EUCLIDENSE PEDALA O MUNDO

O ciclista baiano Hilton Silva Lima, 37 anos, tem muito o que contar no livro que está escrevendo sobre suas andanças-impressões sobre lugares, pessoas, experiências e análises filosóficas sobre a vida na estrada. No entanto, algumas páginas serão reservadas para os contratempos como o que vive agora. Sem bicicleta, material fotográfico e dinheiro, levados num assalto em São Paulo, Lima - ou James Scott, pseudônimo que usa - está em Joinville tentando juntar dinheiro para seguir seu caminho.

Nascido em Euclides da Cunha (BA), Hilton percorre o mundo de bicicleta com um objetivo específico: reunir material para um livro, cuja venda dos direitos autorais será empregada na reativação da Fundação James Scott (ex-Pai e Filho), criada pelo pai de Lima, morto há 15 anos, para dar assistência a crianças da área rural.

Formado em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), Lima deu início às pedaladas internacionais há dez anos. Já visitou 34 países. Em suas andanças, se apaixonou por uma costarriquenha e acabou adotando o país dela como lar. Infelizmente, há três anos, a moça morreu num acidente de carro.

Na Costa Rica, virou representante da nação em competições de ciclismo. Em 1988, ganhou uma prova de resistência em Frankfurt (Alemanha), chamada Volta James Scott - daí o nome pelo qual passou a ser conhecido.

Mas o aventureiro Hilton Lima já passou por situações perigosas, mas nada tão difícil como o que enfrenta no momento. Tudo começou há alguns meses, quando foi a São Paulo e ao Rio de Janeiro procurar dois tios. Não os encontrou, e ainda perdeu quase tudo o que tinha. Perto da Estação da Luz, quatro assaltantes levaram a bicicleta de titânio, três câmeras e cerca de US$ 1.500,00 em dinheiro. Após um mês e meio buscando apoio, sem sucesso, junto a prefeitura e empresas, resolveu botar o pé na estrada, pedindo ajuda para a população.

A cada parada, como em Joinville, se instala em alguma calçada ou praça do centro, coloca cartazes e álbuns com fotos e reportagens em volta e espera a compreensão dos passantes. "Eu vou demorar para chegar a Costa Rica, mas é o único jeito. Sei que todos os dias vou seguir um pouquinho", diz otimista.

O plano de Lima é chegar a Assunção, no Paraguai, de onde, acredita, o caminho até a Costa Rica ficará mais fácil.

 

Autor: Rubens Herbst
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