À primeira vista, uma loucura.
Mas qual foi a visão daquele jovem empreendedor? As escolas tradicionais de inglês ofereciam cursos que duravam até seis anos, que visavam formar futuros professores do idioma. Gente capaz de dominar a gramática, a ortografia e todos os segredos da língua de Shakespeare. Mas o que o público realmente demandava? “As pessoas queriam falar”, diz ele. “E queriam falar rápido”.
A década de 90 era também aquela marcada pelo início da globalização. O Brasil precisava formar profissionais globais e a estabilização econômica dava início a um novo ciclo de investimentos das multinacionais. Nesse contexto, os R$ 20 mil tomados no cheque especial vieram na hora certa. Com eles, Flávio Augusto começou a montar a Wise Up, a rede de ensino de inglês que mais cresce no Brasil – e que ensina a falar em 18 meses. “Desenvolvemos um método próprio, que virou padrão de excelência”, diz Flávio Augusto.
Hoje, a Wise Up faz parte de um império de educação chamado Ometz Group. A holding foi criada há quatro anos e possui 650 unidades das escolas de inglês Wise Up, You Move, Lexical e Go Getter, não apenas no Brasil, mas também na Argentina e nos Estados Unidos. Isso mesmo. Flávio Augusto, que mora em Orlando, na Florida, ensina inglês nos EUA para a população hispânica. “Muitos latinos não sabem falar inglês”, diz ele. “E isso faz a diferença entre ser discriminado e se integrar à sociedade americana”.
Todas as escolas são franquedas. A cada mês, Flávio Augusto passa uma semana no Brasil. Quando está em Orlando, reúne-se com seus diretores por videoconferência. No ano passado, a receita do Ometz Group foi de R$ 130 milhões e deve dobrar em 2011. Em cinco anos, ele planeja ter 5 mil escolas. “Com Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, o Brasil inteiro terá de falar inglês”, diz ele. “E o nosso método é o mais eficiente, porque é o mais rápido”.
Flávio Augusto tem hoje 39 anos e mantém a mesma pressa de empreender e formar empreendedores. Um de seus canais no Twitter, o @geracaodevalor, transmite ideias e valores ligados ao empreendedorismo. Mas uma de suas grandes virtudes foi ser paciente nas conversas com investidores. “Tentaram me comprar inúmeras vezes e eu sempre resisti”, diz ele. “Enquanto meu negócio não estava maduro, tive a visão de que era necessário consolidá-lo”.
Para atingir a meta de 5 mil escolas em cinco anos, desta vez ele não prescindirá de investidores e já começou a conversar com bancos de investimento. A diferença é que, hoje, Flávio Augusto comanda da Florida um império avaliado em mais de R$ 1,5 bilhão. Valeu a pena esperar, Mr. Money.