O QUE COMIA JESUS?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

As estatísticas com o número de pessoas obesas não param de engordar. O problema é mais grave nos países ocidentais, em especial nos EUA, onde assume contornos de epidemia. Muitos especialistas defendem medidas drásticas para acabar com o problema e empregam todos os meios disponíveis, como processos judiciais contra os restaurantes de hambúrgueres e novos sermões religiosos. Nesta guerra contra o excesso de peso, todas as armas são válidas, até o uso de textos da Bíblia.

O QUE COMIA JESUS?

Uma reportagem da revista “Newsweek” cita o caso de Don Colbert, médico e pregador religioso, que escreveu recentemente um ‘best-seller’ intitulado What Would Jesus eat? (O que comeria Jesus?). No livro, este especialista defende que devemos seguir a dieta do tempo de Cristo: uma alimentação à base de peixe, cereais integrais, legumes e azeite. Além saciar as almas, este tipo de comida também é melhor para o corpo, tal como indicam as mais avançadas pesquisas científicas.

Ações agressivas – Outros não confiam apenas na boa fé dos cidadãos e escolhem estratégias mais agressivas. O advogado Richard Daynard lidera uma cruzada contra o império das calorias. A estratégia passa por instaurar processos judiciais e exigir indenizações contra as grandes cadeias de restaurantes ‘fast food’. Ele argumenta que os produtos que vendem (hambúrgueres, batatas fritas e refrigerantes) são responsáveis por danos para a saúde e que o público não está informado.

Alguns observadores não acreditam que seja possível derrotar os barões desta indústria nos tribunais, mas outros defendem que este é apenas o começo da mudança e apresentam como exemplo o caso das companhias de cigarro que foram obrigadas a pagar grandes indenizações. Os efeitos já se fazem notar: a filial francesa da cadeia de restaurantes McDonald’s emitiu um comunicado onde desaconselha os clientes, em especial as crianças, a comerem muitas vezes este tipo de comida. Mas tem mais. Vários estados norte-americanos, como o da Virginia, proibiram a comida ‘fast-food’ nas máquinas de venda automática instaladas nas escolas.

As medidas têm por base os relatórios médicos das crianças, que apresentam dados cada vez mais preocupantes. Doenças graves como a diabetes e a arteriosclerose (associadas à velhice) estão aumentando em um ritmo vertiginoso na população juvenil e infantil americana, devido aos maus hábitos alimentares. Os ativistas da luta antiobesidade alertam, especialmente, para alguns perigos alimentares que se escondem por trás das inocentes embalagens – é o caso dos refrigerantes, que muitas vezes são vendidos pelas mensagens publicitárias como inócuos sucos de fruta, quando são essencialmente compostos por água e açúcar.

Novos dados – As descobertas científicas recentes também esclareceram os segredos da obesidade. Um dos novos dados é a influência de alguns hormônios e outras moléculas produzidas no cérebro para atuar nos mecanismos de controle do apetite. 

Aqui há dados surpreendentes: o abuso de gorduras e açúcar pode alterar os mecanismos químicos do organismo, tornando-nos “viciados” em comida.

As substâncias cerebrais que controlam o apetite deixam de funcionar quando consumimos alimentos gordos em excesso, e o organismo exige mais comida para manter os mesmos níveis de satisfação. Dados como estes podem ajudar a desenvolver novas terapias antiobesidade, mas uma coisa é certa: a melhor estratégia ainda é a mudança dos hábitos alimentares.

O segredo do hormônio - Os cientistas entendem cada vez melhor a influência dos hormônios sobre o apetite. A mais recente descoberta corresponde a um inibidor hormonal do apetite, designado com o código PYY3-36. Um grupo de voluntários a quem injetaram o hormônio sentiu menos fome e, durante 24 horas, o consumo de comida desses voluntários era um terço inferior a de um grupo de controle. Os níveis dessa substância, que é produzida por células que revestem o intestino, aumentam normalmente após uma refeição. Os pesquisadores acreditam que o hormônio é encaminhado para uma zona do cérebro (hipotálamo), onde bloqueia os nervos responsáveis pela transmissão da sensação de fome.

Conhecer a comida - Muitos dos erros alimentares devem-se à falta de informação dos consumidores. Prova disto é uma sondagem realizada este ano, sobre o consumo de cereais integrais. Uma das perguntas era: “Qual destes alimentos você pensa que, normalmente, contém cereais integrais?”.

Hoje em dia, os nutricionistas estão de acordo num ponto: o consumo de vários tipos de cereais, especialmente integrais, é essencial para um regime alimentar saudável. Estes incluem fibras dietéticas, vitaminas, minerais e outros nutrientes essenciais para o organismo. No passado, alguns regimes de emagrecimento reduziam estes alimentos nas dietas. Agora, os dados científicos mostram que o procedimento estava errado – o importante é diminuir gorduras e açúcar para emagrecer. Apesar de os benefícios da ingestão de cereais integrais serem cada vez mais evidentes, os consumidores ainda estão pouco informados sobre este tema, fazendo, muitas vezes, algumas associações pouco corretas.

Além disso, os estudos científicos mostraram que estes desempenham um importante papel na prevenção de vários tipos de doenças, notadamente as doenças cancerígenas. As fibras insolúveis, contidas nos cereais integrais, passam intactas pelo sistema digestivo, revelando grande sucesso na prevenção do câncer de cólon. Outra vantagem atribuída aos cereais integrais é a capacidade de contribuir para baixar os índices de colesterol, os triglicerídeos, regularizar a pressão sanguínea e normalizar o funcionamento intestinal. 


Autor: Celso Mathias
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