o Arnage oferece-se a uma minuciosa contemplação, sem que os olhos se distraiam ou aborreçam. Basta explicar a forma como é pintado: a superfície da sua carroceria monobloco com 6.500 pontos da solda é polida à mão, acrescentando-se depois 27 camadas de tinta e 10 de tratamento anticorrosão, num recinto mergulhado em luz, sem poeira ou outras impurezas. Depois, volta a ser polido, em dez longas horas. O resultado é uma superfície tão suave que a palavra “suave” deixa de ser adjetivo, para passar a ser substantivo: a pintura faz saltar em cada detalhe mais uma dimensão, como se fosse o espelho da alma do carro. Por ser pensado para uma pessoa, os seus componentes são naturalmente escolhidos pelo futuro dono, que pode entregar-se à composição de uma obra que também é sua. E, apesar da fama tradicionalista do Bentley, o motor, a suspensão, a transmissão e os freios são controlados por computador, havendo ainda um receptor de satélite para facilitar a sua orientação. O labor com que é executado, no esmero dos acabamentos, sublinha ainda mais os defeitos do ser humano. É que o Arnage reflete o que podia ser um indivíduo perfeito
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