O vinho na bahia

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Pode-se demorar um pouco para aprender sobre eles; é também necessário paciência e olhar atento para não se deixar enganar e buscar os melhores - quem sabe eles sejam, também, acessíveis. Depois de conhecer muitos, a experiência revela que não há um eleito, mas milhares deles, todos maravilhosos, e que há mais a experimentar. Quem deles prova, dificilmente esquece. O vinho, tal como aquele jeans confortável que não tiramos do corpo, está angariando uma multidão de fiéis.

O vinho na bahia


Quando seus vizinhos do Sul já o amam há décadas, na Bahia, é um fenômeno recente, mas que parece ser duradouro e verdadeiro.

Depois da entrada maciça de rótulos dos mais variados países nos supermercados e da presença quase obrigatória de vinhos em taça nos bons restaurantes da cidade, beber vinho tornou-se uma tentação. Engana-se, porém, quem pensa em explosão de consumo. É muito mais, uma questão de consumo qualificada. As pessoas principalmente os jovens, estão adotando o produto como alternativa entre as bebidas. Como as avassaladoras paixões da juventude, o vinho vem seduzindo cada vez mais homens e mulheres acima de 30 anos.

Uma boa medida do interesse deste público pela bebida é sua busca cada vez maior pela informação. Afinal, não há como ignorar a carta de vinho do restaurante em um jantar entre amigos, recusar uma taça de Champagne antes da refeição, ou deixar de fazer as "honras da casa" ao receber executivos estrangeiros em um almoço de negócios.

Além do espaço maior dedicado ao tema nos veículos não especializados, há também um movimento crescente do apreciador (jovem ou não) em torno de situações que o aproximem cada vez mais deste universo de sabores, como cursos, degustações, confrarias e jantares enogastronômicos.

A fidelidade em relação ao vinho significa uma busca de qualidade de vida aliada à valorização do prazer. Cada vez mais, bebedores transformam-se em apreciadores e degustadores. Afinal, a vida é muito curta para se beber vinhos ruins. É os vinhos ruins andam caindo mesmo em descrédito.

AMANTES DO VINHO

A sala de aula esta lotada. O palestrante fala para uma platéia silenciosa, que em lugar de cadernos e livros mantém à frente copos idênticos, todos enfileirados, aguardando receber o que será a prova da noite: uma degustação de vinhos da África do Sul, ou de Chardonays de varias origens; uma prova vertical (que eles já sabem ser uma degustação de varias safras de um mesmo vinho) de Cabernets de um mesmo produtor ou uma seleção de vinhos de sobremesa para harmonizar com chocolate.

Cursos de vinhos e confrarias de enófilos se espalham pelo Estado. Na sala, diferentemente de alguns anos atrás, convivem jovens e senhores engravatados, e um número cada vez maior de mulheres. Mas este não é um curso para principiantes.

O conhecimento básico, de como decifrar um rótulo ou servir uma bebida, eles já sabem.

Estes são encontros semanais dos amantes do vinho, não é para beber rótulos. O que se quer é conhecer novos exemplares.

PAIXÃO ACESA

Para manter essa paixão acesa, os produtores brasileiros também tiveram que ser fiéis, e andam se esmerando em fornecer um produto constante e de melhor qualidade. Afinal, há gigantes em campo, arrebatando corações.

Menor quantidade de uvas nas parreiras, investimento em tecnologias modernas de vinificação, enólogos competentes, temperatura de fermentação sob controle rigoroso e, com uma mãozinha de Deus, que é brasileiro, dos solos do Sul chegam ao mercado vinhos que têm recebido elogios dos especialistas.

Além dos espumantes, a menina dos olhos de enólogos e enófilos, cujo aumento de consumo e produção é superior a 10% nos últimos cinco anos. Em 2002, por exemplo, houve uma combinação de fatores: boa maturação das uvas, pois as chuvas ocorreram no momento propício; sanidade da uva, que propicia uma colheita também no momento certo, já que os bagos não apodreceram; a vinificação com técnicas mais adequadas (pois, se já havia evolução de aparelhamento das vinícolas em safras boas como a de 1999). Além dos vinhos de guarda desta safra, considerada a melhor dos últimos tempos, já figurarem nas prateleiras há mais de um ano, alguns exemplares que não requerem envelhecimento, como os tintos de uvas Pinot Noir, Gamay e os brancos.

E já puderam brindar a passagem do ano com os preciosos espumantes nacionais, como os da Casa Valduga, Salton e Cave Geise; apenas alguns dos bons exemplos da terra. Salute!

 


Autor: Celso Mathias
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