Políticos e Tragédias

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O mundo desaba em catástrofes. Terremotos no Haiti, no Chile, no México, nos Estados Unidos, na China. Furacões, tornados, tsunamis, inundações... E finalmente , mesmo Deus sendo Brasileiro;o Brasil. O país entra com o pé esquerdo em 2010. As chuvas que provocaram dezenas de mortes nos litorais do Rio, São Paulo e interior de Minas atingiram agora, as Regiões Metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.

Políticos e Tragédias





Até Euclides da Cunha que tem uma situação geográ
fica que a distancia das intempéries,sofreu leves consequências prontamente atendidas pela Defesa Civil local que tomou junto com a Secretaria de Assistência Social as providências de urgência.

Nem o mundo nem o tempo param. A humanidade se mobiliza, a solidariedade aflora.Enquanto gente de bem exerce o voluntariado para salvar vidas  e/ou sai a cata de donativos para  minorar o sofrimento dos menos favorecidos. Outros se aproveitam do momento de forma cruel tentando transformar tragédias em dividendos políticos.

Seja de qual partido for o governante, será sempre ele o responsável pelo mau planejamento dos seus antecessores e até pelos desígnios da natureza. Enquanto uns choram, passam fome, estão desabrigados, outros são sepultados, em certas situações até em valas comuns, há sempre um palanque pronto para os espertos de plantão chorar “lágrimas de crocodilo” e garantir “No meu governo isso não ocorreria”.

Acusado de ter destinado 50% das verbas do seu Ministério para a Bahia, seu estado natal no qual concorre as eleições para governador, o ex-ministro Gedel Viera Lima é endeusado pelos beneficiários e seriamente questionado pelos que sofrem as conseqüências das chuvas no “resto” do país. Isso é certo? É moral? É ético? Uma resposta é certa; é política. Ou seria politicalha?

Para arrematar o momento que vivemos nada melhor do que encerrar com o tão atual pensamento do velho Ruy Barbosa que há mais de cem anos já dizia:

 

POLÍTICA E POLITICALHA

"A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento.

Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes.

Quem lhe dará com o batismo adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como um ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa.

Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente.

A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada."

E finalmente:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

 

Ruy Barbosa



Autor: Celso Mathias
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Existe 2 comentários para esta publicação
sexta-feira, 16/4/2010 por Valéria Flávia
Política e Politicalha
Excelente este texto de Ruy Barbosa !
sexta-feira, 16/4/2010 por Maria
POLÍTICOS E TRAGÉDIAS.
Parabéns pela honradez desta matéria! Obrigada.
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