As imagens que o Brasil mostrou ao mundo no dia 1º de janeiro não deixam dúvidas. As milhares de pessoas que foram às ruas saudar o novo presidente dão a dimensão exata das expectativas geradas com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Aclamado pelo povo, Lula assume como uma espécie de “salvador da pátria”.
Mas é no mar da “esperança que venceu o medo” que podem ocorrer grandes tormentas. Afinal, por mais otimista que se possa querer ser, é praticamente impossível imaginar que o novo presidente poderá, como em um passe de mágica, mudar rápida e radicalmente situações como a miséria, a fome, o desemprego, entre tantas outras mazelas que há décadas assolam este país.
Até mesmo as tendências de alta inflacionária, a instabilidade do câmbio, a elevação da taxa de juro básico dificilmente serão alteradas em curto prazo.
Conviver com todas essas situações e buscar soluções realistas é o grande desafio do novo presidente.
Agora chegou a hora de Lula descer do palanque, deixar de lado as grandes bandeiras da esquerda e simplesmente governar. E governar com responsabilidade.
Agora chegou o momento de Lula saber na prática que governar é mais do que ter vontade. É mais do que ver problemas. É muito mais do que simplesmente querer mudar.
Os primeiros passos dados pelo presidente parecem indicar que ele vai no caminho certo.
A nomeação de Antonio Palocci para o Ministério da Fazenda, se não deixou todos felizes, pelo menos não desagradou a comunidade econômica nacional e internacional. Luiz Fernando Furlan, da Sadia, no Ministério do Desenvolvimento, Henrique Meireles, ex-Bank Boston, no Banco Central, e Roberto Rodrigues, da Associação Brasileira do Agribusiness, no Ministério da Agricultura, mostraram que Lula definitivamente abandonou os velhos ranços petistas para finalmente aprender que é possível avançar com uma composição com toda a sociedade.
Faltam muitos passos para serem dados ao longo dos próximos quatro anos de mandato. Conduzir esse enorme país não é tarefa fácil. Lula, com certeza, sabia disso antes da posse. Durante anos, afirmou ser capaz de levar o Brasil para novos e melhores caminhos.
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