Jesus
Vivemos num mundo barulhento, onde as pessoas, de uma
forma geral, deixam jorrar as palavras ao sabor de suas emoções sem, no
entanto, ter o menor controle sobre elas. Vão soltando-as sem se darem ao
trabalho de avaliar o efeito que causarão.
Há pessoas que se orgulham de que não têm “papas nas
línguas’. Confundem sinceridade com grosseria. Vivem ferindo as pessoas e não
estão nem aí com o que provocam. Contudo, não conseguem compreender porque
encontram tantas resistências, tantas provocações e tantos dissabores. Embora,
o ditado popular que diz “quem semeia vento, colhe tempestade” servisse para
mostrar a ligação que há entre causa e efeito, muitos, através de suas próprias
bocas, continuam semeando discórdia, mas teimam em não perceber a origem
daquilo que colhem. Também a sabedoria popular ilustra bem este comportamento
inconseqüente no ditado: “quem fala o que quer, escuta o que não quer”.Enfim,
guerras já foram deflagradas por conta de palavras, porém, a humanidade teima
em não perceber o poder (de destruição e união) que existe no seu uso.
Com palavras de amor e compreensão um ser humano
excepcional foi capaz de revolucionar o mundo. Cristo não utilizou outra coisa
para transformar a humanidade senão palavras que, até hoje, continuam vivas e
atuais.Sabemos o quanto uma palavra de esperança, compreensão e de conforto
podem fazer para ajudar alguém desesperado. Menosprezar o poder das palavras é
desprezar um poder magnífico que manejamos e que pode afetar e alterar radicalmente
as nossas vidas.
Com certeza, há um exagero equivocado quanto ao
verdadeiro poder das palavras. Atualmente existem dezenas de cursos que falam
sobre o poder da auto-afirmação. Todavia, os princípios aplicados para que, supostamente,
uma afirmação promova mudanças significativas em nossas vidas, é facilmente
verificável como ineficaz, isto porque, os verdadeiros princípios que regem as
palavras não se baseiam em mera afirmações.Por exemplo, o fato de alguém
afirmar todo dia que vai ganhar na loteria não vai fazer com que este alguém
realmente ganhe na loteria. Uma simples afirmação não vai substituir a condição
de alguém se o seu estado mental não se transformar. Se alguém faz uma
afirmação mas, não tem confiança profundamente naquilo que afirma, então, a
afirmação não é capaz de provocar, atrair ou modificar alguma coisa.
É evidente que uma afirmação positiva (e, infelizmente,
negativa também), repetida todos os dias, pode contribuir para que haja uma
mudança efetiva em nosso estado mental. Aliás, acreditamos que se o nosso
estado mental afeta as nossas palavras, as nossas palavras também afetam o
nosso estado mental. Mas, neste caso, a palavra apenas está sendo usada como
uma ferramenta para criar uma condição (mental) desejável, que, por sua vez,
realmente provocará mudanças em virtude de nosso estado mental positivo.
Uma palavra pode marcar alguém para o resto da vida. A
criança, por conta de sua sensibilidade, é mais suscetível às palavras. Uma
palavra dita para uma criança pode determinar o seu futuro. É muito comum, por
ignorância, os pais dizerem: “esta menina é um desastre; este menino é muito
burro; etc. O nosso subconsciente, ao determinar algo como verdadeiro, cria
leis mentais que tentará cumprir à risca.Ou seja, a nossa responsabilidade com
o uso das palavras é imensa, colossal. Tanto, através delas, construímos as
nossas vidas, como afetamos as vidas alheias.
Na maioria das vezes as nossas brincadeiras com os
nossos amigos, infelizmente, sempre são feitas através de palavras que
diminuem, menosprezam e criam insegurança. À princípio podemos achar este tipo
de brincadeira banal, inofensiva, entretanto, a longo prazo, os danos
interiores de certos tipos de afirmação podem demonstrar serem bastante
desastrosos. Precisamos ser bastante cuidadosos com o humor mordaz, pois, a
melhor forma de criarmos uma lei mental é através do humor. Através do humor
não criamos resistências e, é aí, que reside o maior perigo. As palavras que
são aceitas, tanto positivas como negativas, tornam-se verdades para nós. Toda
verdade, definida por nós, tornar-se uma lei para a nossa mente, não importa se
esta “verdade” tenha qualidades positivas ou negativas.
Cristo, em sua imensa sabedoria, disse: “o mal não é o
que entra na boca do homem, mas o que sai de sua boca”. A palavra põe em
movimento a energia esboçada pela mente. Precisamos ser senhores das palavras,
no entanto, para sermos senhores das palavras precisamos, antes, nos tornar
senhores de nossas emoções.
Se não controlamos nem a nossa mente, como podemos
controlar o uso das palavras? Isto significa que precisamos ter sempre
serenidade mental para usarmos as palavras com sabedoria. Ou seja, nada
significa termos conhecimento da importância do uso das palavras se somos
incapazes de controlarmos os nossos impulsos.
Entretanto, independente do domínio que tenhamos sobre
nós mesmos, existem palavras negativas e positivas e, queiramos ou não,
colhemos os frutos das palavras que emitimos. Somos os responsáveis, portanto,
pela qualidade de nossas colheitas. O fato é que a prática de palavras
positivas pode transformar completamente as nossas vidas.
Faz de mim um instrumento de tua paz
Onde houver ódio, que eu leve amor,
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver o erro, que eu leve a verdade.
Onde houver dúvida, que eu leve a fé.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Ó senhor, que eu não busque tanto ser consolado quanto
consolar,
Ser compreendido quanto compreender,
Ser amado quanto amar,
Porque é dando que se recebe,
É esquecendo de nós mesmos que nos encontramos,
É perdoando que somos perdoados,
É morrendo que renascemos para a vida eterna”
São
Francisco de Assis