‘ Impulsivo, Exibicionista, volátil nos amores e
demasiado rápido, Nicolas Sarkozy propôs casamento à nova paixão apenas três
semanas depois de ter começado o namoro!”As observações acima citadas, feita
por um experiente diplomata francês, realça outra bem mais grave, atribuída a
Cécilia, a ex-primeira-dama divorciada do atual Presidente. Num polêmico livro
— Cécilia —uma jornalista, Anna
Bitton, que foi durante vários anos amiga íntima da ex-mulher de Sarkozy,
garante que esta considera que ele «não é digno» e que «não tem estatura» para
ser Presidente da França. De acordo com Cécilia, que transcreve diversas
alegadas confidências da mãe de Louis, o filho mais novo de Sarkozy, o
Presidente sofre de sérios problemas psíquicos, não gosta de ninguém — «nem dos
filhos» — e deseja “dar em cima” de todas as mulheres.
Cécilia,
que, como o ex-marido, sempre adorou a vida na ribalta junto do “jet-set”,
desapareceu fisicamente de Paris depois do divórcio, mas é um fenômeno nas
livrarias da capital francesa, que propõem vários livros sobre ela, todos com
revelações que põem qualquer pessoa boquiaberta. Num deles — Cécilia, a Face
Escondida da Ex-Primeira-Dama, escrito por dois jornalistas, Denis Demonpion e
Laurent Léger —, são revelados amores extraconjugais perversos durante a sua
relação adúltera com o futuro marido, quando ela era casada com um conhecido
animador da televisão, Jacques Martin, amigo de Sarkozy, que era por sua vez
casado com Marie, uma corsa também amiga de Cécilia!
Exemplo dos diálogos da desvairada peça de teatro de
“vaudeville” a que a França está assistindo atônita, “Vê lá! Nicolas tentou
beijar-me!”, diz Cécilia a Martin. “Espero que ele tenha pegado um tamborete!”,
responde o ainda marido, aludindo ao fato de Cécilia ser mais alta que Nicolas.
Mais à frente, Martin comenta desta
forma uma condecoração oficial que o “amigo” Sarkozy lhe acabara de espetar na
lapela: “Condecorou o cornudo!”
Esta avalanche
de cenas com a figura mais importante do Estado francês como ator principal
desassossegam um país que perdoou sempre aos anteriores Presidentes da Quinta
República — incomparavelmente mais discretos e menos “transparentes” e
impetuosos que Sarkozy — os seus numerosos pecados amorosos. Os franceses nunca
deram grande importância à vida privada dos antigos Presidentes porque, ao contrário
de Sarkozy, eles nunca a trouxeram para a praça pública e preocuparam-se em
salvar as aparências no topo do Estado.
As esposas oficiais, “apresentáveis”,
clássicas e calmas, foram protegidas e tranquilizavam a França. Giscard d’Estaing manteve uma relação
com uma animadora da televisão, mas a mulher, Anne-Aymone, assumiu dignamente o
“mandato” de primeira-dama até ao fim; o mesmo aconteceu com Bernadette, apesar
dos alegados apetites sexuais vorazes de Jacques Chirac, que a certa altura
quase chegou a oficializar um romance com a atriz italiana, Ornella Muti; idem com Danielle, que
aceitou muitas infidelidades de François Mitterrand, uma delas com a cantora de
origem portuguesa, Catherine Ribeiro, ao ponto de nada deixar transparecer
quando François passou a viver, ao mesmo tempo, com duas famílias — com a
oficial, Danielle e os dois filhos, e com Anne Pingeot e a filha “natural”,
Mazarine.
“Que grande
confusão! Ao princípio ainda me dava vontade de rir, mas agora estou mesmo
preocupado com toda esta instabilidade emocional do Presidente em quem votei!”,
diz o senhor Benharba, de 64 anos, proprietário do café Les Aiglons, no centro
de Paris. “Com Carla Bruni ainda vai ter mais problemas do que com Cécilia, que
ele nunca conseguiu controlar!”, prevê este francês conservador, natural da
Argélia.
Hoje, na França, todo mundo conhece histórias a
respeito da ex-manequim e intérprete de canções ligeiras românticas que vive
entre os palácios do Eliseu e de La
Lanterne, em Versalhes, onde o Chefe do Estado repousa sempre que pode. Os
franceses não parecem apreciar mesmo nada a intromissão da bela morena italiana
com olhos de gata — ligeiramente semelhantes aos de Cécilia — na vida do seu
Presidente. “Cécilia já não tinha imagem de primeira-dama! Agora, esta!... Que
loucura!”, exclama Benharba.
Noutro livro recente, Bruni é descrita como
ninfomaníaca, uma “Terminator” de beleza finalizada em laboratório para,
insaciável, devorar os corações dos homens! Da autoria de Justine Levy, filha
do filósofo Bernard Henry-Levy, o livro Rien de Grave teria sido escrito por
despeito e ciúme, porque Carla roubou a Justine o marido, Raphael Enthoven.
Este filósofo é o pai do filho de Carla, que surgiu aos ombros do Presidente no Egito! As fotos chocaram
o país e provocaram debates nos programas matinais das televisões! Justine diz
que Carla tenta engatar (sic) todos os homens que vê!
Em Paris, diz-se
igualmente que o livro da jornalista Anna Bitton é um ajuste de contas de
Cécilia com Sarkozy e que as tentativas da ex-primeira-dama junto da justiça
para proibi-lo apenas foram uma manobra de diversão! Cécilia acrescentam os
“mentideros” parisienses, teria pelo seu lado já regressado aos braços do
amante, o publicitário Richard Attias, que o livro de Bitton garante ser o
único amor da sua vida! «Antes de Attias não conhecia o amor!», confessa
Cécilia no livro.
A saga amorosa
de Sarkozy, cuja encenação ele próprio reforçou surpreendentemente e sem precauções
— ao dizer, há dias, “com Carla é coisa séria!” numa solene coletiva de
imprensa no Palácio do Eliseu perante 700 jornalistas —, é hoje seguida sem
qualquer complexo por toda mídia francesa e não apenas pela imprensa
cor-de-rosa. O analista Christian Salmon considerou demolidor que o famoso
“novo estilo do Presidente” se reduza, no fundo, à sincronização da sua vida
íntima com o “prime time” na televisão. “A
frase ‘com Carla é coisa séria’ é digna do ‘Loft Story’”, disse este
investigador de artes e linguagem. Mas o enredo da história do início da era Sarkozy
no Eliseu tem, sem dúvida, ingredientes muito mais fortes e atraentes do que o
de qualquer “reality show”. Um dos livros sobre Cécilia — Ruptures, dos
jornalistas Yves Derai e Michael Darmon — descreve-a como uma autêntica
superagente 007 na Líbia, a desafiar Khadafi e a comandar uma operação com
forças especiais francesas armadas para forçar a libertação das enfermeiras
búlgaras! Inimaginável: a informação ainda não foi completamente desmentida!
Segundo Ruptures, Cécilia teria mandado os militares que a acompanhavam
rebentar com as fechaduras das portas da prisão! Antes, teria dito aos soldados:
“Chegou o momento de provarem que ele está aqui!” De acordo com o livro, a
operação foi “coberta” por Sarkozy que, ainda muito apaixonado por ela e numa
última tentativa para não a perder e a manter perto dele dando-lhe
protagonismo, lhe teria oferecido numa bandeja a direção do processo de
libertação das enfermeiras búlgaras!
Os franceses não querem acreditar que o seu Presidente
tome decisões importantes sob a influência de paixões desmesuradas. Ou que a
estabilidade da sua ação política esteja dependente delas. Segundo Ruptures,
Sarkozy necessita, sempre, de uma paixão ao lado. Mas de forma estranha,
simultaneamente dependente e autoritária. Um dia, teria mandado esta mensagem a
Cécilia: “Se ela quiser voltar, que se decida rapidamente! A lista das que
gostariam de ocupar o seu lugar é longa! Eu posso ter as mulheres que quiser!”