Em 1987 o irreverente Henfil levou aos cinemas o filme
“Deu no New York Times”, onde conta a história do ditador de uma república
fictícia no Caribe que enxergava o mundo através das noticias do jornal
novaiorquino. Vinte anos depois, em 2007, o correspondente norte-americano do
mesmo jornal, Larry Rohter que deixou o Brasil após ter sido ameaçado de
expulsão por razões que foram muito além do que uma simples indignação do
presidente Lula diante da reportagem Rother sobre seus hábitos etílicos, também
intitulou o seu livro “Deu no New York Times” O que “Deu no New York Times” agora,
foi uma história vibrante envolvendo a arte de Carybé, o acaso e o enorme
interesse do Grupo Odebrecht pela cultura, seja na Bahia, em Nova Iorque ou em qualquer
parte do planeta onde a multinacional baiana opera.
Quando sequer
se imaginava a derrocada da economia americana, uma das suas gigantes da
aviação despencou em queda livre. A poderosa PanAm simplesmente quebrou.As leis
de mercado são inexoráveis e a concorrente American Airlines saiu fortalecida
do “desastre”.
Há 50 anos, o artista plástico “argenbaiano” Hector Julio Paride Bernabó, o Carybé, ganhou o primeiro e o segundo
lugares para construir no terminal da American no Aeroporto John Fitzgerald
Kennedy em Nova Iorque, dois murais. “Alegria e festa das Américas” e “A
descoberta do Oeste" foram pintados e instalados” pelo genial baiano com uma técnica
que facilitaria uma eventual remoção.
Com a
reforma do mesmo terminal em 2007, um acaso salvou as obras de irem parar no
entulho. Baiana radicada nos Estados unidos, Beatrice Esteve, voltava para o Brasil e em conversa com o carregador
de malas Darren Hoggard ficou sabendo que aquelas obras seriam destruídas por
causa da reforma. Darren arriou as malas de Beatrice no chão e os dois dirigiram-se
aos balcões da American Airlines selando o compromisso que batalhariam pela
salvação dos painéis. Percebendo que naqueles balcões não seria encontrada a
solução que eles buscavam, Beatriz procurou seu amigo Gilberto Sá, membro do Conselho de Administração da Odebrecht S.A e
daí para a salvação da obra, foi um pulo. Quer dizer, foram vários saltos.
Sá
resolveu falar com Gilberto Neves,
Diretor-Superintendente da Odebrecht nos Estados Unidos, responsável pela
realização de obras de expansão do Aeroporto Internacional de Miami desde o
começo da década de 1990.
O assunto foi levado por Gilberto Neves a Peter
Dolara, Vice-Presidente da American Airlines para a América Latina e o
Caribe. Foi nessa conversa que a idéia de transferir os painéis para Miami
tornou-se, mais do que um objetivo, uma obsessão para as duas empresas. “A
partir daquele momento, tínhamos um projeto empresarial nas mãos”, diz Gilberto
Neves, “um projeto que tornaria possível uma importante contribuição para a
municipalidade de Miami por meio do resgate de duas obras fundamentais na
trajetória de Carybé.”
Foram
contratados os restauradores Timothy Burica e Steve Tatti, de Nova York. Sob
coordenação deles, os painéis foram removidos. O trabalho de restauração foi
iniciado em Nova York. Sua instalação no Terminal Sul do Aeroporto
Internacional de Miami foi um presente da Odebrecht e da American Airlines ao
Condado de Miami-Dade.
Para que a transferência dos painéis se consumasse, a American Airlines os doou ao Condado de Miami-Dade. A Odebrecht foi responsável por remover, restaurar, transportar e instalar as peças no Aeroporto Internacional de Miami. Elas ficarão em exposição permanente no Terminal Sul. A Odebrecht investiu mais de U$ 1 milhão na operação,tudo com o intuito de preservar a cultura.
Os painéis
foram inaugurados no último mês de junho com a presença da viúva do artista, Nancy
Bernabó que visitou o marido algumas vezes durante a execução da obra, e do
presidente da Fundação Odebrecht, Norberto Odebrecht. Também presente como convidado especial, o carregador
de malas Darren Hoggard.Deu no New York time na
sua edição de 26 de junho!