Embora a ecologia tenha permanecido fortemente
enraizada a conceitos biologizantes (ODUM),
ela emergiu desta como uma disciplina essencialmente nova e integrativa, que
liga processos físicos e biológicos, formando uma ponte entre as ciências
naturais e as ciências sociais.
Numa abordagem epistemológica, a ecologia migra de
uma concepção antropocêntrica para uma concepção holística.
Essa abordagem em níveis múltiplos e escala ampla,
envolve sistemas inteiros de educação e inovação e vê a necessidade de
desvendar explicações sobre causa/efeito, por meio de diversas áreas do
conhecimento e entre elas (alcançando o entendimento transdisciplinar), que foi
chamada de conciliência (WILSON), ciência da sustentabilidade (KATES), ciência
integrativa (BARRET). Ademais, o desenvolvimento continuado da ecologia (o
estudo da casa ou do lugar em que vivemos), provavelmente evoluiu à tão
necessária ciência integrativa do futuro: A Ecologia Humana.
A Ecologia Humana não é um campo consolidado e sim
em processo de construção. Pressupõe a compreensão integrada do homem com o
meio ambiente, obviamente incluindo os seus semelhantes como a ele próprio.
Considera também que enquanto o homem não for capaz
de cuidar de cada metro quadrado em que vive, bem como das suas necessidades
físicas, emocionais e culturais, dificilmente poderá participar de forma consistente da preservação da vida,
do meio ambiente e do planeta de forma mais abrangente.
E a base para tal é o desenvolvimento da ética
individual que culminará no desenvolvimento de um sistema ético global.
Esta dinâmica de interação mobiliza múltiplas áreas
do conhecimento humano, incluindo princípios metafísicos, por esta razão é
possível restabelecer formas de adaptação entre o homem e os ecossistemas
(DAWKINS), no sentido de ajudá-lo a encontrar o equilíbrio, na temerária
exploração de recursos naturais, nas relações humanas e nos princípios de
preservação. Criando deste modo um “hólon” propício à preservação da vida, para
as sociedades atuais e futuras.
È fato que atravessamos período histórico, cujas crises globais ameaçam o equilíbrio da biosfera, conseqüentemente da vida humana, alguns deles podendo ser irreversíveis. Prova disto, os processos de intensa desertificação em espaços semi-áridos do nordeste brasileiro, especialmente o bioma caatinga. Com efeito, se faz urgente que ações sejam sistematizadas, com base na ecologia humana e no desenvolvimento socioambiental sustentável, a partir das relações entre sertanejos e sertanejas, na garantia de suas etnoidentidades e em suas inter-relações dos “etno” nas “oikos” (MARQUES).