Cavalgada das Valquírias

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Woody Allen escrevia que quando ouvia Wagner lhe apetecia logo invadir a Polônia. Depois de experimentar o novo Porsche Panamera, um pacato pacifista pode ser assaltado pelo mesmo ímpeto ‘bélico’ e apetecer-lhe invadir a Europa, mas por estrada.

Cavalgada das Valquírias


O novo Porsche Panamera está para os automobilistas como Wagner para os melómanos.

É que o primeiro Porsche familiar de quatro portas (um antigo sonho do fundador Ferry Porsche e um sacrilégio para os puristas da marca) é provavelmente um dos melhores automóveis do mundo e conduzi-lo é muito mais do que ligar Lisboa a Madrid em tempo de fazer corar o TGV (velocidade máxima 283 km/h, a do Porsche).

Mas o que torna tão especial este executivo de dimensões ‘arquitetônicas’ a competir com um colosso barroco? A resposta é o segredo da alquimia Porsche, um construtor especializado em traduzir prazer de condução e sensações únicas para o volante de um automóvel. Assim, quem temia que o feeling muito próprio da Porsche fosse impossível transpor para um carro com cinco metros de comprimento e duas toneladas de peso está redondamente enganado.

Não é claro, um carro de corridas ou um monstro de eficácia como o iconográfico 911, mas consegue oferecer ao condutor uma direção direta e precisa, um comportamento em curva capaz de rivalizar com os melhores esportivos e um equilíbrio e segurança difíceis de igualar.

É por isso que este Panamera também está longe de poder ser o local ideal para ler o “Financial Times” no banco de trás, como noutros grandes executivos como o BMW Série 7 ou os Mercedes da sua classe, onde o conforto extremo é idêntico ao da poltrona acolchoada da presidência do Conselho de Administração.

No Panamera, o CEO vai querer tirar a gravata e saltar para o banco da frente, serpenteando por estradas de montanha com a graça e a agilidade dos Gran Turismo.

Desta vez (condição rara num Porsche) esta não vai ser uma experiência egoísta, mas partilhada pela família, que pode gozar o requinte e envolvência de um habitáculo tão acolhedor como um chalé de montanha, com um excelente nível de equipamento, entretenimento multimídia e espaço no porta malas para levar os snowboards e os esquis.

E este é apenas o mais humilde dos Panamera, com tração traseira, motor de 400 cv e uma deliciosa caixa automática PDK, mais instantânea na resposta do que a mousse Alsa. Quem quiser subir a parada pode sempre optar pelas versões turbo (500 cv) e de tração integral. Em todo o caso, mais do que um automóvel de luxo, uma experiência wagneriana.Um carro na medida certa para um apreciador do quilate do Rui.


Autor: James Dollinger
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