Simplório taverneiro que sou, que escolhe pessoalmente cada batata, cada tomate, cada cebola, ando diariamente em supermercado, ficando de bobeira naquela fila única de caixas rápidas.
Depois do tal e-mail resolvi aproveitar o tempo e observar a "atitude" das pessoas na fila e no caixa. Além de admirar os que fazem do "momento no caixa" um encontro social, puxando papo com a caixa, enquanto os outros esperam... Além de admirar as pessoas que desfilam em vez de se dirigir de modo célere ao caixa a fim de fazer a fila andar, além de tudo isso, venho observando a maneira com que as pessoas se desfazem daquelas cestinhas vermelhas que vinham meio chutando, meio empurrando com os pés, esperando a hora de despejar as compras diante da moça no caixa.
Em vez de colocar aquela cestinha num lugar que não atrapalhe quem vem depois, porém ao alcance para que o próximo cliente possa colocar nela a sua cestinha, muitos clientes de supermercado demonstram total falta de consideração para com o próximo, largando a cestinha de qualquer jeito, no meio do caminho, com as alças dobradas para dentro, impedindo assim um encaixe rápido, facilitado pela conexidade adequada do artefato.
Nesse exato momento surgem duas questões:
1) O porquê das pessoas jogarem as cestas de modo displicente, deixando a encrenca para quem vem depois. Assunto para outro e-mail!
2) O porquê ninguém na fila se manifestar, reclamando com quem deveria ter o cuidado de encaixar a cestinha com as alças para fora, permitindo que o próximo cliente repita a ação sem ter que catar a cesta anterior, arrumando o que já deveria estar arrumado.
Nosso povo maravilhoso não reclama com gente folgada porque reclamar é feio! Reclamar é coisa de pobre!
Eu penso diferente! Quem não reclama, é porque lhe falta aquela ATiTUDE! Quem não reclama não é patriota, não gosta do Brasil como deveria gostar! Quem gosta do Brasil e vê cenas como essa "bobagenzinha" que acabo de descrever, certamente questionará o quanto "bobagenzinhas" como essas prejudicam a economia do país, participam do tal "Custo Brasil"!
Se as pessoas reclamassem com quem quer levar vantagem a todo custo e nas mínimas coisinhas, se as pessoas apontassem de modo sereno o que outra gente qualquer está fazendo de errado, prejudicando a coletividade, com o tempo essa gente folgada pensará duas vezes antes de cometer um deslize.
Reclamar não é fácil! Mesmo que a gente sinta no fundo do coração a agressão por parte de gente mal educada, o nosso tom de voz deve ser brando, deve ter a doçura de uma professorinha de pré-maternal, pois nesta nossa terra apaixonantemente pirada existe um fenômeno único no mundo: o de perder a razão!
Se a gente reclama com alguém que nos causa algum prejuízo, atrasando alguma ação nossa ou colocar nossa vida em perigo por desobedecer alguma lei de trânsito, dirigindo de modo ofensivo, não é raro que o infrator negligente e criminosamente displicente abra a boca dizendo:"Precisa essa agressão toda? Precisa disso??" Pronto! De agressor, o filho da mãe passou a ser vítima... E a vítima perdeu a razão, tornando-se num passe de mágica no pior de todos os vilões! Coisas da Bahia!
Está na hora de mudar isto!
Simplório taverneiro que sou, vivo diariamente um bocado de situações em que gente folgada tenta "invadir a minha praia", querendo transformar o meu espaço austríaco num boteco qualquer. Gente que vem de roupa de banho, quer apenas encher a cara, quer apenas usar o nosso banheirinho limpinho com o pé cheio de areia da praia do Porto da Barra, quer por o pé ou a perna na cadeira ao lado... Sem falar do poder público que não faz a parte dele. Não é fácil manter a ordem quando o bairro inteiro parece conspirar contra o nosso restaurantinho temático e a favor da baderna. Não importa o que acontece nos bares na vizinhança! Eu cuido dos poucos metros quadrados que me cabem na Rua Cezar Zama no Porto da Barra. A minha clientela sabe que vindo ao Bistrô PortoSol vai encontrar um espaço austríaco nem parecido com o que havia na Europa ainda no pós-guerra. Naquele tempo vivemos um período precioso de ordem e de progresso!
Talvez seja isso que me autoriza a dizer todas essas besteiradas com que acabo de tomar o seu precioso tempo agora.
Abraços gastro-etílicos