...Sempre tocados em aparelhos de som made in China e
originados em cd´s pirateados... Naqueles becos que conforme já se noticiou,são resultados do traçado
urbano de Euclides da Cunha, obedecendo a padrões medievais, quando todas
as casas deveriam ter uma entrada pelos fundos para atender empregados,
fornecedores e para a retirada do lixo e dejetos humanos. Como no contexto
atual, esse tipo de relação desapareceu e os “becos” estão em áreas que podem
ser valorizadas. A Prefeitura que também lucraria com a arrecadação de
impostos, em comum acordo com proprietários,poderia partir para a urbanização
dessas areas a exemplo do que ocorre em todas as cidades do mundo onde existe
esse traçado antigo.
Mas enquanto isso não acontece, crianças, respeitáveis senhores
e senhoras da região central da cidade, a maioria talvez sem ter conhecimento
do fato, convive eventualmente com espaços e pessoas que nada ficariam a dever
à cracolandia paulista.
M., por exemplo, é uma mulher de idade indefinida. Tanto
pode ter 28 anos consumidos pela qualidade de vida ou quem sabe 40 ou 45 de
fato. Ela tem um bar frequentado por garotas de programa, na maioria das vezes à
plena luz do dia. Ao lado, um espaço com uma porta de madeira travada lado de fora
com um forte ferrolho, é um local que ela orgulhosamente apresenta ao seu
provável cliente. Lá está apenas uma cama com um velho colchão sem qualquer forração,higiene
ou cuidado.Como não há instalação sanitária, o odor de suor e urina é muito forte.Abrindo a porta ela me apresenta;”Aqui
é o fura couro. Olha, o pessoal até que gosta desse cheirinho. Alguns até dizem
que é estimulante”. Envaidece-se a comerciante.
“Eu cobro cinco reais por quinze minutos. Tenho à venda
cervejas, raizinhas, e é claro camisinhas.
Mas essa última, nem todo mundo usa.
Já a menina, o freguês tem de acertar direto com ela. Os preços variam entre
dez e quinze reais pelos quinze minutos.”
E menores, freqüentam aqui? “Não, aqui não. Mas já ouvi
falar de lugares que tem meninas de quinze anos. Custam mais caro. Até cinquenta
reais. Mas a dona do bar não se envolve. Ela entrega a chave da casa ao freguês
e vai embora. Ele dorme lá com a menina. Pela manhã, confere-se o que foi
consumido e ele paga só o consumo. Mas isso é para cliente nota dez. Tem quem
consuma até cem reais durante a noite”.
E drogas. Tem droga por aqui? “Não aqui no meu bar não.
Mas tem aqui por perto. Cola de sapateiro, cocaína, crack e maconha. À vontade!”
Travestis, fazendo programa,também tem? “Não, esse povo
não frequenta aqui”