HIPERTENSÃO TERÁ VACINA

domingo, 28 de março de 2010

Os números impressionam. Segundo os dados mais recentes 30 milhões de brasileiros são hipertensos, mas apenas pouco mais de 30% cento estão sendo devidamente tratados. Mais grave ainda: nove em cada dez não estão controlados, estando por isso em risco de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC), a principal causa de morte e de incapacidade no Brasil.

HIPERTENSÃO TERÁ VACINA


“O fato de se tratar de uma doença essencialmente silenciosa explica de algum modo a sua falta de visibilidade e o seu esquecimento pelos doentes e pelas famílias. Por isso, tornam-se necessárias campanhas mais agressivas e melhor dirigidas. É imperioso aumentar os níveis de diagnóstico e de controle”, afirma o cardiologista Manuel Carrageta. Para aqueles a quem a prevenção falhou, o Congresso Anual de Cardiologia dos Estados Unidos, que teve lugar em Chicago apresentou algumas novidades que prometem tornar o tratamento da hipertensão mais eficaz e seguro. Entre elas está o Telmisartan, um medicamento que oferece a mesma proteção que o atual tratamento padrão, o Ramipril, na redução do risco de morte cardiovascular, enfarte do miocárdio, AVC e hospitalização devido à insuficiência cardíaca, mas é muito melhor tolerado pelos pacientes. O medicamento pertence à classe dos modernos bloqueadores dos receptores da angiotensina II — um potente vasoconstritor que provoca um aumento na resistência vascular e, consequentemente, da pressão sanguínea — e, como o Ramipril, demonstrou ser capaz de prevenir um a cada cinco eventos cardiovasculares sérios.

Um outro estudo, publicado “The New England Journal of Medicine” e apresentado durante o congresso, demonstrou que o tratamento da hipertensão em pacientes com mais de 80 anos reduz não só a possibilidade de estes sofrerem um acidente vascular cerebral como reduz efetivamente a mortalidade. Os resultados surpreendem, já que se admitia que o tratamento neste grupo etário poderia ter efeitos contraproducentes. “Até este ensaio clínico receava-se que a terapêutica nestes doentes pudesse ser prejudicial por causa dos efeitos colaterais. Agora podemos concluir que nunca se é demasiado idoso para beneficiar do tratamento”, afirma Carrageta.

A grande esperança está, contudo, colocada na possível concretização de uma vacina contra a doença que está sendo desenvolvida por cientistas suíços. Caso os estudos confirmem a validade da terapêutica, esta permitirá substituir os comprimidos de uso diário por duas ou três injeções anuais. Segundo um estudo publicado recentemente na revista “The Lancet”, o tratamento revelou-se seguro e eficaz num ensaio com 72 pacientes de 18 a 65 anos de idade com hipertensão moderada. “Os resultados são intrigantes e prometedores. A terapia pode vir a ser muito útil”, escrevem os autores.

Apesar de atualmente existirem terapêuticas eficazes para o controle da hipertensão, muitos pacientes não cumprem com os seus tratamentos ou não levam uma alimentação controlada. Por isso, os investigadores suíços acreditam que a vacinação fomentaria “uma maior adesão ao tratamento”. “Estamos apenas no início desta nova modalidade terapêutica, embora os primeiros resultados sejam já uma nova esperança na luta contra o flagelo da hipertensão arterial”, considera Manuel Carrageta. Mesmo que cumpra todos os requisitos, a vacina não deverá chegar ao mercado antes de dois ou três anos.


Autor: Celso Mathias
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