Segredo de alcova I
O Brasil inteiro – e talvez boa parte do mundo – está louquinho para interpretar a imagem que a televisão mostrou e saber o que o presidente Lula e o senador eleito pelo Espírito Santo, Magno Malta (PL), cochicharam durante dois minutos, um ao pé do ouvido do outro, logo após o chefe do Executivo tomar posse oficial no Congresso Nacional.
Pelos gestos, com certeza, Magno Malta, que é pastor batista, não estava orando com Lula. Há quem jure que estava buscando ampliar seu espaço no novo governo.
Segredo de alcova II
A coluna descobriu o teor da conversa de pé-de-ouvido entre Magno Malta e Lula.
Primeiro, Magno disse a Lula que havia conversado com José Genoíno, presidente nacional do PT, sobre a necessidade de se criar uma força tarefa permanente no país contra o crime organizado.
O presidente, então, pediu a Magno que o ajudasse a formar uma base no Congresso para realizar isso.
Depois, Magno Malta cobrou de Lula a maior participação dos evangélicos no governo, lembrando que ninguém faz mais obra social no país do que esse grupo religioso. Lula, então, pediu ao senador eleito que pilote uma reunião, para depois de 15 de janeiro, com as lideranças sérias dos evangélicos, porque o presidente não quer tratar desse assunto com ninguém individualmente.
Magno voltou ao tema e sugeriu que, nesse encontro, Lula proponha objetivamente que cada cinco famílias nas igrejas evangélicas adotem uma família que passa fome: “Assim, você terá todos os evangélicos do Brasil atuando no Programa Fome Zero voluntariamente”.
O presidente achou a idéia genial e vai levá-la adiante. Ponto para o senador eleito pelo Espírito Santo.
O povo no poder
O povo brasileiro sentiu-se, ele mesmo, no poder com a posse do presidente Lula.
Foi o que se viu em Brasília no último dia 1º. Uma festa popular inédita, que jamais se viu na capital federal inaugurada há quase 43 anos, e em nenhum outro momento na posse de um presidente do Brasil em 113 anos de República.
Festa que se reproduziu no restante do país.
A segurança foi para as favas na festa da posse. Riscos à parte, ninguém estava mesmo preocupado com isso. “Não há segurança, só alegria”, resumiu José Dirceu, o ministro-chefe da Casa Civil.
É um momento diferente. Imagens iguais às da posse de Lula só nas mortes de Tancredo Neves e de Ayrton Senna. Mas, diferentemente daqueles momentos, agora é a vida que renasce na esperança.
Por justiça
Claro que os rumos da administração de Lula serão outros, possivelmente voltados para os mais humildes. Uma coisa, porém, não se poderá negar jamais ao presidente que sai, Fernando Henrique Cardoso.
É mesmo um grande diplomata, e estadista. O tempo o dirá, com certeza.
O homem mostrou, até na hora de passar a faixa, que é um gentleman.
Coisas da civilização
“Você tem um amigo aqui”.
Do presidente Lula ao receber a faixa presidencial do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi a única coisa que a emoção permitiu dizer.
Pedras no castelo
Confirmando sua origem popular, e é do meio que vem o ditado “com as pedras que me atiram construirei o meu castelo”, o presidente Lula resolveu pegar a pedra que Garotinho colocou em seu caminho, no último debate da campanha, e com ela iniciar a construção de seu governo.
A Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) – lembram-se? – foi o primeiro imposto reduzido por decreto pelo novo governo. E vai ser usada para segurar o preço dos combustíveis.
Estudar pra quê?
O presidente Lula estudou apenas o primeiro grau, o seu vice, José de Alencar, um dos empresários mais bem-sucedidos do Brasil, nem isso.
Mas como apenas dois em 170 milhões de brasileiros, isto a cada quatro anos, consegue chegar a tanto, é melhor a moçada estudar mesmo.
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Apenas uma ressalva: os Dragões da Independência não precisavam usar apenas bandeirinhas em vermelho e branco, cores do PT. No mínimo, deveriam ter alternado com bandeiras em verde e amarelo.
Gilberto Gil
O artista é ministro ou o ministro é artista?
Com a palavra, o antigo parceiro, Caetano Veloso. Ou não.
Vaias inéditas
O governador José Ignácio Ferreira saiu do Palácio Anchieta como entrou. Ao lado da mulher. E só.
E ainda experimentou inéditas vaias em pleno salão nobre, quando discursava antes da posse de seu sucessor, Paulo Hartung. Apesar disso, ainda sorriu e fez um gesto vitorioso, de punhos cerrados, ao fim do discurso.
Nesse quesito, saiu pior do que Vitor Buaiz, que estava muito mal, mas foi poupado até nos discursos de seu sucessor por conta de uma composição política pela qual o governo de Buaiz ajudou a eleger Ignácio.
Mas com Paulo Hartung foi diferente.
Pedra cantada
A coluna cantou a pedra em novembro que Lelo Coimbra (PSB), o vice-governador, seria o homem mais forte do governo de Paulo Hartung.
Numa entrevista em outubro, já eleito, Lelo tentou sair pela tangente quando o repórter o abordou sobre sua importância no governo.
Agora, tudo se confirma: muitos nomes foram cogitados, um deles chegou a ser dado como certo, mas o escolhido mesmo para a Casa Civil é Lelo Coimbra. Claro, para ser não só o braço direito, mas também o esquerdo do governador Paulo Hartung.
E com justiça. Sua escolha foi elogiadíssima nos meios políticos, pela capacidade de articulação política que Lelo demonstra, sem contar outra virtude valiosíssima: é homem de palavra. E vai falar em nome do governador.
Oposição articulada
Enquanto o Palácio dorme, a oposição se articula.
Os dirigentes estaduais do PTB, PDT e PL se reuniram no sítio do ex-presidente do PMDB, Dilton Lyrio, em Fundão, e decidiram que o grupo terá uma chapa à presidência da Assembléia Legislativa, em princípio com o deputado Cláudio Vereza (PT) para presidente. Mesmo que seja para perder.
Nos cálculo deles, têm nove votos: quatro do PT, dois do PL, um do PDT e dois do PTB.
A intenção é ganhar mais dois deputados dos novos eleitos e dar uma chave no grupo de cinco deputados do governador Paulo Hartung.
"Se eles não vierem conosco, vai ficar provado que estão ligados ao grupo dos deputados reeleitos e que estão queimados perante a sociedade", disse um participante do encontro.
Presente nobre
Luzia Toledo, que foi uma eminência parda nos quatro anos do governo de José Ignácio, ganhou um presente do maior valor do novo governador, Paulo Hartung (PSB).
Com a escolha de Ricardo Santos para a Secretaria de Educação, Luzia Toledo vai cumprir o último mês do mandato de senadora, como segunda suplente do próprio Ignácio. Ricardo era o primeiro.
Três frentes
Três frentes articulam-se na disputa da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa.
Uma é comandada por nove deputados reeleitos e que vai resultar na candidatura de Gilson Gomes (PFL) à presidência. Esse movimento é vinculado às antigas estruturas políticas do Estado, pretendendo levar de roldão pelo menos sete dos novos deputados.
Outra é a que se articula em torno do PT-PDT-PL e o PMDB sem mandato.
E a terceira pode vir alternativamente, envolvendo o chamado grupo dos sete, com os cinco deputados ligados ao governador (Paulo Folleto, César Colnago, Anselmo Tose, Mariazinha Vellozo Lucas e Janete).
Max x Agesandro
O deputado federal Max Mauro (PTB-ES) rompeu formalmente com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), Agesandro da Costa Pereira.
Numa carta enviada ao dirigente classista, Max Mauro o acusa de ter se omitido quando a Polícia Federal encontrou, nas licitações da Prefeitura de Vitória, o fio da meada do assassinato do advogado Marcelo Denadai.
Bênçãos
Não será por falta de bênçãos que o governo de Paulo Hartung vai dar errado.
Ele começou com bênçãos reforçadas.
Do pastor Francisco Mecenas, da Igreja Batista, e do arcebispo de Vitória, dom Silvestre Scandian.
Diferenças
Choveu e havia menos gente na posse de Paulo Hartung do que na de José Ignácio Ferreira há quatro anos.
Também não havia as caravanas do interior para encher a praça João Clímaco.
Carga pesada
Derrotado na disputa do governo do Estado, o deputado federal Max Mauro (PTB-ES) enviou uma carta ao ministro da Justiça implorando para que não vincule os trabalhos da missão especial no Espírito Santo à estrutura de segurança do governo do Estado.
Max Mauro acha que, se houver essa vinculação, a missão perderá a isenção, pois acredita que há ramificações do crime organizado no Estado, há muito tempo, na Prefeitura de Vitória, controlada há dez anos pelo setor do PSDB aliado do governador Paulo Hartung.
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Magno Malta
O presidente Lula e Marisa
Garotinho
José Ignácio Ferreira
Lelo Coimbra
Luzia Toledo
Agesandro da Costa Pereira
Max Mauro
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