Afinal
o que adianta ter muito músculo se a versatilidade for diminuta – depressa a
paixão desaparece e a rotina instalada arruína o desejo e com ele a relação.
Com o Bugatti não se fala em rotina, como nenhum homem de barba grisalha e com
tudo no lugar se pode dar ao luxo de deixar de surpreender, sob pena do “avião”
com quem partilha o leito passar a levantar vôo em pistas inimigas. Pormenores
são da máxima importância, repito. Voltando ao carro falamos também de uma
questão de raça e de emoção. O grupo Volkswagen, proprietário da Bugatti desde
1998, não esqueceu a responsabilidade que é pegar um mito para fazê-lo
regressar à ribalta.
Haut Warkuss, o responsável por
este projeto, criou um modelo inspirado nas tradicionais linhas da marca para,
através das vanguardistas estéticas, desbravar caminho que marcou a trajetória
dos esportivos da alta performance.
Para começar temos a abrilhantar o Veryon Bleu Centenaire o
motor W16 de liga leve, montado à frente do eixo traseiro, resultado da
conjugação de duas bancadas de oito cilindros, em V, com quatro válvulas cada
um (perfazendo um total de 64 válvulas), tudo isto totalizando a dimensão de
apenas 710 mm de comprimento por 771 mm de altura (graças à configuração W
conhecida por uma excelente rigidez do propulsor associada a uma elevada
eficiência volumétrica).
Os quatro turbo compressores e injeção direta FSI (o
combustível é injetado diretamente na câmara de combustão por meio de válvulas
eletromagnéticas de acordo com o princípio de injeção estratificada de
combustível) conferem-lhe invejável “pujança cavalar”. E é claro que tanta
força exija, para “esfriar os ânimos”, dois radiadores de ar sob pressão.
Depois, para que nada falhe, o trabalho do W16 é
supervisionado por dois computadores que funcionam de forma independente para
cada bloco de cilindros, por sua vez controlados por uma unidade central de
controle. Ufa! Uma verdadeira máquina! O resultado (além dos 1001 cv) é um
binário máximo de 1250 Nm entre as 2200 e as 5500 rpm. Para tirar partido
destas características dá-se também o casamento entre a tração integral e um
trabalho sobre a aerodinâmica que visou garantir que o Veyron não perdesse as
estribeiras levantando literalmente vôo. Mais: para que não se tornasse um
“cabeça-de-vento” e ter sempre os pneus bem grudados na terra, foram escolhidos
os impressionantes pneumáticos com 265/30 R20 (à frente) e 335/30 R20 (atrás).
Pasmo?
Pois é, muito dificilmente outra marca conseguirá
homenagear tão generosamente o seu criador, não obstante este modelo ter
igualmente herdado o nome do piloto de corridas Pierre Veyron, vencedor de 24 horas de Le Mans de 1939, que fez do
Bugatti um dos carros mais bem-sucedidos em provas automobilísticas. O Veyron
16.4 é um dos automóveis mais caros de todos os tempos.
Como dizia Ettore Bugatti, “nada é demasiado bonito,
nada é demasiado caro”. 100 anos depois, o grupo Volkswagen homenageia o
criador italiano apadrinhando novo mito: Bugatti Veyron Bleu Centenaire. Um
automóvel com 1001 cv de potência