Pelo fato de ter conhecido recentemente Israel, durante
um curso de capacitação em reuso de águas residuais, promovido pelo governo
federal (julho de 2008, antes da guerra em Gaza, iniciado em janeiro de 2009),
o meu interesse por tudo que vem ocorrendo naquele país aumentou
significativamente. Faz sentido! É como ver uma cena de um filme que passa em
um lugar que você já viveu ou visitou. Nossos olhos brilham, a audição e
atenção ficam mais aguçadas tentando reconhecer cada imagem e tudo ganha mais
significado. Tem sido assim, depois que voltei de Israel. As cenas deste
“filme” tão real, que passa a todo instante nos nossos noticiários, começaram a
despertar um novo interesse para mim.
Durante o período que passei naquele país, pude
perceber o alto nível de desenvolvimento, avanços tecnológicos e, sobretudo, a
gentileza do seu povo, tanto por parte dos judeus como de outros que ali vivem.
Sem citar a beleza que permeia os inúmeros lugares que visitei, a qual se
potencializava com a presença solidária das pessoas que nos cercavam ou
guiavam. Não posso esquecer a cena da garota
árabe, que gentilmente nos ensinou como usar o manto que cobria sua cabeça,
assim como das crianças judias, que brincavam com outras árabes em uma praça de
Tel Aviv. Totalmente alheias as suas diferenças, visivelmente identificadas nas
suas roupas, linguagem ou traços físicos, elas participavam de uma espécie de
um jogo. Em certo momento, ainda que não entendesse nada daquilo que
conversavam, pude perceber que o grupo tentava resolver um conflito em
curso.Todos tiveram oportunidade de falar, emitir opinião e, finalmente, após a
fala de uma criança que parecia liderar o diálogo, as demais acenaram
positivamente, sinalizando um perfeito consenso e continuaram a brincar
alegremente, numa algazarra que passou a se confundir com os meus pensamentos e
reflexões que iam e vinham à tona naquele momento.
Eram pensamentos que chegavam ao acaso, desde lembranças
de fatos vividos no passado, a passagens mais recentes. Lembrava da
recomendação da minha irmã, no momento que me dirigia ao aeroporto: “Todo
cuidado é pouco em Israel! Você está
viajando para uma área de conflito!”. Por conhecer bem meu lado aventureiro,
ela tinha motivos para me fazer esta recomendação. Lembrava também das inúmeras
cenas assistidas na televisão relacionadas com os conflitos que ocorriam na Faixa de Gaza e, no emaranhado destes
pensamentos, tentava entender o que justificava as guerras e o ódio entre os povos. Buscava
respostas não só para a guerra que envolvia os israelenses e os palestinos (a
qual, felizmente, não cheguei a ver nem sombra no período que estive em
Israel), mas também para tantas outras guerras que se deflagram entre povos,
grupos, pares...
Analisando o conflito que atualmente envolve Israel, à
luz de outros tipos de “guerras” que convivemos diariamente, concluo que todas
elas têm motivos comuns: a falta de diálogo, tolerância, boa vontade junto aos
nossos semelhantes, o que nos faz enxergar apenas as nossas próprias razões,
assim como aceitar os nossos próprios argumentos.
Quantas vezes, em ambientes de trabalho, deflagram-se também guerras entre pessoas ou grupos, movidas por estes mesmos motivos. Percebe-se que nestes momentos os líderes podem e devem exercer um papel relevante na busca de uma solução para o conflito. Quando as partes envolvidas não se entendem, é ele que pode interceder, analisando de forma imparcial os fatos, ouvindo, praticando a empatia ao se colocar no lugar do outro, negociando então as possíveis soluções. Isso não parece ser uma tarefa difícil. Fazemos isso com os nossos filhos e, pelo que tudo indica, as crianças que brincavam na praça, em Tel Aviv, também o fizeram.
Muitas pessoas já tiveram oportunidade de vivenciar conflito em empresas nas quais seus líderes tomaram decisões, sem ouvir, ou apenas ouvindo uma parte deste conflito. Em geral, este tipo de postura traz conseqüências graves, não só para a parte não ouvida, (que por certo, sempre é a mais prejudicada), mas também para toda organização, ainda que este tipo de prejuízo nem sempre seja quantificado nas empresas. Há também aqueles líderes que se omitem, “lavam as mãos”, deixando o conflito se solucionar com o tempo, sem se darem conta que eles infectam os ambientes e as pessoas, como bombas biológicas de efeito gradativo.
Seja qual for a dimensão de uma guerra: grande,
pequena, local ou global, as lideranças sempre exercerão um papel relevante em
relação aos rumos que estas podem tomar! Não é à toa, portanto, que o meu
interesse, e também do mundo, se voltem agora para as novas lideranças que
assumem o poder em Israel.
Esperamos que Binyamin
Netanyahu, o novo líder encarregado de formar o atual governo israelense,
não adote uma postura equivocada ou omissa diante dos conflitos que assolam o
país. A esperança de que Barack Obama,
novo líder dos EUA, venha interceder com foco na paz no oriente médio já está
disseminada em todo o mundo. É fato que Obama foi eleito presidente dos EUA com
a promessa de uma posição mais diplomática e menos militarista que o antecessor
George W. Bush. Resta, então, desejar que estes novos líderes sejam sábios,
sensatos, tolerantes e além de tudo dotados de grande boa vontade perante seus
semelhantes.
Nos períodos de Natal costumamos ouvir repetidamente a
frase bíblica: “Paz na terra aos homens de boa vontade”. Mas, para praticar a
boa vontade é necessário que, preliminarmente, nos deixemos envolver por um
sentimento mágico, capaz de fazer com que cada um veja no outro a si mesmo. Só
assim poderemos respeitar os direitos, valores, as posições, os pontos de
vistas dos nossos semelhantes e praticarmos de forma plena o exercício da boa
vontade. Torcemos, então, para que todos os líderes do mundo: grandes
pequenos, velhos e novos, possam encontrar os caminhos da boa vontade.
Só assim poderemos viabilizar a paz, tão desejada e perseguida por todos! PAZ
NA TERRA AOS LÍDERES DE BOA VONTADE!