Vidabrasil circula em Salvador, Espírito Santo, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo Edição Nº: 317
Data:
30/10/2002
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Emoção e vocação  

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Sir Kin Kin  
o cavalheiro chinês

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Vasp é considerada por especialistas em economia uma das melhores e maiores empresas brasileiras
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E agora Lula?
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Na Bahia
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A família Nielsen, através da WN, assume o comando das empresas Varig no Espírito Santo
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Com a eleição de Lula, o deputado João Coser, transforma-se no mais importante político do Espírito Santo
Boca Miuda

Pés de coelho  
Uma semana depois de encerrado o primeiro turno, e conhecidos os resultados das eleições proporcionais no Estado, o deputado federal eleito Marcelino Fraga (PMDB) voou em companhia do suplente de senador Odilon Nichio (PPS), e suas respectivas mulheres, para Curitiba.  
Foram visitar e desejar sorte ao então candidato ao governo do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que em seus tempos de juventude morou em Colatina, terra de Marcelino e Odilon.  
Requião acabou eleito governador paranaense, numa eleição disputadíssima com Álvaro Dias (PDT).  
 
Cacique nocauteado  
Menos de três mil votos separaram o governador eleito Lúcio Alcântara (PSDB) do derrotado José Aírton (PT) no Ceará. Apesar do apoio de Tasso Jereissati e Ciro Gomes.  
No Distrito Federal, o jogo do governador Joaquim Roriz (PMDB) foi pesado para conseguir bater Geraldo Magela (PT), que o acusa de corrupção eleitoral e leva o pleito para os tribunais.  
Em Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB) foi nocauteado por Luiz Henrique (PMDB) para o governo.  
 
Adrenalina pura  
Nada se compara à adrenalina das eleições para o governo do Distrito Federal.  
Geraldo Magela (PT) e o governador Joaquim Roriz (PMDB) alternaram-se na liderança das apurações, com margens de 100 a 200 votos, quase o tempo inteiro.  
No final, deu Roriz, debaixo de muita contestação de Magela, que não quis reconhecer a vitória do adversário.  
 
Curso do Sindiex  
Com o objetivo de fortalecer e capacitar cada vez mais os profissionais que atuam no comércio exterior capixaba, o Sindiex – Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Estado do Espírito Santo promove a partir desta semana o curso “Importação por Conta e Ordem de Terceiros – Responsabilidade, Riscos e Cuidados das Empresas Fundapeanas”.  
O curso com duração de uma semana, será ministrado pelo auditor fiscal da Receita Federal, José Maria de Moraes Nogueira, sucessivamente a quatro turmas de vinte profissionais que atuam em empresas afiliadas ao Sindiex. O último curso ocorrerá entre 18 e 22 de novembro.  
 
Traição explícita  
A traição andou explícita nas eleições proporcionais no Espírito Santo.  
Uma de suas vítimas foi a ex-senadora Luzia Toledo, que teve mais de 16 mil votos, mas não conseguiu se eleger deputada estadual na coligação PSDB-PMDB-PPB. Ficou com a segunda suplência.  
Faltaram-lhe pouco mais de 200 votos para conseguir um mandato. Uma queixa especial de Luzia é contra o presidente do Alegrense, bicampeão capixaba de futebol, José Carlos Costa. A votação dela na cidade, que é o segundo maior colégio eleitoral do sul do Estado, foi ínfima.  
 
 
Dentalcorp  
Pesquisa realizada pela Agência Nacional de Saúde (ANS) e divulgada o mês passado, mostra que os planos odontológicos que tempos atrás eram apenas o 10º ou 11º benefício mais procurado pelos profissionais de Recursos Humanos das empresas já é 3º mais procurado agora. Isso porque seu custo é pequeno e ele garante excelentes ganhos em termos de produtividade e imagem para as empresas.  
A empresa paulista Dentalcorp que possui filiais espalhadas pelo Brasil afora, é uma das campeãos do bom atendimento.  
 
Assembléia I  
Uma reunião na semana passada pôs à mesa os mais importantes membros da Abert, o governador José Ignácio Ferreira e o presidente da Assembléia Legislativa, José Carlos Gratz. Na pauta, a revogação da lei que tributa em 25% as televisões. É provável que agora acabe a boataria em cima do Espírito Santo.  
 
Assembléia II  
E por falar em Gratz, o deputado está convidando os 20 novos colegas para conhecer todos os números da casa nos últimos 4 anos. Pretende com isso mostrar a transparência de suas ações.  
 
Homem forte  
Com a eleição de Lula para a presidência, o deputado federal João Coser (PT) torna-se o político mais influente do Espírito Santo.  
Ele sacrificou uma reeleição garantida para sustentar uma candidatura majoritária ao Senado e garantir um palanque para o presidente no Estado.  
Fontes ligadas ao próprio governo federal apostam em que, se não for ministro de alguma área, Coser pode escolher a Secretaria-Executiva de qualquer pasta para ocupar. Além de ser um interlocutor direto com Lula.  
Se o resultado fosse inverso, e José Serra o eleito, esse papel seria desempenhado certamente pelo prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas, de Vitória.  
Na foto, João Coser aparece com o primo Otacílio Coser, talvez o mais bem sucedido empresário do Espírito Santo. Apesar de trilharem caminhos diferentes, os dois têm relacionamento cordial e parecem carregar no sangue, o DNA do sucesso.  
 
Os suplentes  
Odilon Nichio, empresário de Colatina, que sempre sonhou com algum cargo político e o máximo que conseguiu foi ser vice-prefeito, é o primeiro suplente de João Batista Motta, ex-prefeito da Serra, que ocupa nos próximos quatro anos uma vaga no Senado em lugar de Paulo Hartung, eleito governador.  
O suplente de Magno Malta (PL) é Francisco Gonçalves Pereira, o Xyko Pneus, e o de Gerson Camata (PMDB) é o empresário Marcos Guerra, dono da Guermar, um dos grandes grupos de confecções de Colatina.  
Na antevéspera da eleição, Marcos foi inscrito em lugar de Luizinho Sphadeto, primo de Rita Camata, a ex-futura vice-presidente da República.  
Algo em comum entre os três suplentes: curiosamente, todos são empresários.  
 
Casa de ferreiro...  
E por falar em transparência, a OAB - ES está conversando com os deputados capixabas no intuito de manter o voto aberto no Legislativo. Na Ordem, no entanto, a ordem é manter o voto secreto. Engraçado, não?  
 
Agora é o Brasil  
O povo brasileiro mostrou rara sabedoria. Deu respostas nas urnas a todos os políticos. Elegeu Lula presidente com a segunda maior votação nominal da história da humanidade, mas em vários Estados brasileiros escolheu governadores que não eram do PT e nem aliados do partido. Optou pela alternância no poder em todas as instâncias, o que é bom para a democracia.  
Se mais de 60% do eleitorado brasileiro gritou nas urnas, um por um, “Agora é Lula”, certamente depois de exercer sua vontade de dar uma oportunidade a um presidente da esquerda diz: “Agora é o Brasil para os brasileiros”.  
Tem-se, enfim, um presidente que não fala nenhuma língua estrangeira, não tem diploma de curso superior, não tem sobrenome de elite – mas da maior família brasileira, os Silva, que, 500 anos depois da colonização da “terra brasilis”, chegam ao poder –, e nem tradição política, a não ser aquela que ele mesmo construiu a partir da fundação do PT, mas acima de tudo é um brasileiro.  
O sertanejo retirante, filho de uma numerosa família nordestina, sustentada por uma viúva de marido vivo, viúva da seca, da fome e da ameaça de morte por inanição, imigrantes no Sul maravilha, cresceu a partir da periferia da maior cidade da América Latina e é o mais bem acabado exemplo de que ao homem que luta tudo é possível.  
 
Por onde anda?  
Mário Amato, o presidente da poderosa Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que em 1989 disse que 800 mil empresários deixariam o país se Lula ganhasse para presidente, por onde andará?  
 
Cidade-estrela  
Quixeramobim, pequenina cidade do interior do Ceará, virou estrela no primeiro pronunciamento de Lula como presidente eleito.  
Foi quando ele resolveu fazer uma homenagem especial ao deputado federal José Genoíno, que perdeu a eleição para governador de São Paulo.  
“Para quem saiu de Quixeramobim, ter 42% dos votos em São Paulo é uma vitória”, disse Lula para consolar o companheiro de partido.  
 
Lula em Pancas  
A primeira vez em que Lula disse no Espírito Santo que seria candidato à Presidência da República foi sentado num tosco banco feito de tronco de madeira, num boteco pé-sujo em Pancas, no norte do Estado, em meados de 1988, quando participava das comemorações do Dia do Trabalhador Rural.  
Entre um gole de cerveja e outro, Lula disse isso para este colunista, na época chefe da sucursal de “A Gazeta” em Colatina. A matéria saiu em uma coluna de pé de página de política do então jornal de maior circulação do Estado. No ano seguinte, Lula disputava e perdia a Presidência numa dura disputa com Fernando Collor de Mello.  
Perdeu duas eleições para Fernando Henrique Cardoso, a segunda delas levando muita gente a garantir que Lula estava sepultado politicamente. Mas, a exemplo de quando sua família saiu da extrema miséria no sertão pernambucano, Lula não desistiu e, agora, faz história.  
 
O futuro da esquerda  
A esquerda recebe uma oportunidade ímpar na história da conservadora sociedade brasileira. Depois de 10 anos de FHC – dois anos como “primeiro ministro” de Itamar Franco e oito como presidente –, Lula é eleito presidente. Que ninguém se iluda. O império da esquerda tem prazo de validade. No mínimo quatro, no máximo 12 anos.  
Se Lula der certo, tanto pode se reeleger como dar a vez a uma outra alternativa, tipo Anthony Garotinho. Neste caso, Aécio Neves vai para a reeleição e adia por quatro ou oito anos seu projeto do Palácio do Planalto. Com certeza, a menos que muita coisa mude, esse são os três nomes que dominarão a cena política brasileira por pelo menos 16 anos.  
De qualquer forma, a administração de Lula vai dar o tom da conformação política de uma futura candidatura de Aécio Neves: de centro-direita, se Lula for mal, ou de centro-esquerda, se Lula for bem.  
Na segunda fila das estrelas políticas, o próprio José Serra – que perdeu para Lula –, Ciro Gomes, Tasso Jereissati, Antonio Carlos Magalhães e Geraldo Alkmin, que emerge com luz própria na política paulista.  
 
Voto-mistério  
Algumas perguntinhas básicas que os capixabas andam se fazendo.  
Em quem terá votado o governador José Ignácio Ferreira? No petista Lula ou em José Serra, seu ex-companheiro tucano?  
Hartung: em Lula, de quem é aliado o ex-presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, ou em Serra, seu velho companheiro e amigo de seus amigos?  
Rita Camata: em Lula, que como ela sempre fez oposição ao governo FHC, ou em Serra, candidato do governo e que a deixou sem mandato pela primeira vez nos últimos 20 anos ao enfiá-la numa enrascada?  
 
Derrotas do PT  
Um dado a ser considerado: com exceção de Zeca do PT, todos os outros candidatos da legenda a governador que ficaram para o segundo turno, foram derrotados.  
 
Os Silva  
A família Silva, a maior do Brasil, chega duplamente ao poder.  
O presidente eleito é Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice é José Alencar Gomes da Silva. A mulher tanto de um quanto de outro têm Marisa como prenome. E Silva no final do nome.  
 
Primeiro desafio  
O primeiro desafio a ser enfrentado pelo futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é a data-base dos servidores públicos federais em janeiro. Há oito anos eles não têm reajuste salarial.  
 
Hora de transição  
Todos os dirigentes de empresas públicas federais foram chamados a Brasília para uma reunião, logo pela manhã da terça-feira após a confirmação da eleição de Lula, antecedendo o encontro que o próprio presidente eleito teria à tarde com o atual presidente, Fernando Henrique Cardoso.  
Já em pauta a transição para o novo governo. Lições que deveriam se repetir nos Estados. Afinal, o povo, que é o grande patrão dessa turma toda, merece respeito.  
 
Lição do Rio  
O Rio de Janeiro foi responsável pela maior coça dada a José Serra (PSDB) no segundo turno das eleições presidenciais: Lula teve 79,1% dos votos e Serra 20,9%.  
O Espírito Santo, mais uma vez, foi o primeiro Estado a terminar a apuração. Lula ficou com pouco mais de 59% e Serra com pouco mais de 40%. Só ganhou em Venda Nova do Imigrante, terra de sua vice, Rita Camata.  
 
Frases  
“Se alguma coisa tiver de mudar nesse país vai mudar através dos metalúrgicos do ABC”. Lula, em 1979, no movimento grevista em São Bernardo do Campo (SP).  
“A esperança venceu o medo”. Lula, em 27 de outubro de 2002, no primeiro pronunciamento como presidente eleito do Brasil.  
“Bem...”, primeira palavra pronunciada por Lula como presidente eleito do Brasil.  
 
 

  
deputado federal João Coser (PT) torna-se o político mais influente do Espírito Santo

Lula

José Carlos Gratz

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