Tente conhecer um pouco da história desta região
denominada de Triângulo Dourado, precisamente porque o famoso rio Mekkong, que
desce da China, serve de fronteira entre a Tailândia, o Laos e a Birmânia
(agora Mianmar). Você vai, então, ficar sabendo que o antigo Reino de Ceilão,
hoje Tailândia, foi até há pouco tempo a única parada pacífica, servindo, por
isso, de refúgio e constantes correntes migratórias provenientes da China e do
Tibete, não raramente da Índia e do Vietnã. Ao partir no jipe que previamente
alugou, deve considerar esta realidade; só assim vai compreender as diferenças
étnicas com que vai conviver, às vezes num trajeto de 30 ou 40 km. Contrastes
gritantes na fisionomia das pessoas, nos seus hábitos, na afabilidade ou receio
com que nos recebem.
Deve, também, saber que a principal fonte de rendimento
na região foi, durante muitos anos, a agricultura: de subsistência, no caso dos
bens alimentares (arroz, principalmente) e para rendimento, caso dos imensos
campos de papoulas de ópio.
Zona
do Ópio – Estamos, na verdade, na zona do globo que,
oficialmente, só há pouco tempo perdeu o status de maior produtor mundial de
ópio, depois do governo tailandês ter proibido esta atividade, num gesto apenas
simbólico. Isto porque muitos agricultores preferem correr os riscos
decorrentes das raras incursões do exército, do que abandonar a sua atividade
milenar e que é, afinal, a única fonte de subsistência. É, por isso, comum
depararmos com florestas densas que escondem no seu interior imensos campos de
papoulas, como não é raro encontrarmos à nossa frente barreiras militares que
impedem a nossa progressão, nos dando conta que entramos em território não
tailandês. No fundo, o que se passa é que estamos nos aproximando de uma zona
controlada pelo grupo que negocia praticamente toda a produção de droga desta
região do mundo e que tem a seu serviço um poderoso exército. Embora não tenham
uma atitude hostil, é bom que respeite as instruções daqueles militares e
retroceda a marcha.
E não julgue, sequer, que deixou para trás algo que
valia a pena conhecer. Nada disso. Ao optar por um caminho alternativo vai com
certeza descobrir motivos de interesse muito maior. Nesta região, onde as
estradas rareiam mas onde nem por isso é difícil reabastecer ou dormir em
excelentes resorts, aquilo que realmente vale a pena é desfrutar da paisagem a
cada passo surpreendente que alterna o verde luxuriante, salpicado pelas
pequenas aldeias de casas em colmo, com o ocre do místico rio Mekkong e,
sobretudo, tentar descobrir os raros santuários que os guias turísticos não
citam numa tentativa desesperada das populações para preservarem aquelas que
são as suas maiores riquezas
Vale a pena
Pôr-do-sol no rio Mekkong
Palácio da Rainha Sirikit, em Dci Thung
Templo Budista Doi Suthep, em Chiang Mai
Feira, à noite, em Chian Rai
Mercado em Mae Hong Son, logo pela manhã, quando os
camponeses descem das montanhas para vender o artesanato
Não vale a pena
Visitar a aldeia Padong, junto à Birmânia, para ver as
tristemente famosas mulheres de pescoço de girafa. É uma espécie de jardim
zoológico humano, onde para entrar tem que pagar, dinheiro esse destinado à
guerrilha birmanesa. Isto para ver mulheres de rosto triste e corpo
desfigurado.
O que comer
Resposta difícil. Quase tudo tem um ar suspeito mas
acaba por se revelar inofensivo. À exceção da sopa de cobra ou da aguardente de
centopéia.
Onde dormir
Só nos “resort” devidamente assinalados nos mapas
turísticos. Há locais paradisíacos. No Triângulo Dourado, o Hotel Meridian, em
Mae Sai, é obrigatório, tal como o Royal Ping Garden, em Mae Taeg e o The Dhari
Dheva, Mandarin Oriental, Chiang Mai .