Vidabrasil circula em Salvador, Espírito Santo, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo Edição Nº: 328
Data:
15/5/2003
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Especial

George W. Bush Aos 40 anos, o atual presidente dos Estados Unidos disse adeus ao Jack Daniels e deu boas-vindas a Jesus Cristo. Líder da única superpotência mundial, da sua boca saiu a ordem para uma guerra que vai marcar o século XXI  
 
George W. Bush é talvez o mais inesperado de todos os presidentes que a América já teve. Sem sucessos dignos de nota até atingir a meia idade, Bush foi eleito para seu primeiro cargo político quando já tinha 48 anos – governador do Texas, em 1994. A sua vitória nas eleições presidenciais de 2000 sobre Al Gore só foi possível depois de uma controversa decisão do Supremo Tribunal. O atual presidente dos Estados Unidos chegou a Washington há precisamente dois anos e dois meses, com mais da metade do país – e agora, do mundo – a duvidar da sua capacidade. Conduzido à Casa Branca depois de ter alcançado menos meio milhão de votos do que seu opositor, os analistas profetizaram, no início, que a presidência de George W. Bush seria fraca e, na melhor das hipóteses, insignificante. Mas quando no futuro se lerem os manuais da História deste início do século XXI, o nome do atual presidente abrirá pelo menos um capítulo, por enquanto do destino ainda incerto.  
Confrontado agora com o peso da maior decisão da sua vida, George W. Bush refugia-se nos valores que vê como fundamentais. A fé encabeça a lista. Profundamente religioso – é membro da Primeira Igreja Metodista Unida – George W. assume-se como "cristão renascido", uma designação comum na América profunda, que denota ao mesmo tempo uma devota crença evangélica e um proselitismo ativista. Num perfil recente traçado pela revista “Newsweek”, intitulado Bush e Deus, conta-se que o presidente "disse adeus a Jack Daniels (famosa marca de whisky) e deu as boas-vindas a Jesus Cristo" em 1985, quando se aproximava dos 40 anos. Laura, a bibliotecária com quem se casara em 1977, e as duas filhas gêmeas nascidas em 1982, mereciam um marido e um pai melhor, pensou ele. Na época, George W. bebia frequentemente, embebedava-se em festas e infernizava a vida da mulher. A religião ajudou-o a deixar por completo a bebida, fazendo-o trocar o álcool pelo estudo da Bíblia.  
As sessões de estudo bíblico trouxeram também vantagens políticas, aproximando-o da ala mais conservadora do Partido Republicano, e particularmente da sua parte "quase fundamentalista" – a Coligação Cristã –, que viria a revelar-se fundamental para gerir a máquina política que acabaria por levá-lo à Casa Branca. Os bastidores da sua campanha, por exemplo, foram comandados por Ralph Reed, um jovem que abandonou a presidência da Coligação Cristã para se dedicar de corpo e alma à tarefa de eleger Bush.  
Ainda hoje, George W. levanta-se de madrugada e refugia-se num lugar sossegado da Casa Branca para ler sermões e estudar a Bíblia.  
O jornalista David Frum – o ex-assessor do presidente responsável pela famosa expressão "eixo do mal" – acaba de lançar um livro sobre os seus tempos na administração Bush (The Right Man, O Homem Certo), no qual confessa que a primeira coisa que ouviu na Casa Branca foi "não te vi no estudo da Bíblia esta manhã", uma frase vinda de um colega que o pegou desprevenido.  
Nos últimos tempos, os discursos do presidente estão cada vez mais carregados de metáforas religiosas e alusões diretas a Deus. Quando Bush, no último discurso do Estado da União, no mês passado, afirmou que "a liberdade que prezamos não é uma dádiva da América ao mundo, mas um dom de Deus concedido à Humanidade", alguns comentadores leram na frase uma mensagem subliminar em relação ao Iraque, como se George W. Bush se achasse uma espécie de figura messiânica a quem cabe traçar os destinos do planeta de acordo com um plano divino.  
Mas Bush nem sempre foi um homem dado a igrejas, e até 1994, quando foi eleito governador do Texas, a própria família tinha dúvidas quanto à sua vocação. Já antes, os anos turbulentos da juventude, feitos de desvario, embriaguez e estudos que deixavam a desejar, anteviam-lhe um futuro pouco promissor.  
A primeira vez que George W. Bush foi parar na cadeia foi por roubar uma coroa de azevinho no Natal. Estão no primeiro ano da faculdade, na universidade de Yale, com 20 anos, Bush acabara de ser eleito presidente de uma república de estudantes e, mostrando as suas qualidades de liderança, convenceu os amigos a procurarem decorações natalícias. Ao passarem por um hotel, Bush viu uma coroa na porta e roubou-a.  
O crime esteve longe de ser perfeito. Como o próprio George W. recordou numa entrevista ao “Washington Post”, em 2000, ele e os amigos tinham bebido umas cervejas a mais e nem repararam num carro da polícia do outro lado da rua.  
A polícia acusou-o de "conduta desordeira" e prendeu- o. A queixa seria retirada mais tarde, por influência da família, mas o episódio parece marcar a forma como George W. Bush atravessou os anos 60 – numa época em que estudantes universitários se arriscavam a ser presos em manifestações políticas contra a guerra do Vietnã, Bush foi parar na prisão, não por princípio, mas por causa de uma iniciativa irresponsável. Enquanto outros com a sua idade denunciavam o sistema, o jovem George mantinha-se instintivamente ao lado do “estabishment”, mesmo quando ocasionalmente violou a lei.  
Nascido nos últimos anos do “baby boom” do pós-guerra, Bush passou por Yale entre 1964 e 1968, quando os Estados Unidos enfrentavam convulsões sociais profundas e os estudantes eram parte integrante da mudança. Mas George W. nunca tomou posições políticas ao lado da sua geração – na luta pelos direitos cívicos da minoria negra ou nas manifestações contra a guerra, Bush foi sempre um "objeto de consciência" nas batalhas políticas que marcaram o seu tempo de juventude. Mas sempre que foi forçado a escolher, o jovem Bush apoiava-se instintivamente nos valores da geração dos seus pais.  
Ao contrário de outros políticos americanos da sua idade, como Bill Clinton ou Al Gore, enquanto jovem, George W. nunca usou o cabelo comprido, nunca agonizou com a possibilidade de ir para o Vietnã e nunca se interessou por política. Os comportamentos e atitudes de juventude ainda hoje têm ecos nos seus discursos, nos quais ressoa o imaginário anterior à sua própria época, apelando aos valores simples dos anos 50 americanos, quando a televisão e o mundo eram em preto e branco e não havia margem para tonalidades intermediárias. Os bons eram bons e os maus eram terríveis.  
Quando George W. terminou a universidade, em 1968, centenas de milhares de jovens americanos da sua idade andavam de metralhadora em punho nas selvas do Vietnã, combatendo numa guerra para a qual não se vislumbrava ainda um final.  
Impossibilitado de pedir novos adiamentos para o serviço militar, Bush viu-se confrontado, pela primeira vez, com o espectro da guerra. George Bush, seu pai, ligou a um amigo seu no Texas, Sidney Adger, poderoso barão do petróleo de Houston, para lhe pedir que fizesse o possível para evitar que o filho fosse incorporado. Para Adger bastou um telefonema a Ben Barnes – então presidente da Assembléia estadual texana – para que o jovem Bush fosse colocado na reserva territorial do Texas, como piloto de caças que nunca sobrevoariam os céus asiáticos.  
Hoje, o retrato inicial de George W. Bush é quase irreconhecível. Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, conseguiu atingir os mais altos níveis de popularidade já alcançados por um presidente americano. Acusado de não ter experiência e de ser incompetente em política externa, George W. manobra agora com perícia os complexos mecanismos da diplomacia internacional, impondo ao mundo a sua visão da guerra no Iraque, para derrubar Saddam Hussein.  
A forma como conduziu a resposta aos atentados de Nova York e Washington alterou radicalmente a sua relação com a América, acabando de vez com o debate interno sobre a sua legitimidade no cargo e estabelecendo-se como um líder forte aos olhos da esmagadora maioria do país. Mas a persistente fraqueza da economia americana, aliada agora aos gastos com a guerra, tem provocado uma erosão gradual na sua popularidade.  
Pesou sobre os seus ombros a decisão final de mandar avançar os cerca de 300 mil soldados estacionados na região do Golfo. Quando chegou a hora, a ordem partiu unicamente da sua boca.  
A ascensão de George W, Bush, de jovem imaturo a líder da única superpotência mundial, reveste-se de contornos quase shakespearianos. No início da sua curta carreira política, a jornalista texana Molly Ivins deu a George W. o apelido de "arbusto" – tradução literal da palavra "Bush" em espanhol –, subentendendo que W. crescia sob a sombra frondosa do pai. Mas hoje, pelo menos no porte político, George W. Bush assemelha-se mais a um carvalho centenário

  
Os atentados de 11 de setembro fizeram os americanos cerrar fileiras em volta de Bush

Laura e Bárbara, as duas mulheres por trás dos dois presidente dos Estados Unidos, George Bush pai e filho

George W. senta-se agora na cadeira que foi do pai, durante quatro anos. Bush sênior ganhou dali a Guerra do Golfo de 1991

Todos os presidentes americanos dizem a frase de praxe ao tomar posse mas poucos levam a religião tão a sério como Bush.

O filho é o homem mais poderoso do mundo; o pai já foi. No meio, Bárbara,



Quando nasceram as gêmeas, no tempo em que bebia demais- Aos 40 anos deixou o álcool e tornou-se um religioso devoto

O pai é companheiro inseparável nas partidas de golfe



Com os aliados europeus Silvio Berlusconi

e Tony Blair

umprimentado pelo seu antecessor na Casa Branca, Bill Clinton

Bush na Normandia, onde os cemitérios estão cheios de americanos mortos pela França

" A liberdade que prezamos não é uma dádiva da América ao mundo mas um Dom de Deus concedido à humanidade"

Todos os dias, George Bush levanta-se de madrugada e escolhe um recanto mais sossegado da Casa Branca para ler a Bíblia

O cão Barney anima a Casa Brnca

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