O forró, estilo musical incentivado pelo rei do baião, Luís Gonzaga, entre a década de 40 e
50, e incrementado pelo companheiro Dominguinhos
e outros artistas por todo o Brasil, mantém até os tempos atuais aquele balanço
gostoso em vários municípios, principalmente os nordestinos.
O que vem mudando são as misturas de ritmos musicais,
com a utilização cada vez mais freqüente pelas bandas de forró de outros
instrumentos elétricos e rústicos de percussão e sopro, além dos convencionais triângulo,
sanfona e zabumba. Elas produzem um som denominado de forró-eletrizante,
animando e agitando públicos formados, sobretudo, por jovens de vários cantos
do país, não só no período junino, mas durante o ano inteiro.
É o que se pode chamar de forró contemporâneo,
expandindo-se pelo país através de um crescente número de bandas. As
estimativas indicam a existência de quase mil bandas de forró estilizado, com
estruturas operacionais diferenciadas e integradas por músicos jovens dispostos
a investir na carreira. A maioria nasceu nos Estados da Bahia, Sergipe,
Pernambuco, Paraíba e Ceará, tradicionais na prática do forró, mas elas vêm se
surgindo também no eixo Sul-Sudeste do país, contagiando cariocas, paulistas,
mineiros e catarinenses.
Muitas delas já gravaram CDs ao vivo com músicas nordestinas e outros estilos românticos, que ressaltam a paixão, o desejo e a sensualidade. Tudo é mesclado ao ritmo eletrizante e apresentado num espetáculo moderno, vibrante e bem produzido, regado pela criatividade em cena, advinda do número expressivo de vocalistas e integrantes da banda do molejo das suas dançarinas, do figurino dos componentes, da farta iluminação e dos canhões de fumaça.
A Banda Flor
d‘Açuçena, do município baiano de Euclides da Cunha, é um exemplo de grupo
de forró em ascensão. Integrada por 22 jovens da faixa etária de 19 a 30 anos,
chega a reunir cerca de 40 mil pessoas num único show. Traz no comando um casal
de vocalistas que ocupam o palco numa
energia vigorosa, incentivada por dez dançarinas que não deixam ninguém ficar parado.
A banda produz uma mistura especial de som, mesclando o
forró com o pop e eletrizante, sem perder a essência do ritmo nordestino. Alia
a sanfona, o triângulo e a zabumba aos instrumentos elétricos e de sopro –
baixo, guitarra, teclado, sax e trompete – para emitir músicas nordestinas e
românticas de sua autoria e de grandes sucessos de compositores como Zezé de
Camargo e Luciano, Vtór e Léo, e,Bruno e Marrone entre outros.
O grupo já gravou vinte CDs e dois DVDs, que agrupam
músicas autênticas e de muito swing, atraindo o interesse dos consumidores. A
música “Balance” por exemplo,estourou no mercado fonográfico,
sendo regravada por cantores de renome, como Frank Aguiar. Em onze anos de
carreira, a banda já vendeu mais de quatrocentos mil CDs.
Criada em 97, a banda iniciou seu trabalho despretensiosamente,
sem intenção de sair do interior baiano. Mas a grande receptividade do público
fez com que ultrapassasse as divisas, apresentando-se em São Paulo, na Tropical Dance, famosa casa de show
situada no bairro de Pinheiros; no Centro de Tradições Nordestinas (CTN), em
Limão, e no Brilho da Lua, no Brás. Só no programa do Raul Gil, na TV Record,
apresentou-se três vezes, balançando a platéia.
“A nossa pretensão é penetrar ainda mais no Sul do
país, pois estamos sentindo que Flor d`Açucena agrada o país inteiro com seu
estilo próprio”, disse o empresário Erivaldo
Moreira, da Nicole`s Music, produtora da banda. O empresário acompanha
pessoalmente o desempenho dos profissionais em cada show, tendo a inovação como
estratégia de trabalho, seja no repertório musical, seja na apresentação,
figurinos e utilização de recursos técnicos e visuais variados.
Sempre cheia, a agenda do grupo planeja apresentações
em várias cidades brasileiras, em shows, vaquejadas, aniversários de municípios
e feiras. “Nesta época do ano, os compromissos se avolumam”, acrescenta
Moreira. Para isso, é necessário um empenho constante de seus integrantes, que
ensaiam duas vezes por semana e mantêm boa forma física à base de exercícios e
boa alimentação