Diz a história que o arcanjo São Miguel apareceu num
sonho do bispo, pedindo-lhe a construção de uma abadia, exatamente no topo
daquela pequena formação rochosa. A sua localização não poderia ser mais
especial. É neste ponto que ocorre a maré mais alta da Europa, fazendo com que
o desnível entre as marés alta e baixa atinja 15 metros em determinados dias.
Por isso, duas vezes ao dia, a cidadela transforma-se numa ilha, parecendo ter
sido enfeitiçada pelos deuses. Em 966, os beneditinos substituem os primeiros
religiosos, dando origem a um período de grande prosperidade. No século XII, o
monte transforma-se num importante centro de peregrinação, fazendo parte da
rota que incluía Roma, Jerusalém e Santiago de Compostela. Visitamos também a
ampliação da abadia e construção de A maravilha, o coração do edifício. As
obras duram 17 anos, ao mesmo tempo que o estilo romano dá lugar ao gótico. A
arquitetura do local transforma-se num verdadeiro reflexo da sociedade
medieval. No sopé, encontramos a cidade e os comerciantes; no castelo, viviam
os nobres, e na parte mais alta da ilha, os monges.
Hoje, Le Mont Saint Michel é o segundo lugar mais
visitado na França, contando com mais de dois milhões de turistas ao ano. Para
desfrutar de todo seus encantos, comece com passeios a pé. Explore as ruas, os prédios e perca-se nesse
labirinto de história. Se a maré estiver baixa, aproveite para caminhar no
imenso areal que circunda a cidadela, mas tenha cuidado com as areias
movediças. Depois, não deixe de almoçar no Les
Terrasses Poulard, e apreciar um prato típico da Normandia, acompanhado de
um bom vinho da região. Em seguida, prepare-se para a verdadeira exploração da
abadia. São organizadas visitas variadas, em diversos idiomas, para que você
possa saber tudo sobre os salões, os corredores, as câmaras escuras, os portais
e todos os detalhes deste magnífico edifício. Se for aventureiro, parta sozinho
para a descoberta dos recantos mágicos do castelo e deixe-se envolver pelo lado
espiritual do lugar. Aproveite também para visitar o museu de cera, que conta a
história da cidade e das personalidades ligadas à sua construção. Se quiser
levar um bocadinho deste tesouro medieval para casa, pode sempre comprar
algumas lembranças nas inúmeras lojinhas e antiquários existentes no interior
da cidadela.
Finalmente, e para tomar coragem para regressar ao “mundo real”, delicie-se com os famosos crepes e galettes, numa das pastelarias de Le Mont. Guarde consigo a magia do local e faça dela uma fonte de inspiração, até que possa voltar novamente à “maravilha do Ocidente”.
Em Salvador, o chef Marc Le Dantec, nascido e criado nessa maravilha, representa muito
bem a tradição da sua terra natal servindo as iguarias da Bretanha na sua
invejável cozinha contemporânea. Ele aparece na foto ,em pé entre Ed Mota e o
empresário Pedro Paulo Bastos.