Pensando Paris

domingo, 9 de agosto de 2009

Na época, até intelectuais e artistas da França e do mundo protestaram contra a torre, construída entre 1887 e 1889, chamando-a de "assombrosa lamparina de rua" e de "sombria chaminé de fábrica", comportando-se provavelmente como aqueles que vêm bradando contra a nova calçada da Barra e a cobertura do esgoto do Chame Chame e do Imbuí.

Pensando Paris


Quanto tempo será que os parisienses levaram para se acostumarem à visão da Torre Eiffel... Do fim do século XIX em diante?

A história nos ensina que o olho humano com o tempo se acostuma a tudo! Até as maluquices como a abominável torre do Montparnasse e a pirâmide de vidro no pátio do Louvre já fazem parte do consciente coletivo parisiense e mundial... Embora uns ainda se incomodem com aquelas construções.

Agora e aqui em Salvador é hora de bradar contra o Hilton Hotel, a ser construído à margem da Praça Cayru.

Falando sério... Ter um Hilton no bairro do Comércio me parece bem mais ameno do que ter que conviver com os escombros que nos atormentam há anos.


Se existe algo que fere a minha vista, são cenas de degradação da condição humana! São as ruínas entre a Cidade Baixa e a Cidade Alta, sem falar da proliferação de barracos! Moradias improvisadas coladas na falésia, no morro, sem que o poder público impeça mais essas invasões! Também é ruim ter que aguentar ambientalistas enxergando rios, onde - graças a todas aquelas construções ilegais - há tempos só há esgotos!

Se o olho humano se acostuma com o tempo às construções mais bizarras, o mesmo não se verifica com o nosso nariz, com o olfato! E é justamente o odorzinho de nossas ruas, o cheirinho de boa parte de Salvador que lembra Paris... Do século XVIII.

Se  me perguntarem, eu adoraria ter um Hilton Hotel na Barra! Um Hilton, um Sheraton, um Ritz... Qualquer hotel de luxo para turistas de bom nível socioeconômico e cultural. A Barra merece um turista melhor do que essas mosquinhas do cocô do cavalo do bandido em forma de visitantes, que a Bahiatursa orgulhosamente vem nos apresentando há anos... Enquanto a Barra for apenas palco de muvuca, enquanto houver circuito carnavalesco Barra - Ondina, enquanto a gente for obrigada a conviver com shows para farofeiros no Farol da Barra, no Porto da Barra, com Espicha-Verão, nenhum hoteleiro será maluco o suficiente para construir um hotel cinco estrelas na Barra!

Quando será que essa gente perceberá que turismo de muvuca não traz divisas? Divisas vêm com turismo de eventos sérios como feiras e esportes náuticos etc.








Acho que a trilha sonora do Bistrô PortoSol de hoje será composta por canções de Edith Piaf, Charles Aznavour, Michel Sardou, Mireille Mathieu...

Reinhard Lackinger é um taberneiro letrado 


Autor: Reinhard Lackinger
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Existe 1 comentário para esta publicação
segunda-feira, 10/8/2009 por Ruando Rangel
Pensando Paris
A análise só peca por não ser mais abrangente, pois tudo está correctíssimo. De facto, é preciso acabar com a cintilação da mediocridade.
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