Quanto
tempo será que os parisienses levaram para se acostumarem à visão da Torre
Eiffel... Do fim do século XIX em diante?
A história
nos ensina que o olho humano com o tempo se acostuma a tudo! Até as maluquices
como a abominável torre do Montparnasse e a pirâmide de vidro no pátio do
Louvre já fazem parte do consciente coletivo parisiense e mundial... Embora
uns ainda se incomodem com aquelas construções.
Agora e
aqui em Salvador é hora de bradar contra o Hilton Hotel, a ser construído à
margem da Praça Cayru.
Falando
sério... Ter um Hilton no bairro do Comércio me parece bem mais ameno do que
ter que conviver com os escombros que nos atormentam há anos.
Se existe
algo que fere a minha vista, são cenas de degradação da condição humana! São as ruínas entre a Cidade Baixa e a
Cidade Alta, sem falar da proliferação de barracos!
Moradias improvisadas coladas na falésia, no morro, sem que o poder público
impeça mais essas invasões! Também é ruim ter que aguentar ambientalistas
enxergando rios, onde - graças a todas aquelas construções ilegais - há tempos
só há esgotos!
Se o olho
humano se acostuma com o tempo às construções mais bizarras, o mesmo não se
verifica com o nosso nariz, com o olfato! E é justamente o odorzinho de nossas
ruas, o cheirinho de boa parte de Salvador que lembra Paris... Do século
XVIII.
Se
me perguntarem, eu adoraria ter um Hilton Hotel na Barra! Um Hilton, um
Sheraton, um Ritz... Qualquer hotel de luxo para turistas de bom nível socioeconômico
e cultural. A Barra merece um turista melhor do que essas mosquinhas do
cocô do cavalo do bandido em forma de visitantes, que a Bahiatursa
orgulhosamente vem nos apresentando há anos... Enquanto a Barra for
apenas palco de muvuca, enquanto houver circuito carnavalesco Barra - Ondina, enquanto a gente for obrigada
a conviver com shows para farofeiros no Farol da Barra, no Porto da Barra, com
Espicha-Verão, nenhum hoteleiro será maluco o suficiente para construir um
hotel cinco estrelas na Barra!
Quando
será que essa gente perceberá que turismo de muvuca não traz divisas? Divisas
vêm com turismo de eventos sérios como feiras e esportes náuticos etc.
Acho que a
trilha sonora do Bistrô PortoSol de hoje será composta por canções de Edith
Piaf, Charles Aznavour, Michel Sardou, Mireille Mathieu...
Reinhard
Lackinger é um taberneiro letrado