Outros não confiam apenas na boa fé
dos cidadãos e escolhem estratégias mais agressivas. O advogado Richard Daynard lidera uma cruzada
contra o império das calorias. A estratégia passa por instaurar processos
judiciais e exigir indenizações contra as grandes cadeias de restaurantes ‘fast
food’. Ele argumenta que os produtos que vendem (hambúrgueres, batatas fritas e
refrigerantes) são responsáveis por danos para a saúde e que o público não está
informado.
Alguns observadores não acreditam que seja possível
derrotar os barões desta indústria nos tribunais, mas outros defendem que este
é apenas o começo da mudança e apresentam como exemplo o caso das companhias de
cigarro que foram obrigadas a pagar grandes indenizações. Os efeitos já se
fazem notar: a filial francesa da cadeia de restaurantes McDonald’s emitiu um comunicado onde desaconselha os clientes, em
especial as crianças, a comerem muitas vezes este tipo de comida. Mas tem mais.
Vários estados norte-americanos, como o da Vírginia, proibiram a comida
‘fast-food’ nas máquinas de venda automática instalada nas escolas.
As medidas têm por base os relatórios médicos das
crianças, que apresentam dados cada vez mais preocupantes. Doenças graves como
a diabetes e a arteriosclerose (associadas à velhice) estão aumentando em um
ritmo vertiginoso na população juvenil e infantil americana, devido aos maus
hábitos alimentares. Os ativistas da luta antiobesidade alertam, especialmente,
para alguns perigos alimentares que se escondem por trás das inocentes
embalagens – é o caso dos refrigerantes, que muitas vezes são vendidos pelas
mensagens publicitárias como inócuos sucos de fruta, quando são essencialmente
compostos por água e açúcar.
As descobertas científicas recentes também esclareceram
os segredos da obesidade. Um dos novos dados é a influência de alguns hormônios
e outras moléculas produzidas no cérebro para atuar nos mecanismos de controle
do apetite. Aqui há dados surpreendentes: o abuso de gorduras e açúcar pode
alterar os mecanismos químicos do organismo, tornando-nos “viciados” em
comida.
As substâncias cerebrais que controlam o apetite deixam
de funcionar quando consumimos alimentos gordos em excesso, e o organismo exige
mais comida para manter os mesmos níveis de satisfação. Dados como estes podem
ajudar a desenvolver novas terapias antiobesidade, mas uma coisa é certa: a
melhor estratégia ainda é a mudança dos hábitos alimentares
Os cientistas entendem cada vez melhor a influência dos
hormônios sobre o apetite. A mais recente descoberta corresponde a um inibidor
hormonal do apetite, designado com o código PYY3-36. Um grupo de voluntários a
quem injetaram o hormônio sentiu menos fome e, durante 24 horas, o consumo de
comida desses voluntários era um terço inferior a de um grupo de controle. Os
níveis dessa substância, que é produzida por células que revestem o intestino,
aumentam normalmente após uma refeição. Os pesquisadores acreditam que o
hormônio é encaminhado para uma zona do cérebro (hipotálamo), onde bloqueia os nervos responsáveis pela transmissão
da sensação de fome.
Muitos dos erros alimentares devem-se à falta de
informação dos consumidores. Prova disto é uma sondagem realizada este ano,
sobre o consumo de cereais integrais. Uma das perguntas era: “Qual destes
alimentos você pensa que, normalmente, contém cereais integrais?” Metade dos
entrevistados errou a resposta
Hoje em dia, os
nutricionistas estão de acordo num ponto: o consumo de vários tipos de cereais,
especialmente integrais, é essencial para um regime alimentar saudável. Estes
incluem fibras dietéticas, vitaminas, minerais e outros nutrientes essenciais
para o organismo. No passado, alguns regimes de emagrecimento reduziam estes
alimentos nas dietas. Agora, os dados científicos mostram que o procedimento
estava errado – o importante é diminuir gorduras e açúcar para emagrecer.
Apesar de os benefícios da ingestão de cereais integrais serem cada vez mais
evidentes, os consumidores ainda estão pouco informados sobre este tema,
fazendo, muitas vezes, algumas associações pouco corretas
Além disso, os estudos científicos mostraram que estes
desempenham um importante papel na prevenção de vários tipos de doenças,
notadamente as doenças cancerígenas. As fibras insolúveis, contidas nos cereais
integrais, passam intactas pelo sistema digestivo, revelando grande sucesso na
prevenção do câncer de cólon. Outra vantagem atribuída aos cereais integrais é a capacidade de contribuir para baixar os
índices de colesterol, os triglicerídeos, regularizar a pressão sanguínea e
normalizar o funcionamento intestinal.