PAZ NA TERRA...

quinta-feira, 19 de março de 2009

...AOS LÍDERES DE BOA VONTADE.Quando parece haver uma trégua no conflito que envolve os palestinos e israelenses, trazendo um pouco de paz, principalmente para aqueles que vivem na Faixa de Gaza, o foco das atenções volta-se agora para as novas lideranças que vão assumir o poder em Israel e que, consequentemente, terão um papel fundamental sobre o rumo e a dimensão deste conflito.

PAZ NA TERRA...



Pelo fato de ter conhecido recentemente Israel, durante um curso de capacitação em reuso de águas residuais, promovido pelo governo federal (julho de 2008, antes da guerra em Gaza, iniciado em janeiro de 2009), o meu interesse por tudo que vem ocorrendo naquele país aumentou significativamente. Faz sentido! É como ver uma cena de um filme que passa em um lugar que você já viveu ou visitou. Nossos olhos brilham, a audição e atenção ficam mais aguçadas tentando reconhecer cada imagem e tudo ganha mais significado. Tem sido assim, depois que voltei de Israel. As cenas deste “filme” tão real, que passa a todo instante nos nossos noticiários, começaram a despertar um novo interesse para mim.

Durante o período que passei naquele país, pude perceber o alto nível de desenvolvimento, avanços tecnológicos e, sobretudo, a gentileza do seu povo, tanto por parte dos judeus como de outros que ali vivem. Sem citar a beleza que permeia os inúmeros lugares que visitei, a qual se potencializava com a presença solidária das pessoas que nos cercavam ou guiavam. Não posso esquecer a cena da garota árabe, que gentilmente nos ensinou como usar o manto que cobria sua cabeça, assim como das crianças judias, que brincavam com outras árabes em uma praça de Tel Aviv. Totalmente alheias as suas diferenças, visivelmente identificadas nas suas roupas, linguagem ou traços físicos, elas participavam de uma espécie de um jogo. Em certo momento, ainda que não entendesse nada daquilo que conversavam, pude perceber que o grupo tentava resolver um conflito em curso.Todos tiveram oportunidade de falar, emitir opinião e, finalmente, após a fala de uma criança que parecia liderar o diálogo, as demais acenaram positivamente, sinalizando um perfeito consenso e continuaram a brincar alegremente, numa algazarra que passou a se confundir com os meus pensamentos e reflexões que iam e vinham à tona naquele momento.

Eram pensamentos que chegavam ao acaso, desde lembranças de fatos vividos no passado, a passagens mais recentes. Lembrava da recomendação da minha irmã, no momento que me dirigia ao aeroporto: “Todo cuidado é pouco em Israel! Você está viajando para uma área de conflito!”. Por conhecer bem meu lado aventureiro, ela tinha motivos para me fazer esta recomendação. Lembrava também das inúmeras cenas assistidas na televisão relacionadas com os conflitos que ocorriam  na Faixa de Gaza e, no emaranhado destes pensamentos, tentava entender o que justificava as  guerras e o ódio entre os povos. Buscava respostas não só para a guerra que envolvia os israelenses e os palestinos (a qual, felizmente, não cheguei a ver nem sombra no período que estive em Israel), mas também para tantas outras guerras que se deflagram entre povos, grupos, pares...

Analisando o conflito que atualmente envolve Israel, à luz de outros tipos de “guerras” que convivemos diariamente, concluo que todas elas têm motivos comuns: a falta de diálogo, tolerância, boa vontade junto aos nossos semelhantes, o que nos faz enxergar apenas as nossas próprias razões, assim como aceitar os nossos próprios argumentos.

Quantas vezes, em ambientes de trabalho, deflagram-se também guerras entre pessoas ou grupos, movidas por estes mesmos motivos. Percebe-se que nestes momentos os líderes podem e devem exercer um papel relevante na busca de uma solução para o conflito. Quando as partes envolvidas não se entendem, é ele que pode interceder, analisando de forma imparcial os fatos, ouvindo, praticando a empatia ao se colocar no lugar do outro, negociando então as possíveis soluções. Isso não parece ser uma tarefa difícil. Fazemos isso com os nossos filhos e, pelo que tudo indica, as crianças que brincavam na praça, em Tel Aviv, também o fizeram.

Muitas pessoas já tiveram oportunidade de vivenciar conflito em empresas nas quais seus líderes tomaram decisões, sem ouvir, ou apenas ouvindo uma parte deste conflito. Em geral, este tipo de postura traz conseqüências graves, não só para a parte não ouvida, (que por certo, sempre é a mais prejudicada), mas também para toda organização, ainda que este tipo de prejuízo nem sempre seja quantificado nas empresas. Há também aqueles líderes que se omitem, “lavam as mãos”, deixando o conflito se solucionar com o tempo, sem se darem conta que eles infectam os ambientes e as pessoas, como bombas biológicas de efeito gradativo.

Seja qual for a dimensão de uma guerra: grande, pequena, local ou global, as lideranças sempre exercerão um papel relevante em relação aos rumos que estas podem tomar! Não é à toa, portanto, que o meu interesse, e também do mundo, se voltem agora para as novas lideranças que assumem o poder em Israel.

Esperamos que Binyamin Netanyahu, o novo líder encarregado de formar o atual governo israelense, não adote uma postura equivocada ou omissa diante dos conflitos que assolam o país. A esperança de que Barack Obama, novo líder dos EUA, venha interceder com foco na paz no oriente médio já está disseminada em todo o mundo. É fato que Obama foi eleito presidente dos EUA com a promessa de uma posição mais diplomática e menos militarista que o antecessor George W. Bush. Resta, então, desejar que estes novos líderes sejam sábios, sensatos, tolerantes e além de tudo dotados de grande boa vontade perante seus semelhantes.

Nos períodos de Natal costumamos ouvir repetidamente a frase bíblica: “Paz na terra aos homens de boa vontade”. Mas, para praticar a boa vontade é necessário que, preliminarmente, nos deixemos envolver por um sentimento mágico, capaz de fazer com que cada um veja no outro a si mesmo. Só assim poderemos respeitar os direitos, valores, as posições, os pontos de vistas dos nossos semelhantes e praticarmos de forma plena o exercício da boa vontade. Torcemos, então, para que todos os líderes do mundo:  grandes  pequenos, velhos e novos, possam encontrar os caminhos da boa vontade. Só assim poderemos viabilizar a paz, tão desejada e perseguida por todos! PAZ NA TERRA AOS LÍDERES DE BOA VONTADE!


Autor: Dora Abreu
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Existe 1 comentário para esta publicação
terça-feira, 24/3/2009 por Rosalvo de Oliveira Junior
paz na terra aos homens e mulheres de boa vontade
O equilibrado e bem escrito artigo merece a sua leitura repetida vezes, de forma que possamos refletir acerca dos conflitos existentes em nosso planeta, e não apenas em Israel. E a solução de conflitos está nas pessoas e não apenas nos "líderes".
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