E viva a Espanha!

terça-feira, 10 de julho de 2012

Próxima a Barcelona, Penedés sempre pôde contar com um excelente mercado para seus produtos. No século XIX foi uma das primeiras regiões da Espanha a produzir em grande quantidade, e a França, devastada pela phylloxera, foi seu principal mercado. A praga atingiu Penedés em 1887, na mesma época em que José Raventos começou a estabelecer a firma Codorniu, iniciando a produção da cava (o espumante espanhol).

E viva a Espanha!

         

As vinhas, que anteriormente haviam produzido vinhos tintos semifortificados, foram replantadas com uvas brancas para a produção de espumantes. Posteriormente, cava acabou por se constituir numa Denominación de Origen própria.

Penedés sofreu uma segunda e radical transformação nas décadas de 1960 e 1970, principalmente por causa de Miguel Torres Carbo e seu filho, Miguel Torres Jr., produtores na região de Vilafranca de Penedés. (lugar do festival das torres humanas) Eles foram os primeiros a instalar na Espanha os tanques de aço e controle da temperatura de fermentação. Torres Jr., que estudou Enologia na França, também importou e fez experiência com Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling e Gewürztaminer, plantadas ao lado das uvas nativas e com essas combinadas.

Outros produtores seguiram os passos dos Torres e hoje Penedés continua a ser uma das mais dinâmicas e inovadoras regiões vinícolas da Espanha.

Penedés se ergue a partir do Mediterrâneo, numa série de degraus, e se divide em três zonas distintas. A primeira, o Baixo Penedés, é a mais quente e atinge altitudes de 250m. Ali, tradicionalmente são plantadas as uvas Moscatel e Moscatel de Alexandria, usadas na fabricação de vinhos fortificados. Com o declínio do mercado desse tipo de vinho, essas uvas estão sendo substituídas pela Garnacha e pela Cariñena, para a produção de potentes vinhos tintos.

A segunda zona, o Médio Penedés, é um largo vale, cerca de 500m acima do nível do mar, separado da costa por uma cadeia montanhosa. É a região de maior produção, fabricando a maior parte dos vinhos que são a base para os espumantes.

As uvas aqui utilizadas são a Macabeu, a Xarel-lo e a Parellada (utilizadas na Cava), com crescentes quantidades de Chardonnay e varietais tintas como a Tempranillo e Cabernet Sauvignon. A terceira zona, Penedés Superior, tem altitude entre 500m e 800m, na base do planalto central da Espanha, e é a mais fria, onde algumas das melhores uvas brancas são produzidas. A nativa Parellada é a varietal mais importante, sendo a Riesling, Muscat de Alexandria, Gewürztraminer e Chardonnay também muito bem sucedidas.

O solo do Penedés é composto de argila, com predomínio de pedra calcária, além de giz e areia. As técnicas de vinificação utilizadas são bastante modernas, principalmente nas vinícolas Torres e Raimat (esta, uma das estrelas em ascensão, não está exatamente no Penedés, mas na nova apelação vizinha, a Costers Del Segre), com uso de tanques de aço inoxidável, controle de temperatura e barris de carvalho. A Raimat já está entre as melhores vinícolas do planeta

 


Autor: Celso Mathias
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Existe 1 comentário para esta publicação
sexta-feira, 6/7/2012 por Lilia
Vinhos!!!
Que matéria interessante, obrigado Celso por nos manter sempre informados com suas ricas matérias.
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