Desde aqueles tempos, os “filhos de Adão” tentam, na medida do possível, reproduzir o que seria o “Éden perdido”, plantando diver-sos jardins mundo afora. Um dos mais conhecidos foram os Jardins Suspensos da Babilônia, uma das sete maravilhas do Mundo Antigo, do qual, apesar da fama, muito pouco se sabe. A única prova de sua existência é um fragmento de cerâmica encontrado na região, que mostra uma fileira de pilares, e sobre eles um teto sólido no qual estão dispostas diversas árvores de modo regular, como se fosse um terraço. Estima-se que tenham sido construídos por Nabucodonosor II (604 a 562 a.C.) para agra-dar sua esposa Amyitis, filha do rei dos Medes, carente do verde no reino onde nascera.
O verde também foi predominante no Brasil até a chegada dos primeiros colonizadores, por volta de 1500. Em vez de preservar esse imenso jardim botânico natural, eles começaram a devastá-lo, inicialmente, com a retirada do pau-brasil. Mais cuidadoso, o príncipe holandês Maurício de Nassau construiu, entre os anos 1637 e 1644, no Palácio de Friburgo, em Recife, hoje Pernambuco, o primeiro jardim botânico artificial da nova terra. Restaram pouquíssimas informações a respeito dele. Somente no final do século 18, a Coroa por-tuguesa emitiu instruções para a criação de jardins botânicos nas cidades de Belém, Olinda, Cuiabá, Ouro Preto, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
Datado de 1796, o Jardim Botânico do Grão Pará, em Belém, abrigava inúmeras espécies vegetais nativas, entre as quais, ervas medicinais. Atualmen-te, estão catalogados no País 34 jardins botânicos, 17 deles inscritos nas Normas Internacionais para Conservação em Jardins Botânicos. Nesses locais, os visitantes podem ter contato com amostras de espécies que foram extintas devido à interferência humana. Exemplo disso é o Jardim Botânico de São Paulo. O parque conta com uma considerável área de Mata Atlântica, que pode ser visitada por meio de diversas trilhas. Na Estação Ecológica do jardim Botânico de Brasília e no Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte, o pú-blico pode conferir a vegetação típica do Cerrado.
Herança da família real portuguesa, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro é o mais importante do País. Entre os dez mais interessantes do gênero no mundo, abriga raras espécies de plantas da flora brasileira e de outros países. Foi fundado em 1808 por D. João VI, com a finalidade de aclimatar as especiarias chegadas das Índias Orientais. As primeiras plantas vieram do Jardim La Pamplemousse, das ilhas Maurício, oferecidas a D. João, por Luiz de Abreu Vieira e Silva. Entre elas, estava a Palma Mater, uma das palmeiras imperiais mais antigas do Jardim. De seus 137 hectares, 55 deles são cultivados. São mais de 8 mil espécies de plantas no arboreto e 7 mil nas estufas. Só no herbário (uma coleção de plantas mortas para documentação) há 450 mil amostras.
Uma das atrações do local é o Jardim Sensorial, planejado para os visitantes portadores de defi-ciência visual. Ali, eles podem tocar a vegetação, exercitar o olfato e conferir as informações da planta em uma placa em braile. Há também um “Jardim Bíblico”, formado com plantas citadas na Bíblia, e outro com plantas medicinais. Tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico Nacional, em 1937, e considerado “Reserva da Biosfera” pela Unesco, em 1991, o jardim botânico carioca dispõe da mais importante biblioteca botânica do Brasil, com cerca de 109 mil volumes.
O Jardim Botânico de São Paulo, fundado em 1908, com mais de 360 mil m2, ocupa cerca de um terço da área total do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, na zona sul da cidade. Localizado dentro de uma reserva biológica com vegetação remanescente de Mata Atlântica, abriga um dos melhores herbários do mundo e conta com estu-fas, museu botânico, lagos, jardins, castelinho e trilha da nascente do Riacho do Ipiranga. Um dos lugares mais bonitos é o Lago das Ninfeias, cujas flores se abrem somente pela manhã, enquanto suas folhas flutuam na superfície.