Provando o vinho branco

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A prova do vinho branco analisa-se seguindo dois eixos: a acidez e a sensação de doçura proporcionada pelo álcool ou pelo açúcar residual. A acidez traz frescura e faz com que o vinho sacie a sede. O gás carbônico presente no vinho reforça esta sensação, por vezes com um pico na língua quando o vinho tem agulha. Diz-se então que é um vinho vivo, nervoso ou fresco. Mas também não deve haver muita acidez, pois poderia tornar-se verde, duro, mordente ou inclusive áspero ou rígido.

Provando o vinho branco



No lado oposto, uma falta de acidez o fará aparecer plano, insosso, sem relevo. Para um vinho seco, a doçura ou a suavidade - pois não falamos propriamente do sabor doce, mas de um caráter sedoso - aparece representada pelo álcool, o glicerol e alguns raros açúcares residuais. Para um vinho Moelleux, meio doce ou licoroso, no caso mais extremo, deverá ter-se em conta o açúcar não fermentado que se acrescenta a este eixo alcoólico.

O vinho será qualificado de amável, flexível, terno, gordo, suave ou untuoso se este licor se equilibrar com a acidez. Se predominar o açúcar, o vinho será doção, untuoso, xaroposo, macio ou pesado. Como se vê é tudo uma questão de equilíbrio entre duas tendências opostas. Este equilíbrio deve julgar-se logo no ataque do vinho na boca, depois na sua evolução e, por último, no seu final.

Não seria nada sem uma riqueza aromática, percebida por via retronasal e revelada pela temperatura do vinho que se eleva no paladar. Também neste caso, o tipo de vinho degustado impõe um equilíbrio modelo. Não se procurará a mesma acidez num vinho jovem que num vinho de fermentação - onde a acidez pode ser maior, se estiver equilibrada, devido ao maior conteúdo alcoólico e à estrutura mais firme -, num vinho mais suave.



A própria noção de vinho seco varia de país para país. Em Portugal, bebem-se mais vinhos secos do que na França; mas se na França a quantidade de açúcar residual é também muito baixa, menos de dois gramas por litro, na Alemanha um vinho chamado seco tem muito mais. O comprimento de um vinho branco é mais fácil de perceber que o de um tinto, pois a sensação taninosa não chega a ocultá-lo. Deste modo, depois de ingerir o vinho, feche os olhos e deixe-o "viver" no seu paladar. Algo como uma prova virtual! Esta existência pós-ingestão é a recompensa mais bela que um vinho pode oferecer, como se lhe agradecesse a atenção que lhe dispensou.


Autor: Celso Mathias
Publicação vista 1787 vezes


Existe 0 comentário para esta publicação
Enviar comentário


Confira na mesma editoria:
10 Dicas para beber como um monge
10 Dicas para beber como um monge
O charme do Rosé
O charme do Rosé
Copyright 2014 ® Todos os Direitos Reservados.