A latina de Gales

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Catherine Zeta Jones saiu de casa aos 15 anos para conquistar Londres. Chegou a Los Angeles aos 25, para conquistar o cinema e um “Douglas”. Detentora de um Oscar como atriz coadjuvante em 2003, a “Princesa Catherine” faz em Londres, revelações exclusivas à repórter Carina Miranda

A latina de Gales




Desculpe-me. Eu sei que não é maneira de começar um texto, mas não me ocorre nada de muito diferente daquilo que estou escrevendo. Depois, bem... tenho um segredo para desvendar e que vai fazer inveja aos meus amigos que estão lendo esta breve biografia da Zeta Jones. Sabem que mais... eu já estive com ela duas vezes e já falei dela muitas outras. 

Querem saber mais uma? Eu estava com o atual marido dela, Michael Douglas, quando eles se conheceram. Sabem o que ele me perguntou? “Ela é uma mulher muito bonita, não acha?”. Eu confirmei com um aceno de cabeça, sem suspeitar o que viria a acontecer nessa noite de fim de verão em Deauville, uma das mais bonitas praias do norte da França. Deauville tem um simpático festival de cinema americano. Parti para França com entrevistas marcadas com Antonio Banderas e Zeta Jones no lançamento europeu de a Máscara do Zorro. Já que estava lá, consegui também uma entrevista com Michael Douglas, a propósito do filme Um Crime Perfeito. Ele, sempre bom conversador, enquanto o camera-man preparava o material para dez minutos de entrevistas, foi querendo saber coisas do Brasil, acabando por perguntar se eu tinha ido à França apenas para aquele encontro. Disse-lhe, simpaticamente, que ele era motivo para uma viagem à França, mas que, por acaso, iria fazer mais uma entrevista com uma jovem praticamente desconhecida. Catherine Zeta Jones. Foi aí que ele sorriu e disse: “Já a vi. Ela é uma mulher muito bonita, não acha? Ainda não a conheço mas acho que vamos estar esta noite juntos numa festa aqui em Deauville. Dito e feito, o cinquentão charmoso e bom conversador foi à festa confirmar a beleza e, nessa mesma noite, (a esta parte eu não assisti, mas Zeta Jones referiu-a à “Vanity Fair”) ele caiu matando. “Gostaria de ser o pai dos seus filhos”. A gracinha deste senhor que tinha idade para ser pai dela ficou no ar e, nove meses depois, o namoro já era oficial. Daí ao casamento foi pouco tempo, uma gravidez pré-nupcial e dois milhões de dólares gastos numa festa de conto de fadas no famoso Hotel Plaza de Nova York. 

Sem surpresas, foi o casamento mais divulgado do ano com todo tipo de fofocas e pormenores publicáveis: “Era algo que já estávamos esperando. Todo mundo andou tentando saber alguma coisa muitos meses antes e eu fui me apercebendo da expectativa que estava sendo criada. Devo confessar que em dado momento comecei a ficar em pânico com tanta confusão em redor do meu casamento. O mesmo ocorreu com o interesse que tinham em fotografar o meu filho. Isso tudo me deixou confusa. Optamos por tirar as fotos e entregar a uma revista escolhida e, depois, acabar com estas perseguições. É claro que não posso mandar as pessoas afastarem-se na rua, mas acredite que não é fácil viver debaixo de tanta pressão. Acho incrível o que ouvi sobre o valor que pagavam por fotos do nosso filho... 

Depois de termos entregue essas fotos que autorizei tirar, tudo abrandou e a cotação de fotos baixou...” 

Da festa de casamento ficaram os guardanapos, feitos para a ocasião e bordados com o nome dos noivos e, para os convidados, as colheres do amor. Uma tradição galesa que Catherine quis manter na sua festa de Nova York. Nenhum convidado teve que disfarçar para meter a colher no bolso, elas foram oferecidas e feitas para a ocasião. 

Inesquecível será também o contrato celebrado pelos noivos. Conhecida que é a atração fatal que Michael Douglas tem por mulheres (fala-se até em desintoxicação de sexo numa clínica especializada), a jovem noiva tomou suas cautelas. Há poucos pormenores, mas ele terá assinado um contrato de fidelidade que o obriga a entregar milhões, se a lua-de-mel acabar nos anos mais próximos. A paixão dela é tal que se propôs mudar as práticas religiosas do judaísmo só para agradar aos familiares do marido: penso seriamente em converter-me ao ritual judeu. O Michael e a família são tão orgulhosos das raízes judaicas que eu penso mesmo em adotar essa religião. 

Zeta, nome de barco - Catherine Zeta Jones nasceu em 25 de setembro de 1969, época em que Michael Douglas já contava 25 anos e tentava a sua sorte de ator em Nova York, dividindo o quarto com Danny de Vito. Como sempre acontece nos grandes romances, ela nascia no outro lado do mundo em Gales, na pequena cidade de Swansea onde também nasceu o poeta e dramaturgo Dylan Thomas. Ao contrário do que seus casos de beleza rara parecem denunciar, não há sangue latino ou hispânico a correr-lhe nas veias. É cem por cento galesa, e faz questão disso. “Posso garantir que não tenho uma ponta de sangue espanhol, italiano, português ou de qualquer outro país latino. Todos na minha família têm o mesmo aspecto que eu: pele morena e olhos rasgados. Realmente olhando para nós não se encontra qualquer traço típico inglês, mas as raízes são puras. Para espalhar mais as dúvidas vem o nome. Zeta não foi opção artística, é mesmo nome de família. “É um nome grego. O meu bisavô, que era capitão de um barco que se chamava Zeta, pôs esse nome em minha avó e depois meu pai adotou Zeta como apelido”. 

Este sorriso que agora é sensual foi muito matreiro na infância e adolescência. Não ousei perguntar mas ela terá dado algumas dores de cabeça lá em casa, se não adivinhe-se: aos 4 anos, os pais levaram-na a uma audição para entrar numa produção teatral. Conseguiu o papel, onde apenas fazia um pequeno número de dança. Aos dez, já não faltava a qualquer produção da companhia de teatro da cidade: “Realmente comecei muito pequena. Dylan Thomas é meu conterrâneo e tínhamos um grupo de teatro que se chamava Dylan Thomas Theather Group. Eu comecei a trabalhar com eles quando era ainda uma criança”. 

A filha do pasteleiro de Swansea começava a aparecer. Em casa apoiavam-na sempre, mas começavam a ficar preocupados: “Eles sempre foram o meu maior suporte e ajuda. Cometeram-se erros, mas nem sempre se consegue fazer aquilo com que se sonha. Mas eles estavam sempre lá”. Com apenas 12 anos, a rebelde Catherine já dizia que a interpretação seria a sua vida. Um caça-talentos viu uma atuação do Dylan Thomas Theater Group e convenceu os pais a deixá-la fazer uma turnê com o espetáculo Bugsi Malone. Depois foi o musical Annie e a chegada a Londres para outros vôos e muito mais palcos. Tinha ela 15 anos e uns pais preocupados por deixarem a menina sozinha na capital: “Eu soube que estavam à procura de uma jovem atriz para um grande teatro em Londres, avancei e, mal cheguei ao West End, apaixonei-me de vez por esta profissão. Aos quinze anos era uma verdadeira atriz com carteira profissional e tudo. Foi uma etapa muito dura mas agora a esta distância recordo-a como uma época das mais felizes da minha vida”. 

Foram alguns anos correndo de palco em palco, mas já com uma missão determinada: experimentar de tudo na carreira. Se sonhava alto, não confirma agora que chegou ao topo: “Acredite... Nunca pensei que chegaria aqui. Quando fui contratada para fazer 42 Street no West End, senti que tinha tocado o céu com as mãos. Nunca pensei, na época, que me tornaria uma estrela de cinema. Quanto muito, acreditei que não iria passar muitos anos pisando aqueles palcos como dançarina. Oito espetáculos por semana durante dois anos é uma experiência muito dura. Nessa altura, decidi que iria colocar os meus sapatos de bailado de lado e me tornaria uma atriz. Não queria andar de musical em musical, como acontece com os que escolhem o West End como carreira. Lutei por isso e passei muitas horas em castings e audições para peças e séries de TV. A primeira vez que entrei numa produção de cinema foi aos 18 anos. Depois fiz uma ópera e, mais tarde, uma série de televisão. Hollywood surgiu muito depois. 

Desses anos de carreira londrina, ficaram várias séries televisivas, um romance com um produtor que lhe prometera o cinema em Los Angeles e muitas capas de revistas na Inglaterra. Mas a sorte do lado de lá do mundo sorriu quando Spielberg fazia zapping numa tarde de sábado refestelado no seu sofá. Passava a minissérie inglesa Titanic, Zeta Jones estava entre os nomes do elenco e, sorte, Spielberg passou pelo canal numa das cenas que em que ela enche a tela. De imediato, ligou ao produtor de A máscara de Zorro dizendo que tinha encontrado a parceira certa para Antônio Banderas. Acertou, e o resto já se sabe. Num só filme ela conquistou a América e Michael Douglas. Já produz e fatura 10 milhões de dólares por filme. A vida tem destas coincidências, diz ela: “eu trabalhei duramente durante todos esses anos. Não é justo dizer apenas... ela é quem tem sorte... e o que está para trás? A minha vida teve sempre muitos altos e baixos, nunca foi um mar de rosas. 

Quanto a Banderas, bem pode preparar a espada, porque Zeta Jones já avisou que voltará à personagem que lhe trouxe a fama. Tem, aliás, guardada em casa a espada que usou no filme e espera voltar a usá-la: “A única coisa que peço aos argumentistas é que não me matem logo nas primeiras cenas, para que o Antônio Banderas não tenha que andar o filme todo à procura dos assassinos. Elena Montero foi, de fato, uma personagem muito especial para mim. Mas para já quero cuidar do meu filho Dylan e fazer um filme por ano, enquanto ele vai crescendo

Um dia gostaria de voltar ao palco. É como um primeiro amor. Por vezes penso que deveria fazer qualquer coisa na Brodway, uma vez que estive no West End em Londres.  

Deixem que lhes diga: Ela é linda, charmosa e simpática. Percebe-se porque é que a consideram a Sofia Loren inglesa. Não admira que tenha feito uma capa especial da revista “People” em que é eleita a primeira entre as cinquenta caras mais bonitas do mundo. 


Quando encontrar o marido dela vou recordar-lhe a história de Deauville

                 


Autor: Celso Mathias
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