinhos são esplêndidos, mágicos e facilmente conquistam o coração de quem os aprecia. O solo argiloso e calcário mantém o frio e a umidade mesmo no verão garantindo a prefeita maturação dos frutos sem sobressaltos.

O Chardonnay com cores amarelo dourado. Os melhores exemplares podem envelhecer por mais de 10 anos. Quando jovens são encorpados, sem perder a acidez, aromáticos e bastante minerais ao mesmo tempo. Aromas de pêssego, damasco e maçã. Os mais antigos aquele toque especial da oxidação com aromas puxando ao mel e amêndoas. Passam por barricas.

PULIGNY MONTRACHET

A terceira vila de ouro. Nas suaves colinas e pequenas parcelas muitas vezes de diversos proprietários sai aquele que muitos consideram o melhor Chardonnay do mundo. Desde os Monges até os poderesos Duques da Borgonha há o cultivo correto e melhorias constantes. Nesta região só há Grands Crus e Premier Cru, São 4 Grand Crus e 17 Premiers.

O Chardonnay quando jovem é fechado e ácido. Poderíamos dizer uma decepção pelo preço que se paga. Depois de 6 anos começa a abrir e a evoluir. Em torno de 8 a 10 anos alcançam o auge. Passam a ser minerais, aromas de frutos secos um leve toque de abacaxi e mel. Deliciosos. Opulentos e mágicos.

 Na mesma Borgonha, porém, ao noroeste está Chablis.

 

CHABLIS UM CASO A PARTE

Os vinhedos de Chardonnay com a vila de Chablis ao fundo. Climas mais frios, invernos rigorosos, verões curtos e secos. Este clima além de dar muito trabalho aos produtores com geadas fora de hora e chuvas de granizo nos brinda diferentes safras a cada ano.

Um bom Chablis é um vinho amarelo palha, aromas minerais e cítricos. Na boca leve, refrescante e com acidez marcante. Quanto mais evoluímos na classificação mais toques de antiguidade como mel e amêndoas ganham os complexos Grand Cru.

Descendo a um mundo mais cotidiano posso indicar o Chardonnay do Chile.

VALE DO RAPEL

Dividido em Colchagua e Cachapoal o Vale do Rapel nos seus locais mais frios vem nos trazendo um Chardonnay de alta gama. O frio faz com que ganhe menos doçura mantenha menos álcool final, mais charme e elegância. Toques minerais nos aromas misturam-se ao clássico aroma de frutos de polpa branca como pera e maçã verde. Se de locais mais quentes passamos a toques de abacaxi, melão e manga. Vale a pena. Outra região que destaco com forte influência em brancos é Casablanca.

CASABLANCA

Vinhedos muito perto do Pacífico recebendo os frios ventos da corrente de Humboldt que inicia na Antártida e finaliza exatamente ali em Casablanca. Os frios ventos noturnos refrescam os vinhedos nas noites finais de verão retardando o amadurecimento dos frutos melhorando a qualidade da maturação com fixação de aromas e uma acidez refrescante. Vale a experiência.

Temos outros locais onde a Chardonnay é rainha, como as partes mais frias da Nova Zelândia, Austrália e África do Sul.

Porém, são vinhos mais caros que os do vizinho Chile. E se é para gastar mais que dividamos um Borgonha para nunca mais esquecer até onde chega a Chardonnay.

Características dos vinhos Chardonnay - Mesmo com as afirmações de que a Chardonnay não tem muita personalidade, ela é uma das castas que mais absorve as características do solo e do processo de vinificação. Seus aromas são muitos, variando de acordo com o solo e o produtor. Em geral, os aromas primários encontrados são de frutas cítricas, frutas tropicais, florais e amanteigados. Na boca tem formas variadas, assim como a acidez, corpo, frescor e untuosidade dos vinhos.

Harmonização com comida - Como uma casta flexível, é uma das melhores para se harmonizar com bons pratos. A combinação francesa clássica é um vinho Chardonnay acompanhado por Ostras. Vai muito bem com peixes gordos, como salmão, badejo e vermelho, e frutos do mar. Carnes brancas, grelhadas e assadas, também são boas escolhas.

A Chardonnay é rainha das castas brancas e ganhou adeptos por todo o mundo. Sua fama de não ter personalidade é rebatida com vinhos que absorvem muito bem as características do solo onde são produzidos e as técnicas de vinicultura.

 


Autor: Byagn/Agpress
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