No dia 13 de maio de 2000, centenas de pessoas se reuniram para prestigiar o aniversário do então presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, José Carlos Gratz. Naquela época o poder parecia emanar de todos os poros do deputado. Não havia quem não quisesse estar presente à festa ostentando o rótulo de amigo do homem apontado como o mais poderoso do Estado.
Dois anos depois, o cenário em que Gratz completou seus 55 anos foi completamente diferente. Detido arbitrariamente, Gratz estava totalmente isolado em uma cadeia. Os "amigos" que tanto o rodeavam se afastaram tão rapidamente quanto foi sua perda de prestígio e poder.
Não cabe à Vida Brasil julgar culpado ou inocente o ex-deputado. Ao mostrar os fatos recentes que trajetória política de José Carlos Gratz, nossa análise caminha no sentido de observar o quanto é fácil "conquistar amigos" quando se está no poder e quanto é mais fácil ainda perder estes amigos quando se perde o poder.
Decididamente distinguir os "amigos do poder" de verdadeiros amigos deve ser uma das mais árduas tarefas de um político. Desde os tradicionais "puxa-sacos" que apenas o fato de estar próximo ao político de prestígio já garante o prazer até aos mais interesseiros amigos que buscam os "benefícios" de ser "amigo do homem" devem manter o político antenado.
A seleção mal feita do grupo de amigos que vai rodeá-lo é, sem dúvida, um dos grandes erros que um político pode cometer. Se estiver cercado de pessoas cujo interesse pessoal está acima de qualquer coisa, o político fatalmente cairá no ostracismo e sem condições de reagir ao golpe de uma primeira eleição mal sucedida ou de um cargo público não conquistado.
Mas afinal será esse o preço que o político deve pagar por estar em um país onde a tradição da infidelidade partidária e ideológica imperam e onde promessas e acordo fechados durante o processo eleitoral, com raríssimas exceções, são cumpridos?
Mas será que é esta a verdadeira retribuição que a população deve dar ao político?
Histórias como de José Carlos Gratz não faltam para exemplificar as relações dos homens públicos com os "amigos do poder".
A perpetuação destes fatos ou não é uma decisão que cabe a todos os políticos. Talvez repensando suas relações com os eleitores, com seus partidos, com seus ideais, eles passem a conquistar seus verdadeiros amigos.
|
|
|