Chama-se estimulação magnética transcraniana
repetitiva (rTMS na sigla em inglês) e recorre a impulsos magnéticos que
induzem correntes elétricas no cérebro capazes de provocar alterações na atividade
das células nervosas. O aparelho produz um campo magnético direcionado a
determinadas zonas do córtex cerebral
A chave da terapia está num neuroestimulador,
geralmente em forma de oito ou de um aro, que consiste numa ou mais espirais de
cobre envoltas em moldes plásticos. O aparelho é segurado sobre a cabeça,
produzindo um campo magnético direcionado a determinadas zonas do córtex
cerebral. Os impulsos magnéticos penetram cerca de três centímetros numa
pequena área do cérebro, gerando uma corrente elétrica no tecido neural que,
após várias aplicações, é capaz de provocar alterações nas funções cerebrais.
Estudos recentes sugerem, por exemplo, que é capaz de tornar mais eficazes as
ligações das células nervosas e alterar a forma como as regiões do cérebro se
relacionam entre si para regular o humor.
Os resultados são animadores. Vários estudos
realizados nos últimos anos têm demonstrado que a aplicação da terapêutica
sobre o córtex cerebral apresenta resultados significativos no tratamento de
pacientes com depressão, a maior parte dos quais não tinha conseguido encontrar
ajuda em qualquer outro tratamento. Num estudo realizado com 70 pacientes do
estado de Washington, 30% dos doentes registraram respostas significativas ao
tratamento e 20% conseguiram mesmo uma remissão total da doença. Noutra
experiência, realizada na Austrália, as melhorias significativas foram
experimentadas por 44% dos 50 pacientes e mais de um terço teve uma remissão
completa.
As pesquisas mostram também que os resultados
variam em função de vários parâmetros de estimulação, tais como a frequência e
a intensidade da estimulação, bem como a configuração do neuroestimulador e a
sua orientação.
A técnica já está sendo utilizada no tratamento da
depressão em diversos países, incluindo na União Européia, Brasil, Canadá,
Austrália, Nova Zelândia e Israel, apesar de nos Estados Unidos ainda aguardar
a aprovação da Food and Drug Administration. Uma das principais vantagens em
relação à terapia eletroconvulsiva (ECT), outra terapêutica usada no tratamento
de depressões graves e resistentes à farmacologia, é o fato de não envolver a
administração de anestesia nem de medicamentos anticonvulsivos. Além disso, é
indolor e praticamente isenta de efeitos colaterais. Um dos escassos sintomas
relatados por alguns pacientes tem sido uma ligeira dor de cabeça que passa
após a sessão.
O recurso à estimulação magnética não é, contudo,
isenta de inconvenientes. Muitos especialistas revelam-se cautelosos, até
porque o número de pacientes tratados em todo o mundo é ainda relativamente
baixo. Existe, por exemplo, ainda muito por descobrir sobre a sua interação com
tratamentos que incluam farmacologia. Por outro lado, apesar de terem uma ação
mais rápida, os benefícios do tratamento duram, no máximo, quatro meses, exigindo
novas sessões. A necessidade de um equipamento sofisticado torna o tratamento
também mais caro.
Para além da aplicação a problemas psiquiátricos
como a depressão e a esquizofrenia, a rTMS foi já testada com bons resultados
por médicos britânicos no tratamento de doentes com danos parciais na medula
espinhal.