"Nada resiste ao trabalho. Calúnia não resiste ao trabalho, mentira não resiste ao trabalho, difamação não resiste. Nada resiste ao trabalho.
Além dos vinhos, dão água na boca os rojões, o pato com arroz, o caldo verde e várias receitas de bacalhau entre outros pratos regionais como o arroz com bacalhau e o polvo à Margarida da Praça. No Porto, a indispensável tripa, em Paredes de Couro, o bacalhau à Miquelina, em Monção, o cabrito assado, em Melgaço, os mais deliciosos presuntos de Portugal.
Pois, dessa região rica em cultura os Alencar migraram para o Brasil na segunda metade do século XVI e após aportarem na Bahia, fixaram-se no interior de Pernambuco. São da mesma linhagem figuras como José de Alencar, patrono da Academia Brasileira de Letras, Miguel Arraes de Alencar, Humberto de Alencar Castelo Branco, o ex-governador do Rio de Janeiro, Marcelo Alencar, o saudoso Rei do Baião Luiz Gonzaga e até o “Best Seller” Paulo Coelho.
O Alencar em questão, Otto é médico formado em 1972 pela Universidade Federal da Bahia onde conheceu os então estudantes de medicina na mesma escola, Luís Carlos Dantas e o saudoso José Dantas filho, o Dantinhas, euclidenses e loucos por futebol. E foi na qualidade de atacante que o estudante Otto pisou pela primeira vez em Euclides da Cunha trazido pelos meninos de Zeca Dantas para reforçar a Seleção Euclidense pela qual disputou vários campeonatos.
Médico ortopedista especializado em prótese do quadril pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, desenvolveu carreira profissional brilhante e ingressou na política em 1987 quando se elegeu deputado estadual até chegar a vice-governador da Bahia assumindo a governadoria entre abril e dezembro de 2002.
Considerado competente por todos que conviveram com ele nas mais diversas atividades, além de como médico cirurgião, ter salvado muitas vidas, na política exerceu sempre o papel do homem determinado; destemido. Não há porque negar o seu passado carlista. Aliado de ACM, Otto nunca foi do mesmo partido do líder baiano. Iniciou a carreira política no PTB de onde migrou para o PL “Eu fui um aliado do senador, trabalhei com ele com muita lealdade, muita firmeza, ocupei todos os cargos e depois saí da política em 2004 porque completei o meu ciclo no carlismo. Fui para o Tribunal de Contas por encaminhamento dele mesmo. Passei seis anos lá e voltei numa aliança com Wagner num momento novo da política baiana.”
Quem conhece os últimos passos de Otto no carlismo tem outra leitura da sua precoce “aposentadoria” política ao ingressar no Tribunal de Contas. Na verdade, há algum tempo ele já não estaria concordando com a orientação político-administrativa de ACM. A ética, a lealdade ditou-lhe o caminho da “aposentadoria”. E foi essa mesma ética, aliada à experiência e a bagagem política que o transformaram em importante peça no tabuleiro político, resultando no convite – aceito – do governador Jacques Wagner para retornar à política em um novo projeto para a Bahia.
Eleito vice-governador na chapa de Jacques Wagner, Otto como sempre atuante, recebe do governador a tarefa de conduzir a importante Secretaria de Infra Estrutura e articular a formação da base parlamentar em nível estadual e federal. Um dos fundadores do PSD, ele monta na Bahia, uma das unidades mais robustas do partido.
Anos depois das partidas de futebol e da agradável convivência com os Dantas, Otto voltou a Euclides da Cunha, dessa vez não por amor ao futebol. Por amor a uma euclidense; Márcia Eumar Félix dos Santos Alencar com quem é casado e tem uma filha, Isadora.
Hoje 18 de setembro ele está mais uma vez na cidade que apelidou de “A Feira de Santana do Sertão”, agora como governador em exercício, para inaugurar a Praça da Juventude, uma parceria do Ministério do Esporte coma Prefeitura Municipal de Euclides da Cunha.
A entrevista foi concedida na residência da prefeita Fátima Nunes e do deputado Federal José Nunes Soares.
Governador, como e quando começou a sua relação com a cidade de Euclides da Cunha. É verdade que o senhor tem uma forte relação afetiva com essa cidade?
Vim a Euclides da Cunha pela primeira vez em 1969 ainda estudante de medicina com os filhos de Zeca Dantas, os saudosos Gildão e Dantinhas. Ele e o Luís, meus colegas de faculdade. Fui convidado por eles para defender a Seleção Euclidense. Joguei várias partidas defendendo o time e muitos campeonatos. Ganhamos e perdemos contra Serrinha, Monte Santo, Feira e outras cidades da região. Voltei várias vezes a Euclides da Cunha.
"Quando ninguém Tinha coragem de desafiar o então governador Antonio Carlos Magalhães, o Zé Nunes chegou para ele e disse com todas as letras: ”Governador, só apóio seu candidato em 1994 se o senhor fizer o trecho de asfalto Euclides da Cunha para Tucano.”
Em outra oportunidade conheci uma moça daqui, a Márcia Felix com quem me casei e fiz da família dela a minha família. Minha sogra, D. Eurides, o Agamenon, meu cunhado. Identifico-me muito com as pessoas daqui porque também sou do interior e tenho a mesma filosofia de vida, a mesma alegria, o mesmo conceito de família.
E a sua vista hoje?
Bem estou aqui hoje sendo recebido na casa a do Zé Nunes e da Fátima. Ela é prefeita e nós vamos inaugurar a Praça da Juventude. Zé Nunes eu conheço de muito tempo. Quando ele era prefeito eu era secretário de saúde. O Hospital de Euclides da Cunha foi o primeiro que eu credenciei para o SUS. Ele fez seu sucessor o Zezão e com ele, nós criamos o ambulatório aqui do hospital. Com todos os outros prefeitos, fiz vários trabalhos em benefício de Euclides da Cunha. Depois me afastei da política e voltei agora como vice-governador.
E o PSD governador?
Bem, sou um dos fundadores do partido na Bahia. Convidei o velho companheiro Zé Nunes para ser membro do PSD, mas, diga-se de passagem; o convite não é só meu. O Convite é meu, do governador Jaques Wagner e da presidenta Dilma Rousseff que apóia a fundação do partido que vai dar sustentação a ela, como vai dar aqui ao Wagner em nível estadual.
Que exigências o deputado Zé Nunes fez para ingressar no PSD?
Para ele pessoalmente; nenhuma. Para o município; muitas! A primeira delas foi a continuidade da BA220. Nós já inauguramos de Cícero Dantas para Paripiranga. Agora vamos fazer de Euclides da Cunha para Aribicé, passaremos perto de Banzaê, São João da Fortaleza e chegaremos a Cícero Dantas. Com isso teremos condições de ligar três BRs aqui; a 116 , a 110 que passa em Cícero Dantas a 407 que sai para a região do sisal e finalmente a BA220. Há muito tempo que venho dizendo que Euclides da Cunha ainda será a “Feira de Santana do Sertão”, e será mesmo! Pela confluência dessas BRs todas e pelo trabalho que iremos fazer aqui.
"Pendurei a chuteira o ano passado. Minha última cirurgia foi em maio de 2010. Agora passei o bastão para meu filho Daniel Alencar, médico cirurgião ortopedista. Eu agora estou na quarta fase do médico; nem o doente confia mais em mim nem eu quero mais o doente.
Lembro que em 1991, o Zé Nunes era Prefeito e eu Secretário de saúde. Ele foi um prefeito transformador, renovador que mudou completamente a gestão administrativa e foi um bom prefeito. Sobre ele, há um fato curioso que eu gostaria de lembrar. Quando ninguém Tinha coragem de desafiar o então governador Antonio Carlos Magalhães, o Zé Nunes chegou para ele e disse com todas as letras: ”Governador, só apóio seu candidato em 1994 se o senhor fizer o trecho de asfalto Euclides da Cunha para Tucano.” Antonio Carlos fez e, esse trecho, é a única estrada federal do país feito com recursos estaduais. É esse o Zé Nunes que nós convidamos e insistimos para que viesse para o PSD, porque ele não queria vir. Ele tem a marca do trabalho e o trabalho ninguém esquece. Nada resiste ao trabalho. Calúnia não resiste ao trabalho, mentira não resiste ao trabalho, difamação não resiste. Nada resiste ao trabalho.
Governador, como o senhor está vendo o trabalho da prefeita Fátima Nunes. Como está vendo Euclides da Cunha na administração dela?
Olha, eu não venho muito aqui. Quando venho, venho na casa da minha sogra, D.Eurides e na casa do meu cunhado Agamenon. Não me envolvo com a política daqui, mas sei que os prefeitos vivem com orçamentos muito apertados. É muito difícil administrar pagando precatórios, folha de pessoal, financiar saúde e educação. Mas se você administrar com segurança, honestidade e perseverança você consegue o reconhecimento do povo. O povo é sábio e reconhece seus governantes.
Fui administrador de cofres cheios em secretarias importantes. Quando fui fazer a aliança com o Wagner, entreguei meu CPF ao advogado do PT. Quinze dias depois ele me ligou e disse: “O senhor é o sujeito mai ficha limpa que eu conheço”. Assim como eu, é o Zé Nunes, é a Fátima. Somos pessoas que administram isolando o interesse pessoal e colocando o interesse coletivo em primeiro lugar.
"O Convite para o Zé Nunes ingressar no PSD é meu, do governador Jaques Wagner e da presidenta Dilma Rousseff que apóia a fundação do partido que vai dar sustentação a ela, como vai dar aqui ao Wagner em nível estadual.
Outros prefeitos de Euclides da Cunha também colocaram o interesse coletivo em primeiro lugar. Alguns tiveram algumas dificuldades, porém são homens de bem. O Athayde, por exemplo, é um homem direito, um homem honesto, um empresário que entrou na política, mas na política, quando o coração é maior que o corpo, você faz bem para os outros, mas termina pagando o preço.
Mas nós estamos numa aliança grande aqui em Euclides da Cunha. Temos o PT, o PSB, e o PDT onde tem muita gente correta, tem gente correta como o Zé Nunes e a Fátima que estão vindo para o PSD, tem gente correta no PP e em outros partidos que fazem parte da sustentação do governo e isso é o bom da política. A política é o campo do debate das idéias, não do xingamento, da grosseria, da ofensa às famílias. Isso é uma coisa importante de se registrar.
Governador, o senhor entende muito de administração, de gente, de política, e de medicina? Tenho a informação de que o senhor, mesmo como secretário, como deputado, conselheiro do Tribunal de Contas e até como governador não deixou de exercer e com muita competência o seu ofício de cirurgião, segundo dizem; dos bons?
Não. Pendurei a chuteira o ano passado. Minha última cirurgia foi em maio de 2010. Agora passei o bastão para meu filho Daniel Alencar, médico cirurgião ortopedista. Eu agora estou na quarta fase do médico; nem o doente confia mais em mim nem eu quero mais o doente.
UM DEPOIMENTO - Hildebrando Cerqueira Maia viveu parte da sua infância e início da adolescência em Euclides da Cunha. O pai dele, Miguel fogueteiro, perdeu a vida numa tragédia que marcou profundamente a humilde família que em seguida mudou-se para Salvador. O menino Hildebrando é hoje um conceituado médico cirurgião ortopedista e um homem de caráter respeitado na profissão e na vida pessoal.
“O Otto é uma das pessoas mais impressionantes que já conheci. Colega de profissão, é meu grande exemplo de profissional e de ser humano. Além de conhecer muito de medicina, conhece muitíssimo de gente. Ocupando o mais importante cargo do Estado, o de Governador, Otto entrava num centro cirúrgico para exercer a profissão sempre com humildade e gosto pela medicina. Nunca deixou de ser médico!”
H.C. Maia.
Médico de gente