Então é Natal

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Minhas imagens do Natal remontam inicialmente aos anos 50 quando meu tio Zequinha era esperado com ansiedade por toda a família para as festividades de fim de ano. Estudante de Direito no Espírito Santo, Ele trazia na bagagem, além de caixas do maravilhoso Chocolate Garoto, à época produzido pelos Meyerfreund, roupas e brinquedos para todos os sobrinhos.

Então é Natal


Continuam  vivos na minha memória os odores do chocolate e do sabonete que  meu tio usava durante o longo  banho para tirar o pó de 1300km de estrada de chão, enquanto nós ansiosos, esperávamos a abertura do seu “baú” com os tesouros.


Zequinha, José Mathias de Almeida Neto, filho do meu avô Joaquim Mathias de Almeida, nasceu na casa onde nasceram todos os meus tios, eu e parte dos meus irmãos. Construída há mais de 100 anos, ainda pertence a membros da família. É a primeira da Rua de Cima, quase em frente ao bar Planeta. José Mathias construiu uma carreira brilhante , faleceu aos 65 anos no exercício do cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo e hoje dá nome ao Fórum da cidade de Vitória. “Fórum Desembargador José Mathias de Almeida Neto”.


Assim como o Zequinha, os poucos filhos da terra que viviam fora davam um jeito de vir a Euclides da Cunha abraçar os pais, os irmãos, os amigos... Assistir a Missa do Galo, passear pela Av. Ruy Barbosa no trecho entre o Hotel Lua e o bar da Maria Senhora entre barraquinhas armadas para vender bebidas e comidinhas. Os mais ousados ainda se atreviam a dar piscadelas de olhos para as meninas mais afoitas. Era o máximo!

Na calçada do bar da Maria Senhora, ponto mais chique da cidade, sobre as mesas com toalhas limpíssimas, eram colocadas travessas expondo frangos assados que eram arrematados pelos ricos e servidos acompanhado de Uísque Cavalo Branco,literalmente traduzido  do Withe Horse Whisky. Costumava capitanear uma dessas mesas, a família do saudoso Bernardino Menezes, industrial nascido em Sergipe e baseado em Feira de Santana, percussor da indústria de calcário e o primeiro gerador de emprego em Euclides da Cunha. Foi também fundado por ele em instalações revolucionárias para época, o Posto Texaco e, posteriormente, a Maria Iza e Cia, primeira concessionária de automóveis da região, uma revenda Volkswagen. Bernardino foi candidato a prefeito e perdeu as eleições para José Bezerra Neto, o Zuza Bezerra.

Outra atração indispensável eram as “Lapinhas” ou Presépios, montados nas salas das mais simples às mais tradicionais famílias da cidade, contando a saga do nascimento de Cristo. Um dos mais concorridos era o da casa de “Bobô”, o famoso Capitão Dantas, ali na Rua da Igreja na casa onde hoje reside Zé Batista, o “Zé de Potámo”.

Na tradicional Ceia Natalina da casa dos meus pais, minha mãe Mariá comandava o evento. Peru assado, frangos, farofa com uvas passas trazidas especialmente de Salvador, e pasmem, sempre era servido um cágado. Entre os comensais habituais, lembro-me de Potámo Batista, meu avô Joaquim Matias, João da cruz, a madrinha Piliça, Loudes do Afonso, Gina do Joel, D.Patu,Tio Zequinha...

Era uma festa da família patrocinada pelo amor, pela amizade, pela alegria. Pela confraternização! Entre as famílias, no máximo havia a interferência da Igreja com sua programação religiosa sempre afinada com os “festeiros”.

Os tempos são outros. A concepção de Natal, idem. Além de um instrumento de mercado para abocanhar o décimo terceiro,o glamour foi substituído por  uma bem programada iluminação,um roteiro de festas com bandas de gosto duvidoso cujo ruído chega a abafar “o espírito de Natal”.


Como diria John Lenon:

Feliz Natal (A Guerra Acabou).

Happy Xmas (War Is Over) (tradução)

 

Então é Natal e o que você fez?
Mais um ano acabou e um novo apenas começou.

E assim é Natal, eu espero que você se divirta,
O próximo e querido, os velhos e os jovens.

Um Feliz Natal e um feliz ano novo,
Vamos ter esperança, sem qualquer receio.

E por isso esta é para o Natal e para o fraco e o forte,
 (guerra acabou se você quiser,)
Para os ricos e os pobres, a estrada é tão longa.
(guerra acabou agora.)

E feliz Natal para negros e brancos,
 (guerra acabou se você quiser,)
Para os amarelos e vermelhos, vamos parar todos as
brigas.
(guerra acabou agora.)

Um Feliz Natal e um feliz ano novo,
Vamos ter esperança, sem qualquer receio.
E assim o Natal e este é o que temos feito?
(guerra acabou se você quiser,)
Mais um ano mais, um novo apenas começou.
(guerra acabou se você quiser,)

E assim este é Natal, nós esperamos que você se divirta
(guerra acabou se você quiser,)
O próximo e querido, os velhos e os jovens.
(guerra acabou agora.)

Um Feliz Natal e um feliz ano novo,

Vamos ter esperança, sem qualquer receio.

A guerra acabou
Se você quiser,
A guerra acabou agora.

Feliz Natal!

Feliz Natal!
Feliz Natal!
Feliz Natal!
Feliz Natal!


Autor: Celso Mathias
Publicação vista 15719 vezes


Existe 10 comentários para esta publicação
quinta-feira, 17/4/2014 por Ivone Boechat
Sinos do Natal
Sinos do Natal Ivone Boechat (autora) Tocam os sinos da solidariedade, os acordes da esperança começaram a vibrar! O aroma da promessa de Deus está exalando no caminho dos homens de boa vontade, o amor pediu licença pra chegar. Estende
terça-feira, 17/1/2012 por joão miguel araujo dos santos
natal
josé mathias de almeida neto quando passou por minha cidade linhares es, minha mãe maria conceição campos araujo falou que ele era nosso primo longe, hoje conheço seu filho também advogado que me perguntou por tio santinho (manoel almeida xavier) que
domingo, 3/1/2010 por João Evangelista Regis
É NATAL
Que bela lembrança meu caro Celso, que construimos uma bela turma de formandos no colegio Educandario, a 1ª, é emocionante falar do Natal, embora muitos passei em minha querida cidade, Canudos. Parabéns pelos bonitos depoimentos.Feliz 2010.
sexta-feira, 25/12/2009 por Valter
Então é Natal
Grande Celso, Vc sabe que sou euclidense de coração (em homenagem a vc, rsrsrs) O que vc escreveu sobre o Natal, lembra tb o meu Natal qdo criança, em Tapiranga (pequena vila, mun. de M. Calmon).
segunda-feira, 21/12/2009 por sargento kangasseiro
saudades
amigo celso bons tempos aqueles imagino nao sou dessa epóca,mas sou do tempo em que no natal iamos a rua na noite de natal tomar ki suco nas garrafas de refrigerante nas barracas e brincar no jardim( praça Duque de caxias)feliz natal sem guerra
segunda-feira, 21/12/2009 por Marizete Silva do Nascimento
Então é Natal
Oi Celso, voce sem me emocionando com sua conexão euclidense. que saudade de Maria Senhora, do sobe e desce na Rui Barbosa, estreiando um vestido novo esperando o "piscar de olhos" dos meninos bonitos que me deixavam cheia de vaidade.Feliz Natal
sábado, 19/12/2009 por Adelson Matias de Amorim
Guerra
Não exista mais natal e a guerra não acabou
sexta-feira, 18/12/2009 por hc-maia
Só pra fazer um reparo ao tempo.
Caro Celso, todo o seu texto alusivo aos festejos de Natal da época,na inesquecível Euclides da Cunha, está correto.Não obstante,embora não seja adepto de bebida alcóolica,quero lhe lembrar que o Destilado da época era o litrão de Run Merino.
sexta-feira, 18/12/2009 por Maria Aparecida P. Mendes.
É NATAL!
Parabés! Celso Mathias. EMOCIONANTE!reportagem. Bom demais relembrar tudo isso. Que Deus realize os seus sonhos! Lhe dê a vitória necessária e abençõe a Revista Vida Brasil. Alegre Natal para toda equipe. Obrigada.
sexta-feira, 18/12/2009 por neuza ananias
FELIZ NATAL CELSO MATIAS
Tocam os sinos da solidariedade, os acordes da esperança começaram a vibrar! O aroma da promessa de Deus está exalando no caminho dos homens de boa vontade, o amor pediu licença pra chegar.
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