Conheci nos anos 60 aquele tabaréu do Pé de Serra,
povoado do município de Tucano. Tabaréu que
diga-se de passagem nada tinha
de tabaréu. Sempre me pareceu um Lorde. Mesmo quando eu não sabia exatamente o
que era um Lorde.
Em decorrência de uma forte amizade entre meu avô Jose
da Rocha Amorim e o velho Antonio Penedo, pai de José, meu pai Jaime Amorim
tinha por ele uma profunda admiração. Ao ponto de todos nós acharmos que
fossemos até parentes. Consanguíneos não, mas de estima e consideração; éramos.
Meu avô que alfabetizou muita gente no Pé de Serra,
pode ter sido quem “letrou” o Zé Penedo.
José Penedo foi feirante, militar, administrador municipal, deputado federal por quatro legislaturas e candidato a vice-governador na chapa de Josaphat Marinho em 1986. Foi também diretor do Baneb e do Ministério da Educação. Já maduro, formou-se em direito e inscreveu-se na OAB, um sonho acalentado desde a juventude.
Apesar de não termos uma convivência estreita, herdei
do meu pai, o carinho por ele, depois por sua mulher Tereza e sua filha Júlia.
Não foram muitas as oportunidades que tivemos de
conversar, mas foram ricas e inesquecíveis. Homenageei-o num evento em Vitória. Recebi na minha casa ele,
Tereza,Sandra e Rodrigo Maciel, Fátima e José Nunes.Rimos, passeamos em
Guarapari,degustamos moqueca capixaba,
bebemos vinho e nos divertimos como crianças.Ali, senti que estava ocupando no
coração dele o lugar do meu pai . Tempos depois fui recebido por ele, Tereza e
a pequena Júlia no AP do Rio Vermelho e depois no Artur Moreira Lima.
Em Buenos Aires, nos encontramos por acaso e bebemos
boas taças de portenhos tintos.Em outra oportunidade estivemos juntos no hotel
que a família possui em Caldas do Jorro. Na sofisticada simplicidade da casa ,
tivemos longas conversas . Numa
delas, contou-me que deixara a política por não se adaptar ao estilo e a certas
nuances do panorama político dos anos 90 na Bahia.
A última vez que o vi foi na palestra que o historiador
José Dionísio Nóbrega proferiu no Instituto histórico e Geográfico da Bahia
sobre a família Campos no dia 15 de Outubro de 2008. Presente ao acontecimento,
a prefeita eleita Fátima Nunes que nos
emocionou ao anunciar que a Biblioteca Pública Municipal de Euclides da
Cunha teria o nome de Jaime Amorim da Silva.
Inteligente,
raciocínio rápido, amigo, elegante, companhia agradável, sábio, coerente... Tantos
outros adjetivos servem para definir esse homem que passou quase quarenta anos na vida
pública e saiu dela sem um arranhão.
José
Penedo Cavalcanti de Albuquerque morreu no início da tarde
de sábado (27), aos 78 anos, (coincidente mente a mesma idade que morreu seu
compadre Jaime Amorim da Silva) no Instituto do Coração em São Paulo, por conta
de complicações decorrentes de uma cirurgia cardíaca. Deixa um enorme vazio e
um exemplo que infelizmente não tem sido seguido pelos homens
públicos;honestidade e coerência .
Descansa em paz Lorde Zé!