Piaget; luxo feito à mão

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

As joias e os relógios Piaget são feitos com um detalhe e uma perícia quase artesanais. Estivemos na Suíça conhecer as manufaturas da marca, fundada em 1847. Esta é uma das marcas diferenciadoras: os movimentos são de criação própria, todas as peças são colocadas e trabalhadas à mão. Para o movimento com mais complicações, o turbilhão, são necessárias quase 200 peças e um trabalho que pode durar até seis semanas. A criação de um novo movimento pode durar três anos.

Piaget; luxo feito à mão

Faz frio. Mais tarde há de nevar. Deixamos Genebra há uma hora e meia e à nossa frente está um edifício baixo e discreto que nos convida a entrar: é a manufatura da Piaget, em Côte-aux-Fées. Entramos e temos de largar os casacos. Lá dentro estão 25 graus centígrados - a temperatura ideal para que as mãos dos 96 artesãos, 43 deles com diploma de relojoeiro, trabalhem com a agilidade necessária. Sentados, com os cotovelos pousados nas mesas, os trabalhadores da Piaget concentram-se, em silêncio, no detalhe que lhes cabe.

É aqui que se fazem os movimentos dos relógios, isto é, a parte mecânica que fará trabalhar o relógio e que, geralmente, fica oculta dentro da caixa. Esta é uma das marcas diferenciadoras: os movimentos são de criação própria, todas as peças são colocadas e trabalhadas à mão. Para o movimento com mais complicações (é este o nome técnico), o turbilhão, são necessárias quase 200 peças e um trabalho que pode durar até seis semanas. A criação de um novo movimento pode durar três anos.

Esta capacidade de inovação distingue a Piaget desde o primeiro momento, quando apenas um homem, Georges-Edouard Piaget, o fundador, usava os meses rigorosos de inverno para interromper o seu trabalho na agricultura e se dedicar a criar movimentos para relógios de precisão. O seu talento era tal que, aos 19 anos, fundou a marca com o seu nome, ali mesmo em Côte-aux-Fées.

Hoje ainda há membros da família Piaget a trabalhar ali, mas a marca pertence ao grupo Richemont, de dimensão internacional, o que se reflete nas muitas nacionalidades que lá trabalham. Fernando da Costa, 47 anos, é português e trabalha na manufatura há quinze anos. É mecânico de precisão e, para isso, teve de estudar quatro anos. Garante que não há atmosfera melhor para trabalhar. E, com um sorriso, explica que o seu trabalho exige paciência, calma e precisão.

O mais recente movimento a que os artesãos se dedicam é o 1208P, um turbilhão ultrafino, com 43 milímetros, que comemora o 50º aniversário do histórico 12P. Este último foi, à época do seu lançamento, o mais fino movimento automático do mundo, com 23 milímetros de espessura - com direito a registro no livro de recordes do "Guiness". Sobre o novíssimo Altiplano 1208P, Frank Touzeau, diretor de relojoaria da Piaget, assegura: "É um dos relógios mais interessantes do mercado, que celebra todo o know-how da marca."

Já em Plan-les-Ouates, visitamos também a manufatura de alta relojoaria e joalharia. Se tivéssemos de resumir o que aqui se faz numa palavra seria: decoração. Trata-se de todo o processo de criação da caixa exterior dos relógios e da joalharia.

Uma coleção de joalharia, na Piaget, começa sempre a ser desenhada pelo anel ou pelo colar - a "obra-prima", segundo Jean-Bernard Forot, diretor de joalharia.

São exemplares desses desenhos que vemos à nossa frente, pousados numa mesa, com as pedras preciosas que lhes caberão ao lado: diamante, rubi ou esmeralda. A joia mais cara chega a um milhão de euros.

O Japão e a Europa são os mercados onde se consome mais joalharia de luxo da Piaget. A aposta deste ano é a linha de joias Possession, uma renovação da linha com o mesmo nome lançada há 20 anos com grande sucesso. Como explica o diretor de joalharia, Jean Bernard-Forot, "todas as joias Piaget têm de contar uma história. A de Possession é sobre uma magnífica história de amor e paixão entre duas pessoas", representados, por exemplo, pela cadeia de elos presente nos anéis.

É esta linha de joalharia que tem a preferência europeia, segundo Eduardo Tártalo, diretor da Piaget para a Península Ibérica. Já nos relógios, o Polo 45 em titânio ou o Altiplano são os que mais sucesso, refletindo um gosto por peças clássicas. Na Piaget, não se houve falar no termo 'crise'.


Autor: Celso Mathias
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