Annabel Chong, 22 anos,
fez sexo consecutivo 251 vezes, com 80 homens, em 1995. Um ano depois, Jasmine
St. Clair superou-a: 300 vezes com 51 homens. Em 1999, a jovem Houston bateu o
recorde: 620 vezes com o mesmo número de homens!“Dizia as maiores obscenidades e mexia o corpo convulsivamente, exibindo-se com
as poses mais provocadoras”. Uma das primeiras ninfomaníacas diaganosticadas
como tal foi assim descrita, em 1841, no Boston Medical Sugery Journal.
Chamaram-lhe Miss T, tinha 29 anos (EUA). Os médicos acreditaram que o
desmesurado tamanho do clitóris dela estava na origem das suas fúrias sexuais.
Neutralizar o órgão do prazer feminino foi então a meta deles para curarem a
jovem. Recorreram a aplicação de medicamentos cáusticos na zona, duchas de água
fria e sangrias. Ao fim de algumas semanas, Miss T ficou desprovida de desejo
sexual. Mas cura não foi realmente a palavra a ser usada para este caso.
O conhecimento da existência de mulheres com apetite sexual insaciável remonta
à Antiga Grécia – as célebres ninfas, divindades do prazer e da reprodução,
estão na origem da palavra ninfomania.
Mortas de desejo - A
atividade sexual excessiva (definição da ninfomania em sentido restrito) só
começou a ser considerada doença no século XIX, marcado pela repressão sexual e
a moral vitoriana. O neurologista Richard Krafft Ebing, que viveu em finais
desse século, afirmou que os casos mais extremos podiam mesmo conduzir à morte.
O psiquiatra Maresch deu-lhe razão ao documentar três exemplos em 1871: dizia
que as vítimas morriam de esgotamento por causa dos delírios obscenos.
Mas o que mais inquietava os médicos era perceber as causas do problema. Os
adeptos do movimento frenológico pensaram que a origem estava no cérebro e que
as vítimas da doença tinham o cerebelo muito desenvolvido. A autópsia a uma
ninfomaníaca, contudo, mostrou que tal idéia estava errada. Mais tarde,
avançou-se com a teoria do tamanho excessivo do clitóris, mas também se
comprovou não fazer sentido. E assim, através do método tentativa-erro,
concluiu-se que a ninfomania era causada por distúrbios psíquicos.
Relações de medo - “A
ninfomania é uma variante do comportamento sexual em que a mulher se sente
compelida a mudar constantemente de parceiro, sem estabelecer um relacionamento
estável com nenhum deles”, explica o psicólogo Gabriel Frada. Acima de tudo, a
ninfomania está inscrita na personalidade da mulher. A sua insegurança profunda
não lhe permite ligações afetivas consistentes – o fundo psicológico de base é
o medo.
Hoje em dia sobram teorias sobre as causas da ninfomania, mas nenhuma delas é
totalmente convincente. Até porque a origem da ninfomania varia conforme os
casos. Entre as explicações dadas, as seguintes são as mais comuns: tentativa
de compensar a privação sexual sofrida na adolescência; ‘inveja do pênis’ e desejo
de vingar-se do pai; necessidade de compensar certas tensões emocionais;
negação de tendências homossexuais; medo de frigidez; necessidade de ser amada
e aceita.
Muito e saudável - Uma
mulher com bastante apetite sexual não é necessariamente desequilibrada. Como
assinala o psiquiatra Stoller, as relações sexuais são relevantes para a mulher
ninfomaníaca, não em termos de gratificação erótica, mas como uma maneira de
satisfazer a necessidade de auto-afirmação.
A mulher saudável com bastante apetite sexual tem essa dotação de viver com
entusiasmo a cada relação e desejo de renovar o prazer alcançado. Na opinião da advogada paranaense Ive F.“Na prática,
quando a mulher consegue dominar o seu interesse sexual indiscriminado e
dirigi-lo para um único parceiro, considera-se que o seu apetite sexual não
chega aos níveis do que é típico da ninfomania”.
“A ninfomaníaca, embora experimente excitação, raramente chega a atingir o
orgasmo, o que a deixa frustada e a leva a procurar novas experiências
eróticas. Uma libido excepcionalmente intensa pode não ser patológica; os dotes
superiores aos da média não tornam a pessoa anormal”, acrescenta este
psiquiatra. “Quando a mulher com grande apetite sexual leva uma vida
satisfatória em termos de afeto, profissão, relacionamento interpessoal e
atuação social, não necessita de qualquer tratamento”.
Base
biológica - As teorias explicativas da
ninfomania não se limitam contudo ao campo da psicologia. Segundo alguns
autores, a origem desta patologia reside por vezes em fatores de ordem
neurofisiológica.
A conduta sexual é regulada pelo sistema límbico, situado no cérebro. Enquanto
o núcleo amigdalóide e o hemisfério esquerdo regulam a inibição da sexualidade,
o hipotálamo e o hemisfério direito elaboram a estimulação e desenvolvem a
organização erótica e o orgasmo. Quando estas duas últimas áreas registram
maior atividade, é provável que se produza uma exaltação da conduta sexual. A
influência é tal que, se um traumatismo afeta as áreas citadas, pode em
determinadas ocasiões, provocar a ninfomania. Os neurotransmissores também
influenciam o nosso comportamento erótico. Nas ninfomaníacas, dá-se uma
hiperfunção dos sistemas dopaminérgico e noradrenergético (a dopamina e a
noradrenalina são ativadoras sexuais, em oposição à serotonina e às endorfinas,
que são inibidoras).
Nos tratamentos feitos atualmente, a psicoterapia está na primeira linha, uma
vez que a doença é quase sempre de origem psicológica. Procura-se que a
paciente aprenda a vincular sexo e afeto, assim como a eliminar alterações
psicológicas que costumam acompanhar a ninfomania – paranóia, ansiedade e
depressão.
Quando se suspeita de problemas de ordem neurofisiológica, recorre-se a
estimulantes da serotonina, para inibir o sistema dopaminérgico,
tranquilizantes e antidrôgenos para reduzir a testosterona, o hormônio que faz
aumentar o desejo. Segundo Gabriel Frada, porém, “as tentativas para tratar a
ninfomania com hormônios não resultaram bem até aos dias de hoje.”
Mas não deve existir a mínima hesitação em recorrer ao tratamento, caso a
mulher suspeite sofrer do problema: “quando não há esse sentido de realização e
a mulher se autoculpabiliza, é aconselhável a consulta a um especialista em
psicologia profunda. A resolução dos conflitos internos permitirá depois um
desenvolvimento mais produtivo das potencialidades da paciente.” E, daí, um
final feliz
Devoradoras de homens - “Consigo dormir com mais homens do que você num só dia!”, teria dito Messalina à
prostituta mais solicitada de Roma. Um desafio que concretizou, ao satisfazer
25 homens em 24 horas. Pelo menos é o que reza a lenda, que define bem a
ninfomania: quantidade, insatisfação, um desejo irreprimível. Messalina foi um
exemplo de ninfomaníaca que a História registrou. Há exemplos cuja exatidão se
desconhece: ninfomania ou apenas um apetite sexual elevado e alvo da
curiosidade pública?
Cleópatra, a previdente - O sexo era para esta jovem rainha tão essencial como comer. Teve o primeiro
amante aos 12 anos e aos 16 já estava seduzindo César. Foi apenas o início de
uma carreira cujas memórias sobreviveriam até hoje. Cleópatra tinha um templo
especial onde viviam jovens robustos que serviam apenas para satisfazê-la.
Pouco lhe importava, por isso, se alguém resistisse aos seus encantos – tinha
sempre um templo recheado de prevenção...
O castelo de Gala - A união entre Gala e o pintor Dalí foi sempre estranha. Ele abominava contatos físicos, ela adorava. Tanto que perdeu a conta dos amantes que teve. Aos 75 anos, Dalí ofereceu-lhe o Castelo de Púbol. Gala usou-o para todo o tipo de cerimônias sexuais (orgias incluídas) com adolescentes. Um dos seus preferidos chegou mesmo a construir uma casa de um milhão de dólares, graças à generosidade de Gala.
Entre o cinema e a vida real - O rosto de Vivien Leigh desenhava-se nos seus filmes, onde fazia quase sempre
uma femme fatale, como em Lady Hamilton ou César e Cleópatra. Casada em 1940
com Lawrence Olivier, deu-lhe 20 infernais anos de matrimônio. O ator inglês
aguentou contínuas infidelidades, muitas públicas. E acabou por abandoná-la
(por outro lado, nunca se viu livre dos rumores que o diziam homossexual). No
fim da sua vida, Olivier explicou a separação: “Tive que escolher e escolhi
sobreviver”.
Excessos de Messalina - Casada aos 16 anos com o imperador Cláudio quando este tinha 49, tratou logo de
copiar o estilo de vida das prostitutas recebendo no palácio todos os clientes
que a desejassem. Quando isso não era suficiente, punha um véu e ia para as
ruas à cata de homens. Se gostasse de algum, obrigava-o a deixar mulher,
filhos, profissão, enfim, tudo por ela. E se o desejado resistisse, como o fez
Valerio Asiático, a morte era o destino que ela lhe dava
O diabo em Maria Madalena - A Bíblia não diz expressamente que Maria Madalena era ninfomaníaca – em vez
disso, refere-se a ela como prostituta, a pecadora que lavou os pés de Jesus
Cristo. Uma pecadora onde habitam os sete demônios. E daí retirar-se por vezes
o outro significado: na antiguidade, julgava-se que as ninfomaníacas estavam
possuídas pelo Diabo.
A provadora real de Catarina, A Grande - A rainha Catarina, A Grande, praticava sexo pelo menos seis vezes por dia, mas os
candidatos passavam primeiro pela sua provadora. Miss Prota, assim se chamava a
funcionária, recrutava jovens belos e saudáveis, que examinava do ponto de
vista da performance sexual. Caso fossem aprovados, iam para o harém da
imperatriz, formado por uma média de 21 amantes oficiais.
Estava na cara - Os traços do rosto de Maria Luísa de Parma, esposa do rei espanhol Carlos IV,
emanavam uma sensação tal de luxúria que Napoleão, ao observá-la um dia, não se
conteve e exclamou: “Tem o destino escrito no rosto!” Mal sabia o general
francês que a sua análise acertara em cheio: ao longo da vida, a mulher do rei
colecionou inúmeros amantes.
Lady Jane Ellenborough - Um desejo infinito de satisfação sexual marcou a sua vida. Desde pequena,
quando fugiu com um grupo de ciganos, até casar como o barão de Ellenborough. O
casamento não lhe acalmou os calores: manteve relações com o bibliotecário do
avô, o primo, o príncipe Schwarzenberg e o escritor Balzac, que a retratou em
Comédia Humana como lady Arabela. As viagens que fazia com frequência ficaram
famosas, por motivos óbvios. Aos 70 anos, o apetite sexual mantinha-se intacto.
Tal como muito de sua beleza, razão pela qual esteve em ação até morrer.
Anula, a viúva negra - Foi rainha do Ceilão entre 48 e 44 aC. Casou-se com o rei Coranaga, ao qual
envenenou e assim que pôde governar sem ele. Para substituí-lo, recorre a um
príncipe chamado Tissa, mas acabou por assassiná-lo quando se fartou dele. A
lista de acepipes da senhora estendeu-se a um guarda do palácio, um
carpinteiro, um lenhador e por aí fora. Explorava-os sexualmente até
esgotá-los, mas, nos últimos meses de reinado, conclui que um só homem não
chegava. Entregou-se então às mais depravadas orgias.
Qual o limite? - Não existe uma norma válida que determine a frequência com que uma mulher deve
realizar a realção sexual. De país para país, o número médio de relações
sexuais varia e nem por isso se considera que uns sejam melhores do que outros.
E depois há casos surpreendentes, como a tribo australiana Aranda: as mulheres
têm relações sexuais três a cinco vezes por noite e não são consideradas
ninfomaníacas. A alta frequência sexual feminina também é bem vista em
determinadas culturas matriarcais da África. Nestas tribos a consideração
sexual das mulheres aumenta em função do número de homens com que mantêm
relações. E em algumas zonas da Índia, as mulheres podem mesmo ter vários
maridos.