A bebida de Otto

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Criada no início do século XV para auxiliar no tratamento de algumas doenças, essa bebida venceu as barreiras do tempo, transformou-se em uma das mais consumidas pelos alemães e espalhou-se pelo mundo. Não fosse o chanceler e príncipe Otto Von Bismarck (1815-1898), principal responsável pela unificação da Alemanha, o Steinhäger não seria tão respeitado ao longo de tantos anos. Hoje, seus longos bigodes tornaram-se uma marca registrada da bebida.

A bebida de Otto


Espécie de gim de Steinhäger, em Westphalia Oriental, no século XV, proveniente da mistura de trigo e zimbro (espécie de baga típica, também conhecida como jenipapeiro), a aguardente ganhou status e atravessou os tempos. 

Seu processo de tripla destilação é um segredo de muitas gerações de mestres destiladores, regulado pela rígida lei de monopólio de aguardentes da Alemanha, cujas normas do processo de fabricação da bebida não permitem que nenhum produto químico seja misturado à sua matéria-prima.

Com a intenção de descobrir a cura de possíveis doenças da época, as mulheres dedicavam-se a desenvolver fórmulas de destilados para auxiliar no tratamento e recuperação de seus familiares adoentados, e eram muito respeitadas por esse talento e valorização da família.

O zimbro, principal matéria-prima do Steinhäger, não é uma surpresa para os alemães. Por causa do alto nível dos óleos essenciais de suas bagas, foi muito usado no início do século XV como base para remédios caseiros, e foi de grande valia no tratamento de inúmeras doenças. Naquela época, o fruto costumava se colhido com bastante fartura nas encostas da floresta Teutoburg e em campos não cultivados, o que espalhou com rapidez a fama de suas bagas.

“Sabe-se que Steinhäger é diurético e faz bem ao estômago, porém há quem acredite que o destilado pode ser o causador de tumores no cérebro “", explica Pedro Alves Cardoso, bartender do  Peras Móbile Tropical Cocktail Bar, bar móvel responsável por grande parte dos eventos tropicais da Alemanha. Segundo ele, a bebida é muito consumida pelos alemães que, por respeito e tradição, bebem aguardente pura, em pequenos copos cheios e num único gole, o conhecido Schnaps.

Iniciando sua produção de forma caseira e, conseqüentemente limitada, a arte de produzir o Steinhäger, freqüentemente sofria os embargos das autoridades alemãs, porem, a bebida não foi apreciada em sua edição comercial que, em aproximadamente 1988, foi dada a permissão à Vila de Steinhäger para produzi-la em destilarias domésticas, mesmo com a prática da destilação de bebidas alcoólicas sendo proibida na região.

A verdadeira expansão do Steinhäger começa no início do século XIX, quando as destilarias receberam o direito de funcionar como negócio ou comércio. Nesse momento, a destilação esteve paralela à agricultura, na intenção de tornar o processo algo mais lucrativo.

Não existe grande variedade da bebida e os destilados da Vila de Steinhäger são considerados os melhores conhecedores. Segundo a tradição, a bebida deve ser embalada em garrafa de cerâmica para que suas propriedades aromáticas possam se manter. Sua destilação é feita a partir da fermentação da pasta do zimbro, uma mistura da planta esmagada de grãos de trigo. Essa mistura, que contém aproximadamente 30% de açúcar e 1% a 2% de óleo, depois é misturada à água e ao levedo.

Após um tempo médio de 48 horas, a massa é destilada em um alambique simples no qual apenas 5% do volume são conhecidos como destilado de zimbro. Nesse processo de transformação, a mistura é destilada novamente, acrescida de água desmineralizada. Aproximadamente 85% da bebida obtida nesse processo de destilação são reduzidos a um nível mínimo de álcool de 38% fazendo com que o Steinhäger mostre sua grande diferença em relação ao gim, que é de tornar o sabor do zimbro absolutamente imperceptível. Para envelhecer o Steinhäger, são geralmente usados barris de carvalho.

Quando beber. Recomendado para qualquer época, o Steinhäger pode ser servido em temperatura ambiente, resfriado, ou gelado como vodca. É comumente escolhido para abrir o apetite, ocupando local de destaque no time de aguardentes do popular tira- gosto. Outra maneira bem conhecida pelos consumidores da bebida é o drinque submarino, um pequeno copo da bebida submerso em um copo de chopp um pouco mais seco.

Entretanto, essas não são as únicas opções, principalmente no verão. Para a estação, uma boa pedida são os drinques tropicais e a famosa e brasileiríssima caipirinha- steinhager.

Para sua conservação, basta deixar a garrafa bem fechada no freezer por tempo indeterminado. Mudanças bruscas de temperatura fazem com que o Steinhäger perca muito suas qualidades meticulosamente embaladas por essa tradição que atravessou os séculos. 

Trazido ao Brasil por importadoras como Aurora e Épice, o original steinhager pode ser encontrado em bares em todo o país para os mais diferentes drinques. Com tantas opções, é imperdoável não provar o Steinhäger, destilado que é reconhecido pelo gostinho da tradição. 


Autor: Celso Mathias
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